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Rangel: Maioria absoluta é possível, crise política improvável e acordos com o Chega para descartar

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Mário Cruz / Lusa

Paulo Rangel, eurodeputado e conselheiro do Partido Social Democrata (PSD)

Candidato à liderança do PSD diz não ter “estados de alma” sobre os próximos passos de Rio. É da opinião que os portugueses não compreenderiam uma crise política no contexto atual, mas também considera que não é obrigação do PSD aprovar o Orçamento do Estado para 2022.

Paulo Rangel, único candidato à liderança do PSD até ao momento, considera que, caso seja eleito, o partido tem condições para alcançar uma maioria absoluta que até pode não chegar “num primeiro momento“, mas cujas condições podem ser reunidas depois — com a admissão que este também não é um cenário viável atualmente. “Neste momento o PSD não consegue [maioria]. Mas já conseguiu muitas vezes no passado. Não é nenhuma impossibilidade. É um discurso que tem de ir do centro-esquerda até à direita moderada”.

O eurodeputado não se esquivou a apontar até números específicos. “Temos todas as condições para uma maioria de 42% ou 43%. Se isso não acontecer também há condições para se ir buscar”.

Na aritmética de Rangel entram naturalmente coligações, as quais deverão ser feitas, em exclusivo, com o CDS e Iniciativa Liberal. “O PSD é um partido de vocação maioritária. [É possível] se fizermos a agregação interna, uma oposição dura, veemente e responsável, e apresentar uma alternativa que dê esperança aos portugueses. Trabalhar para a a maioria absoluta, ser maioritário e fazer acordos ou coligações, com o CDS ou a Iniciativa Liberal, se for o caso”, clarificou.

De fora ficará o Chega, ideia já reiterada por Rangel anteriormente, por entender que o “Governo do PSD nunca será feito com um partido radical, seja de direita seja de esquerda”.

Sobre a vida interna do PSD e o seu papel nos últimos anos, Rangel o candidato lembrou que concorreu a europeias durante os mandatos de Manuela Ferreira Leite, de Pedro Passos Coelho e de Rui Rio e que todos o escolheram por ser “leal, colaborador, que trabalha com todos os presidentes, mas livre“. Acrescentou ainda que durante estes períodos não deixou de “fazer as críticas em privado e nos órgãos nacionais” quando discordava deles. Recordou ainda que durante o período em que Passos Coelho esteve ao leme dos sociais-democratas era comum falarem “praticamente todos os meses” sobre política europeia — deixando no ar a ideia de que uma relação tão próxima com Rio não existe.

Sobre se na corrida interna terá o apoio de Passos Coelho, Rangel diz que “não pode falar” pelo antigo primeiro-ministro, para além de “desconhecer” as suas intenções.

A propósito do atual líder do PSD, o eurodeputado recordou que em 2017 não o apoiou nas eleições internas, uma postura que reviu em 2019 por entender que Rio iria procurar a “congregação do partido” e que ia apostar nas autárquicas — algo que na visão de Rangel não foi conseguido, o que ditou o seu afastamento. Entre ambos há uma diferenciação, sugere, que sempre existiu. “Tínhamos diferenças na questão da justiça e na questão da liberdade de imprensa e do papel da comunicação social, tivemos sempre posições bastante distintas”, apontou.

Rangel avançou ainda que há “uma questão de tom de voz” entre os dois, já que “quando um líder resolve acabar com debates quinzenais, não estamos a falar sobre tom de voz, mas de conceção de democracia e papel do Parlamento”. “Eu até aceitaria já, num compromisso, que os debates com o primeiro-ministro, com o formato que tinham, passassem para mensais“, avançou.

Para Rangel, a atitude de Rio em relação aos debates nunca devia ter existido, principalmente com um “Governo como o de António Costa, que tem instintos controleiros em toda a sociedade, procura dominar toda a sociedade de uma forma preocupante, seja nas áreas da comunicação social, nas áreas de justiça, seja no domínio da agenda”. O eurodeputado recordou ainda que durante os seus tempos como líder da bancada do PSD, que coincidiram com os Governos de José Socrates conseguiu tirar a maioria ao então primeiro-ministro.

Já sobre qual seria a sua postura junto do grupo do grupo parlamentar do PSD caso seja eleito líder do partido — não sendo deputado —, Rangel garante que será “um presidente do partido muito presente no Parlamento, vou usar o meu gabinete, vou lá estar todas as semanas, vou reunir com todos os deputados, vou definir a estratégia com eles“.

Sobre as suas prioridades para o partido de uma forma geral, Rangel aponta os verbos “unir” e “congregar” personalidades e corrente, defendendo que não precisa da “tutela de ninguém” para o conseguir. “O meu objetivo é convidar os meus adversários, agregá-los e mostrar um PSD unido”, mesmo que exista “debate, discussão e alguma conflitualidade”.

No que concerne às eleições internas, o eurodeputado considera que o calendário em que estas decorrerão é viável, mesmo que eventuais eleições antecipadas sejam convocadas devido ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022. “Se olhar para os casos em que houve dissoluções recentes, em todos o PR ouviu os partidos, o Conselho de Estado, depois de anunciou que ia dissolver, depois deu um tempo para os partidos se organizarem. Não há nenhum risco de não permitir que o PSD tenha um candidato forte“.

Se esse candidato será ele próprio, Rui Rio ou outro, Rangel prefere não entrar em especulações. Em relação a Rio, que tem mantido o suspense sobre o seu possível avanço, Rangel diz não ter “nenhum estado de alma“, mas reiterou o seu “respeito pessoal e político” pelo atual líder — acrescentando ainda que respeitará com “enorme recato” qualquer decisão que ele tome. “Se for candidato, disputarei as eleições com ele; se não for, não deixarei de respeitar essa decisão.”

No que concerne às negociações para a aprovação do próximo Orçamento do Estado para 2022, Rangel assegurou que “o país não perceberia que existisse uma crise política” e que “não é desejável” — para além de este ser um cenário “muito pouco provável” e “altamente especulativo“. À semelhança de Rui Rio, Rangel acredita que não cabe ao PSD viabilizar o documento, por este ser “um mau orçamento” que “tem como principal bandeira a utilização dos fundos europeus e praticamente esgota-se nisso“. Outra das críticas que tem a apontar é, por exemplo, o facto de o “alívio fiscal é muito reduzido”.

ARM //

8 Comments

  1. O Rangel depois de ter sido apanhado arrastar os pés pelas ruas de Bruxelas. Achou, antes de alguém querer ir mais além sobre si, assumir a homossexualidade. Fragilidades que aos olhos dos abutres que pairam no PSD, viram a oportunidade para lançar a lebre, e induzir o balofo do Rangel, a chafurdar na luta com Rio.

  2. A Política e os Políticos em Portugal mudam de camisa e mudam de filosofia política consoante o interesse no assalto ao Poder Político. A história da democracia e a evolução da política portuguesa mostram que é possível mudar e reinventar o regime político. O Durão Barroso mudou de partido político; O Freitas do Amaral mudou de partido político; O Vital Moreira mudou de partido; A Zita Seabra mudou de partido; o General Ramalho Eanes mudou de ideologia política; O Basílio Horta mudou de partido;… O Partido CHEGA é constituído por ex-Dirigentes do PSD/PPD, militantes do CDS, do PPM, do PS, e até do BE. É possível mudar o Programa Político e a Filosofia Política. Portugal tem 20% dos eleitores no limiar da pobreza e em risco de pobreza extrema.

  3. Uma população ativa e desempregada sendo apoiada com transferências sociais, RMG/RSI, subsídios e apoios sociais do Estado representam um Desperdício enorme para a Economia real (Produção). Em Portugal, há pessoas, que recebendo Subsídios sociais, ganham mais não ir trabalhar do que se trabalhassem produzindo bens e serviços. Uma Vergonha.

  4. Paulo Rangel já foi consultor de Paulo Portas, entre outros. Devido às Elites partidárias e às maçonarias políticas, as organizações partidárias vão ficando esvaziadas em termos de quantidade e de qualidade. Os membros mais fortes deslocam-se para os partidos do “arco da governação de ciclos políticos”.

  5. Rangel que fique lá na europa.
    Rangel a morte do PSd
    Para quê figuras que só contribuem para agonizar o PSD.

    Apostem EM RIO e MALHEIRO.

  6. Rangel um soldadinho de papel ,insignificante incapaz de conduzir um psd.Um passista mal arrumado que deverá ficar até ver em Bruxelas. O que quer o psd deste candidato? É uma linha se derrota que querem acrescentar?
    Se Rio limar algumas arestas e se deixar de iludir em austeridades , capitalismo como o Passos fez. Garanto-vos que Rio seguirá em frente. E Malheiro é aquele que é capaz de levantar o Psd para ganhar.

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