ZAP // António Pedro Santos, Manuel Fernando Araújo / Lusa

Num debate pontuado por barulho e interrupção, foram poucas as medidas discutidas para o país. André Ventura, líder do Chega, e Paulo Raimundo, do Partido Comunista, estão nos polos opostos da política, mas partilham eleitorado — os descontentes.
O secretário-geral do PCP e o presidente do Chega consideraram hoje que “há um mundo de diferença” entre ambos, num debate em que divergiram sobretudo em relação aos apoios às empresas e o papel do Estado.
Num debate na CNN Portugal, André Ventura fez interrupções e acusações sucessivas ao PCP, que qualificou como “um partido antidemocrático”, “o maior proprietário imobiliário do país”, amigo da Rússia, o que Paulo Raimundo resumiu como “a cartilha” esperada, queixando-se de não conseguir falar.
“Não venha a falar de democracia comigo”, retorquiu o secretário-geral do PCP, que, em contrapartida, associou o Chega aos interesses de grandes grupos económicos – “alguns deles que sustentam o seu partido”, disse para Ventura – e criticou a sua proposta de descida do IRC para 15%.
“Como é que vai explicar aos professores, aos médicos, às forças de segurança, aos bombeiros, que lhes vai cortar dois mil milhões de euros por ano de possibilidade de receita para investir?”, questionou Raimundo.
Se vencedor houvesse neste frente a frente, André Ventura até podia ter levado o troféu, mas a constante interrupção e falta de discussão de medidas concretas para o país atirou este debate para um tipo de jogo de futebol aborrecido em que o resultado se mantém no 0-0, mesmo depois do prolongamento da discussão par além do apito final. E pior: ninguém se lembrou dos penáltis.
Averiguação a Pedro Nuno foi tema
Sobre a investigação preventiva que está a ser conduzida a Pedro Nuno Santos pelo Ministério Público, André Ventura disse que o líder do PS “não pode dar menos explicações do que as que exigiu a Luís Montenegro”. Afirmou que é “estranho” políticos comprarem casa “como se o dinheiro jorrasse das fontes”.
O líder do Chega disse ainda que este será “mais um caso que vai marcar a campanha eleitoral negativamente“.
Por outro lado, Paulo Raimundo tentou afastar o assunto. “Não nego a importância deste caso, como outros casos, mas também não quero que o debate político se centre nestas questões”.
Euro, Trump e Putin
Afastados em tudo, a tentativa de aproximação de Raimundo a Putin foi um tema para André Ventura, que acusou “os amigos de Paulo Raimundo” de invadirem a Ucrânia. Aí, os ânimos levantaram-se: “Tem coragem de dizer uma coisa dessa?”, disparou o comunista.
Assistimos novamente a uma aproximação de Ventura às ideias de Donald Trump, ainda que não o admita expressamente. “Os EUA estão a defender o seu mercado e os seus produtos”, e acredita que a Europa devia fazer o mesmo.
O líder do Chega aproveitou ainda a ocasião para atirar que o PCP defende a saída do Euro. “Não diga isso, a questão não está colocada”, respondeu Raimundo, que questionou o repentino “endeusamento” de Ventura em relação à Europa.
Geringonça e austeridade
Neste frente a frente moderado pelo jornalista João Póvoa Marinheiro, em período de pré-campanha para as legislativas de 18 de Maio, tanto o representante da coligação CDU (PCP/PEV) como o presidente do Chega se identificaram como originários da periferia de Lisboa, mas concordaram que nada os une.
As divergências quanto ao IRC levaram André Ventura a afirmar: “Isto é um mundo entre nós de diferença”. Paulo Raimundo subscreveu: “Pois é, há um mundo muito grande entre nós de diferença”.
Recuando ao período da chamada “geringonça“, o presidente do Chega lembrou o apoio do PCP à governação do PS chefiada por António Costa e responsabilizou os comunistas pela falta de médicos de família, carga fiscal e alunos sem professor.
“Eu sei que o André Ventura ainda tem atravessada na garganta a situação de 2015 e nunca mais vai perdoar o PCP por ter afastado o Governo de Passos e de Portas, esse Governo que o André Ventura então aplaudia, aplaudia então todo contente com a troika“, reagiu Paulo Raimundo, recordando o passado de Ventura no PSD.
Um debate com pouco conteúdo e muito alarido, com arremessos mútuos de situações passadas e problemas ideológicos. Até Ventura percebeu que a colher deste debate era (muito) rasa: acusou o adversário de “estar sempre na nheca nheca, isso não serve para nada”.
Números? Muito poucos. E medidas? Tal como um jogo de futebol, este confronto serviu mais para entretenimento — e para exaltar ânimos.
Carolina Bastos Pereira, ZAP // Lusa
Não estou descontente, não tenho cabeça das caldas como o anselmo e voto CHEGA… e esta hem!
Trabalhador e feliz da vida…. verdadeiro caso de estudo!!!!
Quem vota no chega; é protesto, está zangado, ou caiu da cama, veio da abstenção, só tem a 4.ª “classe”…..
Já não há paciência, eleitores informados, fartos de corruptos, que pensam no futuro de Portugal e dos seus filhos.
Levam o chegano para o debate o que esperam desse energumio, é com o do pcp e com os outros todos só sabe gritar e interromper constantemente os outros se fosse comigo assim que me interrompe-se nunca mais o deixava falar. Está visto ficavamos bem entregues com um..desses.
Gostas mais dos fofinhos, de sorriso matreiro, promovem os criminosos para teus vizinhos, e se forem corruptos ainda melhor. Grande Tuga.
Já os outros debates são “Whau-Whau” silenciosos e muito país, ao ponto de darem sono. Mas o que interessa é manter o povo estupidificado por ideologias que graça há 50 anos nas redações chefiadas por amigos do poder.