Dos quase 100 mil desempregados registados em 2022, quase um terço não concluiu o 9.º ano. Um em cada quatro desempregados licenciados vem das humanidades. Por outro lado, também há melhorias: cada vez mais jovens terminam o secundário sem chumbar.
Uma percentagem significativa de jovens desempregados possui baixas qualificações. Concretamente, quase um terço dos 99.319 jovens desempregados registados no ano de 2022 não tinha concluído o ensino básico (9.º ano).
Além disso, cerca de 23,7% dos jovens nesta condição encontravam-se completamente desvinculados de qualquer forma de educação ou formação profissional, segundo um recente estudo desenvolvido pelo Iscte — Instituto Universitário de Lisboa —, encomendado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
A falta de qualificação constitui um obstáculo considerável na inserção destes jovens no mercado de trabalho, com um impacto direto no prolongamento da sua situação de desemprego.
Observa-se, também, que os empregos menos qualificados exigem competências que vão além das tradicionais, incluindo habilidades digitais e conhecimento de línguas estrangeiras. Esta exigência torna ainda mais complexa a integração dos jovens menos qualificados no tecido laboral.
Mais ofertas formativas
O estudo realça a necessidade de adaptação das ofertas formativas à realidade destes jovens.
Paulo Marques, um dos autores do estudo, sublinha a inviabilidade de esperar que jovens entre os 25 e os 29 anos, com um nível de escolaridade equivalente ao 9.º ano, retomem um percurso formativo de longa duração, como os cursos profissionais de três anos.
“O que pode estar a acontecer é que os jovens com mais qualificações trabalham em empregos que antes eram ocupados pelo menos qualificados, empurrando os pouco qualificados para fora do mercado de trabalho. Por outro lado, os empregos menos qualificados requerem cada vez mais competências, como as digitais ou o domínio de uma língua estrangeira, e os jovens pouco qualificados enfrentam muitas dificuldades em desempenhar essas funções”, sublinha, segundo o Público.
Em alternativa, propõe-se a criação de “cursos de aprendizagem de duração mais curta, com o envolvimento dos empregadores, em que a formação é sobretudo dada em contexto de trabalho e em que há algum tipo de remuneração associada”. Esses cursos deverão proporcionar uma formação prática, em contexto de trabalho, possivelmente com remuneração associada.
O modelo não só promoveria a qualificação dos jovens, mas também os aproximaria do mercado de trabalho, potenciando a sua empregabilidade de forma imediata e eficaz.
Conclui-se que a atuação do IEFP é crucial no acompanhamento e monitorização da qualidade da formação providenciada, garantindo que as estratégias adotadas estejam alinhadas com as necessidades do mercado e dos jovens em situação de desemprego.
O objetivo é claro: capacitar os jovens para enfrentarem os desafios do mercado de trabalho contemporâneo e diminuir as taxas de desemprego nesta faixa etária.
Um em cada quatro desempregados licenciados vem das humanidades
Em relação aos jovens que concluíram o ensino superior, mas que se encontram no desemprego, a área de formação tem um peso mais relevante.
De acordo com o estudo, um em cada quatro jovens licenciados em situação de desemprego tem um diploma na área das artes e humanidades.
As áreas das ciências sociais e jornalismo e das ciências empresariais e direito também se destacam pela negativa. Já as áreas com menor expressão entre os desempregados são a saúde e proteção social e as tecnologias de informação e comunicação.
Cada vez mais jovens terminam o secundário sem chumbar
Cada vez mais alunos conseguem terminar o ensino secundário sem chumbar, destacando-se os cursos científico-humanísticos que passaram de uma taxa de sucesso de pouco mais de metade para 79% dos estudantes, segundo dados divulgados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).
Entre os alunos dos cursos profissionais também houve uma melhoria: Em 2021/2022, 70% tinha concluído o curso no tempo esperado, o que representa um aumento de 17 pontos percentuais em relação à realidade vivida nas escolas no ano letivo de 2014/2015.
Os alunos dos cursos científico-humanísticos das escolas do norte e centro do país são os que menos chumbam (sucesso entre 85% no norte e 82% no centro).
Os dados mostram ainda uma ligeira melhoria dos alunos que abandonam a escola. Num universo de 61.094 alunos que deveriam ter terminado o curso científico-humanístico em 2021/2022, 2% não foram “encontrados como matriculados no ensino secundário”.
Olhando para as tabelas relativas ao que se passava nas escolas oito anos antes, verifica-se que 3% tinham abandonado a escola antes do tempo uma vez que não tinham terminado o secundário nem estavam inscritos.
Nos cursos profissionais, o abandono escolar é muito superior, com 10% dos 31.365 que deveriam ter acabado o secundário em 2021/2022 a não serem “encontrados como matriculados no ensino secundário”. Oito anos antes, a percentagem era de 14%.
A DGEEC analisou também a relação entre o sucesso académico e a situação socioeconómica dos alunos, confirmando que os alunos que não beneficiam da Ação Social Escolar (ASE) têm geralmente trajetórias de sucesso mais elevadas.
No entanto, os dados mostram uma melhoria de todos os alunos, destacando-se os alunos dos escalões A e B dos cursos científico-humanísticos que tiveram maior aumento em relação ao ano anterior (6 p.p.).
No caso dos alunos dos cursos profissionais, os alunos do Escalão B foram os que registaram a percentagem mais elevada de conclusão (74%), valor que representa um aumento de 2 p.p. em relação ao ano anterior, segundo o relatório “Situação após 3 anos dos alunos que ingressaram em Cursos Profissionais”.
ZAP // Lusa
Este é o grande problema do sistema de ensino, nos últimos anos. Metas, sucesso, bom sucesso, medidas de inclusão, apoios, …; completamente soltas de um mínimo de rigor, qualidade e regras, diminuíram, falsamente, as percentagens de insucesso, retenções, e tudo o que se pretenda mais considerar, dado que tudo isto está enquadrado apenas em duas frentes de batalha – mostrar números junto da comunidade internacional, nomeadamente da OCDE e reduzir significativamente o orçamento da educação, sem qualquer preocupação pelo desenvolvimento das aprendizagens e construção de competências das crianças e jovens. Seria mais honesto o estudo focar-se na identificação desses jovens que não concluíram o percurso de escolaridade, apurar as respetivas causas e atuar, de forma séria, responsável, assertiva, atempada e oportuna, não com medidas fictícias, mas com estratégias de acompanhamento e responsabilização dos jovens, formando-os nessa base de responsabilidade, com matrizes de regras e valores, e não apenas num processo de facilitismo, onde tudo é admitido e permitido, desde as sucessivas justificações de faltas, o não respeitar qualquer tipo de regra ou orientação, contribuindo para um crescente de fenómenos negativos e uma deterioração das aprendizagens. Até quando?
A escolaridade obrigatória em Portugal é definida pela data de nascimento e não por 12 anos de escolaridade; as empresas ou o Estado em Portugal não podem exigir o 12º ano, licenciatura, mestrado, ou doutoramento, para qualquer profissão ou função, a não ser em áreas específicas e para as quais as pessoas se formam obtendo o respectivo grau académico para exercer funções.
Para todos aqueles que nasceram até à Década de 80 do Século XX começava-se a trabalhar entre os 16 e os 18 anos, os homens ainda tinham que cumprir o Serviço Militar caso contrário teriam muita dificuldade em arranjar trabalho, e aos 23 anos, grande parte dos Portugueses já vivia sozinho ou constituía família.
Era esta a realidade de Portugal até 2012, quando foi subvertida pelo XIXº Governo liderado pelo ex-Primeiro-Ministro, Pedro Coelho.
Portugal tem as piores e as mais mal preparadas gerações/pessoas de sempre, com elevados índices de ignorância, iliteracia, e má educação, as que possuem o 12º ano, licenciatura, mestrado, ou doutoramento, que nem sequer têm perfil para desempenhar funções nas áreas em que se “formaram”.