/

Quase um milhão de casas portuguesas não tem acesso à rede pública de água

2

Anita Martinz / Wikimedia

Cerca de um milhão de casas portuguesas não têm ligação à rede pública de água nem de saneamento. Grande parte delas por opção. “A água que os avós bebiam é que era boa”.

Há 861 mil casas em Portugal que não estão ligadas à rede pública de água. Umas por opção outras porque não têm cobertura.

O relatório “Água e saneamento em Portugal – o mercado e os preços 2022”, da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), revelou que o Norte e o Centro do país são as regiões mais afetadas pelo problema.

Como expõe o Jornal de Notícias, em 2020 havia cerca de 244 mil casas em Portugal continental que não estavam ligadas à rede pública de água por falta de cobertura e 617 mil habitações que, simplesmente, não aderiram apesar de terem cobertura.

Quase um terço das casas nessas condições fica no Norte e Cnetro do país: no Norte, há quase 126 mil alojamentos sem cobertura  e 246 mil sem adesão; no Centro, há 48 mil sem cobertura e 221 mil que não aderiram.

O relatório da APDA, também revelou que mais de 1,3 milhões das casas portuguesas estão sem saneamento de águas residuais.

São quase 834 mil casas sem cobertura e mais de 505 mil sem serviço efetivo.

A situação volta a ser mais grave no Norte – 344 mil sem cobertura e 200 mil sem adesão – e no Centro – 309 mil sem cobertura e 172 mil que não aderiram.

Os números mostram que uma grande parte das casas está sem acesso às redes de água e saneamento por opção.

Ao Jornal de Notícias, especialistas disseram que ainda há muita gente que opta por métodos tradicionais, como poços e furos, alertando que pode haver risco sanitário, na utilização desses métodos.

Ao JN, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, alertou para os riscos de consumo da água não tratada. “Usar águas de locais não controlados significa que estamos a consumir um produto não vigiado, cuja qualidade e segurança não conhecemos”.

O médico considera que o consumo desse tipo de água “pode levar ao aparecimento de doenças, que normalmente estão associadas a situações gastrointestinais, e que afetam acima de tudo os mais vulneráveis, como idosos e crianças”.

Gustavo Tato Borges reconhece que há pessoas que “desconhecem a cadeia de controlo e tratamento da água da rede pública”, mas há outras que se guiam pela “crença de que a água que os avós bebiam é que era boa”.

Também ao JN, Sara Correia, da associação ambientalista Zero, disse que o uso recorrente de água não controlada é preocupante.

“[As fossas séticas] têm de ser despejadas com alguma frequência para não ficarem a drenar para o solo ou cursos de água”, contaminando-os, explicou.

“Estamos a viver uma situação de seca e temos cada vez menos água disponível, não podemos continuar a permitir que seja contaminada”, adverte a ambientalista, sugerindo que a solução poderá passar por penalizar quem tem cobertura, mas não adere.

 

ZAP //

2 Comments

  1. Em complemento do artigo. Exemplos de percentagens de população servida por sistemas de drenagem de águas residuais (esgotos) em 2020: Castelo de Paiva 18%, Mondim de Bastos 22%, Terras de Bouro com 33% (dados da Pordata).

    • Que se lixe isso. Desde que haja dinheiro para as reformas dos políticos ao fim de 10 anos, alguém quer lá saber disso…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.