Ascensão da extrema-direita, imigração, habitação e guerra na Ucrânia em cima da mesa com PS, AD, CDU e Chega presentes. A candidata do ADN, Joana Amaral Dias, esteve (quase) lá, apesar de não ter sido convidada.
O quinto e penúltimo debate desta terça-feira para as próximas eleições europeias, que sentou na mesma mesa Marta Temido, do PS, Sebastião Bugalho, da AD, João Oliveira, da CDU, e António Tânger Corrêa, do Chega, ficou marcado pela superioridade de Bugalho e Temido, mas acima de tudo pela picardia entre os dois.
Atacaram-se mutuamente, muitas vezes sem respeitar o moderador. Se um é “impreparado” aos olhos do outro, também Temido é “inverdadeira” aos olhos de Bugalho. Imigração, habitação, extrema-direita e Von der Leyen seriam os temas que estalariam o verniz entre os candidatos da AD e PS.
O frente-a-frente prometia e até Joana Amaral Dias, que não convidada para o debate a quatro, tentou entrar nas instalações da RTP — inicialmente com sucesso — com o presidente do ADN, partido que vai representar nas europeias.
No entanto, a candidata, que “estava pronta para debater”, como disse em direto nas redes sociais, acabou “barrada”, numa tentativa desesperada, depois de ver a providência cautelar imposta pelo ADN para fazer parte dos debates rejeitada por um juiz.
Crescimento da extrema-direita
Depois de todos os candidatos desvalorizarem as mais recentes sondagens, que apontam para um empate técnico entre AD e PS com ligeira vantagem para os sociais-democratas, o crescimento da extrema-direita na Europa veio à baila.
“Não podemos esquecer que há determinadas forças políticas que tendem a ter maior força no Parlamento Europeu e que defendem um conjunto de ideias que podem pôr em causa alguns princípios que são princípios europeus”, atirou Marta Temido quando questionada sobre o assunto. E admitiu: “não sabe de que lado vai ficar” a presidente da Comissão Europeia Ursula Von der Leyen em relação ao combate dessas forças, uma vez que “admite parcerias” com forças políticas de extrema-direita (referindo-se à convenção do Vox deste fim de semana em Espanha).
E foi aqui que realmente “estalou o verniz”. Bugalho, que vincou que “expulsar um país da União Europeia só em caso limite”, entrou em desacordo com a candidata socialista.
“Não podemos dizer que a senhora Von der Leyen está mais próxima daqueles que estão ao lado de Putin do que aqueles que estão ao lado da democracia nem amalgamar o grupo da identidade e democracia com o grupo dos conservadores e reformistas”, disse.
E Tânger Corrêa entrou em jogo para demarcar o Chega da extrema-direita.
“É profundamente errado” caracterizar “sistemicamente” o Chega como um “partido de extrema-direita”, disse.
“O Chega é um partido com cinco anos que não se revê em ideologias caducas. É um partido conservador e é um partido que não é de todo a favor de Putin”, sublinhou, deixando ainda em aberto a hipótese de o partido de André Ventura mudar de família política, apesar de admitir estar próximo do AfD, partido de extrema-direita alemão.
“Vai seguramente haver negociações entre as várias plataformas políticas”, disse, seguido de João Oliveira, que lembrou que a subida deste lado “perigoso” do espetro “não é recente” e apontou uma “sã convivência da União Europeia com a extrema-direita”.
Entretanto, Temido lembrou que estas são “provavelmente as mais importantes eleições europeias dos últimos anos”, numa altura em que “a Europa está sob ataque e não é só a guerra que está às portas, é um ataque aos seus valores essenciais, é um ataque a uma visão solidária da Europa que se está a esboroar”.
Mas Bugalho “não pôde aceitar” as suas “lições de conivência”. E veio com números.
“A AD não pode aceitar lições de conivência e complacência com a extrema-direita da parte do Partido Socialista”, disse, atirando de seguida que os socialistas votaram de mãos dadas com a extrema-direita em 823 ocasiões na Europa. “Isso é um artifício”, respondeu Temido.
Imigração
No tema imigração, houve espaço para nova — e acesa — discussão.
Se Corrêa reforçava que o Chega é “contra o pacto migratório” mas “nunca fez um discurso contra a imigração, e que apenas “não quer um país de portas abertas”, João Oliveira voltou a criticar os discursos “chauvinistas” e a defender “solidariedade, acolhimento e integração dos imigrantes, com condições”. Já a intervenção de Bugalho abriu espaço a acusações mútuas de mentiras entre o candidato da AD e Marta Temido.
Temido acusou a AD de defender apenas os imigrantes mais qualificados. Bugalho negou — mais ou menos — dizendo que essa é uma posição do do Partido Popular Europeu (PPE), onde está a AD.
“Recusa a sua família europeia? Não está confortável no partido onde está?”, questionou Temido, sem merecer resposta de Bugalho.
Habitação
Bugalho foi direto ao assunto e questionou a adversária se o PS, tal como a AD, reconhece a habitação como um direito fundamental da UE. A resposta foi positiva, mas essa medida “nada resolve”, na opinião de Temido, uma vez que a alteração “pressuporia uma revisão dos tratados”.
Isso “não é verdade”, disse Bugalho, mas “ficamos muito contentes por contar com o seu apoio”, ironizou.
Defesa e guerra na Ucrânia
Todos os intervenientes saíram em defesa da paz. E tanto Bugalho como Temido posicionaram-se contra as afirmações do almirante Gouveia e Melo, que disse recentemente que “vamos morrer onde tivermos de morrer” pela NATO.
“Afirmações sobre o futuro dos jovens portugueses devem ser feitas por elementos eleitos pelos portugueses e não pelo Chefe do Estado Maior da Armada“, disse Bugalho; “entendemos que a eventual ideia de envio de tropas para o terreno é admitir a escalada daquilo que se passa num contexto regional para uma guerra mundial, portanto há que utilizar uma grande prudência quando se fazem essas análises“, atirou Temido.
“Todos queremos o caminho para a paz, mas neste momento a posição do PCP é indefensável”, rematou ainda Temido sobre a posição do PCP.
“Há um ambiente de preparação para a guerra e é agora que o povo tem de se levantar para interromper esse caminho, porque esse caminho não serve a ninguém. A melhor ajuda que se pode dar à Ucrânia é trabalhar para a paz e não se trabalha para a paz enviando armas.” – “quer a Ucrânia quer o Médio Oriente precisam de um cessar-fogo imediato”, defendeu Oliveira, que considerou “preocupantes” as afirmações do almirante.
“O desinvestimento da Defesa deixa-nos vulneráveis e desarmados perante qualquer tipo de ameaça”, disse o candidato do Chega, que apela a um maior investimento na Defesa.
As eleições para o Parlamento Europeu têm lugar a 9 de junho. Portugal elege 21 eurodeputados para a legislatura 2024-2029.
Que interessa debaterem temas nacionais se vão para a europa apenas receber um ordenado chorudo e não fazer ansolutamente nada. Ou acham que estes badamecos têm algum poder de decisao ou influencia em Bruxelas?
Estes a falarem parece que a União Europeia depende alguma coisa daquilo que eles dizem ou fazem.
O papel de Portugal na união europeia é apenas andar de mão estendida a pedir dinheiro e fazer o que os outros mandam.
Mas entendo as figuras que eles fazem para terem um tacho na Europa onde ganham um balúrdio e fazem muito pouco… se fosse eu provavelmente faria o mesmo.
Cuidado, “Casimiro,” diz a canção de Sérgio Godinho.
Alhos e bugalhos, pela sua distinta natureza e implícita ausência de semelhanças, não são comparaveis.
A joana amaral dias nao pode fazer exigencias a rtp eles estao la so pra cumprir as exigencias de assassinos que se querem entregar as autoridades em directo.
Marta Temido deveria cingir-se àquilo que tem jeito para fazer: qualquer coisa que NÃO envolva política, pois só sabe mostrar os dentes, e fazer cara feia ao Bugalho, por exemplo, que sabe mais do que ela.
As pessoas de agora não sabem em quem votam, é uma tristeza. Devem preferir escórias, em vez de glórias…!