Queda acentuada de casos no Japão deixou especialistas boquiabertos (e há explicações)

Pouco depois de os Jogos Olímpicos terem terminado, o Japão estava a braços com uma situação pandémica sombria. A quinta vaga ameaçava os hospitais, com o sistema médico do país a ser levado ao limite. No final de setembro, porém, os casos começaram a diminuir e o país mergulhou numa acalmia.

Hideaki Oka, especialista em doenças infecciosas no Saitama Medical University, explicou ao NPR que, durante dois meses seguidos, aquela unidade de saúde teve “zero pacientes covid”, pelo que a equipa do hospital conseguiu concentrar-se “na medicina geral, tal como nos tempos pré-pandemia”.

Esta reviravolta no Japão deixou os especialistas boquiabertos. Os casos de infeção por covid-19 caíram mais de 99% em relação ao seu pico e o país tem registado menos de uma morte por dia nas últimas semanas, o seu nível mais baixo desde julho do ano passado.

“Registamos, em média, menos de 50 novos casos [diários] durante oito semanas”, disse Norio Ohmagari, do Centro Nacional de Saúde e Medicina Global do Japão, numa conferência de imprensa no dia 9 de dezembro, sobre a situação em Tóquio.

“Pensamos que se deve às medidas adotadas por muitos cidadãos e instituições e à vacinação acelerada, graças aos esforços do pessoal médico e à compreensão dos cidadãos”, destacou o responsável.

Os Jogos Olímpicos serviram para impulsionar o esforço da vacinação. Atualmente, 80% da população de 125 milhões está totalmente vacinada, tendo a inoculação de reforço arrancado este mês.

No entanto, são poucos os que acreditam que foi um esforço governamental a decretar o sucesso do Japão na resposta à pandemia, até porque, apesar de ter acelerado o processo de vacinação, o ex-primeiro-ministro Yoshihide Suga manteve-se sempre muito preocupado com o impacto económico do distanciamento social.

Segundo o NPR, os meios de comunicação social e as revistas científicas continuam a publicar hipóteses sobre a existência de um “fatorX“, alguma característica da população japonesa ou do seu ambiente que ajudou a afastar danos mais graves decorrentes da doença.

“Uma hipótese em cima da mesa é a existência de algo intrinsecamente diferente nas células imunitárias que o povo japonês pode transportar e que é capaz de combater a infeção”, explicou Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale.

Há também quem considere a possibilidade de uma variante mais suave do coronavírus já circular no Japão, dando a algumas pessoas imunidade ao SARS-CoV-2.

Uma outra teoria sustenta que, no Japão, a variante Delta pode ter sofrido uma mutação e perdido a capacidade de replicação.

Todas as teorias carecem, contudo, de comprovação. E, mesmo que estejam certas, o Japão não vai conseguir fechar-se aos “estranhos” eternamente. “Isto não vai durar para sempre. A realidade é que uma outra onda virá definitivamente”, rematou Oka.

ZAP //

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