Pelo menos 18 pessoas, incluindo quatro crianças, morreram esta quinta-feira na queda de um avião militar sudanês que transportava ajuda humanitária no Darfur, leste do país, anunciou o exército num comunicado.
O avião, um Antonov, despenhou-se cerca de 5 minutos depois de ter levantado voo no aeroporto de Al Geneina, capital do estado de Darfur Ocidental, região que tem sido afetada por conflitos tribais que já causaram a morte a cerca de 50 pessoas.
“Um avião militar Antonov 12 despenhou-se depois de descolar de Al Geneina. Todos os seus ocupantes, sete tripulantes, três juízes e oito civis, incluindo quatro crianças, pereceram”, afirmou o porta-voz militar, Amer Mohammed Al-Hassan, na declaração.
De acordo com o exército, as autoridades estão a investigar as causas do acidente.
Os conflitos tribais na região do Darfur provocaram 48 mortos e mais de 240 feridos, segundo o Crescente Vermelho sudanês. Num comunicado, a organização humanitária referiu que 48 corpos foram enviados para a morgue do hospital da cidade de Al Geneina.
Da mesma forma, as equipas do Crescente Vermelho transportaram 55 feridos para o mesmo hospital, sendo que outros 19, que estavam em estado grave, foram levados ao aeroporto para serem enviados para a capital sudanesa, Cartum.
Um dos principais pontos de violência em África
O Darfur é um dos principais pontos de violência em África e é palco de um conflito iniciado em 2003 e que continua ativo. O Governo de transição do Sudão, composto por civis e militares e criado após a destituição do anterior Presidente, Omar al-Bashir, em abril do ano passado, decidiu enviar para a região reforços das forças militares e de segurança para tentar conter a violência.
Na segunda-feira, os grupos rebeldes sudaneses que negociavam com o Governo do Sudão do Sul, incluindo as fações que atuam no Darfur, suspenderam as conversações devido à violência, sendo que não houve nova ronda negocial.
Dois grupos insurgentes do Darfur recorreram às armas em 2003 para protestar contra a pobreza e a marginalização sofrida pelos habitantes desta região, iniciando uma guerra com Cartum e que desde então matou mais de 300.000 pessoas e causou mais de 2,5 milhões de desalojados, de acordo com as Nações Unidas.
Nos últimos anos a violência tem diminuído, mas o território continua a ser palco de confrontos esporádicos entre os clãs mais próximos de Al-Bashir – que tentou arabizar a região – e os rebeldes que continuam a empunhar armas contra Cartum.
// Lusa