O estratega por trás dos ataques de 7 de outubro foi assassinado em 2024. Mas, pouco a pouco, o grupo palestiniano está a reerguer-se, com ajuda de uma figura que tem gerido tudo a partir dos bastidores.
Quando Yahya Sinwar, líder do grupo terrorista Hamas, foi morto em outubro de 2024, o grupo sofreu um grande abalo: perdera o líder que, após décadas de uma luta esquecida, repusera nos noticiários a Palestina, através dos ataques de 7 de outubro em 2023.
Como conta o The Wall Street Journal, o grupo armado tem estado bastante enfraquecido devido a meses de uma forte campanha israelita que abalou a Palestina. No entanto, nas últimas duas semanas, o Hamas tem feito estragos e disparou inclusivamente cerca de 20 rockets contra Israel.
O grupo terá conseguido restituir uma parte significativa do que Israel destruiu, como conta o especialista do Conselho Europeu de Relações Externas, Hugh Lovatt, ao El País.
“Os membros do Hamas afirmaram em várias entrevistas que o grupo conserva uma parte considerável da sua infraestrutura de túneis e que conseguiu reconstruir as partes destruídas por Israel”, afirma.
Para além disso, garante o especialista, “o Hamas está a ativar a sua força de reserva, membros com treino militar básico. Estão também a recrutar novos membros, explorando a raiva generalizada dos habitantes de Gaza e o desejo de vingança contra Israel”.
Após a morte do seu líder, a par da de outras figuras importantes para o Hamas, como Mohammed Deif, o grupo decidiu não eleger mais nenhum líder. Em vez de um indivíduo com a cabeça a prémio, o Hamas decidiu formar um conselho de liderança coletiva.
No entanto, na prática, não será bem assim. Nos bastidores, há uma “Sombra”, como é conhecido o irmão mais novo de Sinwar, Mohammed.
Mohammed Sinwar tem cerca de 50 anos, é menos conhecido pelos serviços de segurança de Israel e, ao contrário do irmão, não passou um tempo significativo na prisão israelita.
Nasceu no campo de refugiados de Khan Younis em 1975, depois de a sua família ter sido deslocada na sequência da guerra israelo-árabe de 1948, segundo contava a Fox News já em outubro, quando previa que fosse Mohammed a substituir a liderança do irmão do Hamas.
“Sombra” terá sido, de acordo com as autoridades israelitas, um dos responsáveis pelo rapto de um soldado israelita em 2006, que lhe valeu a libertação do seu irmão numa troca de prisioneiros em 2011.
Ao longo do tempo, terá construído laços estreitos com altos responsáveis da organização terrorista, e “não se irá encontrar um acontecimento importante no desenvolvimento militar do Hamas nos últimos 25 anos em que Mohammed Sinwar não tenha estado envolvido”, disse uma fonte militar ao Jerusalem Post.
Apesar de ter construído uma reputação fora dos holofotes, será ainda mais perigoso do que o irmão, sendo considerado por Israel um “arqui-terrorista”. “Ninguém no Hamas compreende melhor do que ele os padrões operacionais secretos de Israel. Ele próprio conduziu todos os interrogatórios, aprendendo tudo do princípio ao fim”, disse um funcionário das forças armadas israelitas ao Jerusalem Post.
Agora, o líder informal do Hamas, que tem estado por trás da reestruturação do grupo, afirma que “o Hamas está numa posição muito forte para ditar os seus termos“, segundo escreveu o próprio Mohammed no final de 2024 numa mensagem aos mediadores a que o WSJ teve acesso.
“Se não for um acordo global que ponha fim ao sofrimento de todos os habitantes de Gaza e justifique o seu sangue e sacrifícios, o Hamas continuará a sua luta“, garantiu ainda.
“O Hamas sofreu um grande, grande golpe, mas continua a existir”, diz Yoel Guzansky, especialista do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, com sede em Telavive. “Eles vão recrutar e rearmar-se.”
Guerra no Médio Oriente
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