Todos os partidos com lugar no Parlamento reagiram no dia da demissão de António Costa. Luís Montenegro foi o último a falar.
Com Rui Rocha a abrir e com Luís Montenegro a fechar, já que o PSD passou horas em silêncio e só reagiu à noite, todos os partidos com lugar no Parlamento reagiram no dia da demissão de António Costa.
O PS defende o ainda primeiro-ministro, PSD, Chega, IL e BE querem já eleições antecipadas – tal como o CDS, que também abordou o assunto – PCP prefere soluções em vez de eleições, enquanto PAN e Livre esperam por novidades.
Carlos César (PS):
“Começamos por restar homenagem ao grande sentido de responsabilidade de António Costa e ao seu gesto exemplar. Deixa um enorme legado. Portugal está melhor, superou várias dificuldades, ganhou não só confiança junto dos mercados como prestígio junto das instituições europeias. Continuamos a contar com Costa para servir o país e para ajudar o PS”.
Luís Montenegro (PSD):
“O Governo caiu por dentro. A legitimidade do PS ruiu dentro de si próprio. Esta degradação impõe que não se perca mais tempo e se devolva a palavra ao povo. Esta recuperação só é viável com eleições antecipadas e estamos preparadas para elas. A justiça está a funcionar, mas a questão que estou a focar é uma questão política: há um primeiro-ministro que se demitiu e um Governo que caiu, que tinham condições para governar e fracassaram por pura incompetência. É a terceira vez em 22 anos que as mesmas pessoas, as mesmas políticas e o mesmo padrão de governo trazem um pântano à democracia portuguesa”.
André Ventura (Chega):
“Esta era a única saída para António Costa. Os portugueses devem ser chamados novamente às urnas, embora reconheça que este não é o melhor momento. A Assembleia da República deve ser dissolvida e devem-se convocar eleições antecipadas o mais breve possível. É a única solução possível neste contexto – qualquer outra será um prolongamento agonizante do governo do PS. Estamos prontos para governar. Da nossa parte tudo faremos para ter governo em funções o mais rapidamente possível”.
Rui Rocha (IL):
“Creio que não há outra solução neste momento que não seja a dissolução e eleições para que os portugueses possam pronunciar-se sobre a nova constituição da Assembleia da República e um novo Governo. Não havia nenhuma condição para António Costa continuar em funções. Hoje não é apenas o fim político de António Costa como primeiro-ministro, é também o fim de uma solução para o país que não funcionava”.
Paulo Raimundo (PCP):
“Tal e qual como há um ano e meio atrás, do que nós precisamos é de soluções e não de eleições. O Governo está profundamente fragilizado, não é possível continuar no atual quadro político. Estes últimos desenvolvimentos são consequência da fragilização do Governo que é indissociável das suas opções políticas que deixam sem resposta e solução os principais problemas dos trabalhadores e do povo”.
Mariana Mortágua (BE):
“O Bloco de Esquerda comunicará ao Presidente da República a sua preferência pela convocação de eleições antecipadas. Essa será a saída para a crise política que o país atravessa. É importante que a justiça seja célere e que esclareça rapidamente as suspeitas levantadas”.
Rui Tavares (Livre):
“O Livre está surpreendido. Mas não há nenhuma situação que o povo não possa gerir. É sério que esta demissão tenha acontecido pelos motivos que sucedeu e acerca dos quais esperamos saber mais num futuro próximo. Os partidos políticos devem contribuir para ajudar a resolver a situação. O Livre está preparado para todos os desafios, queremos um grupo parlamentar. Mas, antes do Livre, está o país. O Livre não é um partido incendiário numa situação que já é inflamável no nosso país e respeita os órgãos de soberania e este é o tempo do Presidente da República”.
Inês de Sousa Real (PAN):
“O PAN vai aguardar a chamada do senhor Presidente da República para ouvir o que Marcelo Rebelo de Sousa tem a dizer aos partidos e vamos também aguardar pelo Conselho de Estado. Mas todas as forças políticas e todas as instituições têm o dever de pôr o superior interesse do país e das pessoas à frente dos interesses e das querelas políticas. O PAN quer primeiro perceber o que está em mente para o Presidente da República, mas é com preocupação que vemos, em plena discussão do Orçamento do Estado, estarmos a ir novamente para um cenário de eleições. Os portugueses precisam de respostas agora”.
Nuno Melo (CDS):
“No final de dezembro do ano passado, o CDS já tinha pedido a dissolução do Parlamento, por acharmos que em cima de várias outras crises políticas e demissões, que o Governo não tinha capacidade de se regenerar. O Senhor Presidente da República entendeu não dissolver o Parlamento, mas disse que se António Costa saísse havia dissolução do Parlamento. Agora o Doutor António Costa caiu e em coerência com as palavras do Presidente da República não me parece que a decisão seja outra. O PS deve ser castigado porque governa mal”.
ZAP // Lusa