Não sabemos quantos bombeiros há. “Patrões: por favor, dispensem os voluntários”

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Diogo Baptista / LUSA

“Neste momento, a gestão dos recursos humanos dos bombeiros voluntários não está a ser feita”. Recenseamento parou no ano passado.

Os incêndios estão a assustar em diversos pontos do país e a situação dos bombeiros, como acontece no Verão, volta a ser assunto.

Não se sabe quantos bombeiros há em Portugal. Em 2023, havia quase 32 mil bombeiros. Mas entretanto deixou de ser feito o Recenseamento Nacional dos Bombeiros Portugueses, nomeadamente no final do ano passado, em Dezembro de 2024.

Esse sistema é gerido pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e tem o registo dos bombeiros, a ficha pessoal de cada um, as suas formações, horas prestadas, promoções, punições…

Ou seja, sem esse registo actualizado, não se sabe quantos bombeiros há, e não se sabe as qualificações de cada um, salienta o Expresso.

“Neste momento não sabemos efectivamente quantos bombeiros existem. É só por estimativa”, admite António Nunes, presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP).

Agora, o registo é feito com uma folha e os bombeiros ligam entre si.

“Neste momento, a gestão dos recursos humanos dos bombeiros voluntários não está a ser feita”, resume António Nunes.

“Por exemplo, se quiser saber se um bombeiro tem o curso de desencarceramento, eu não sei. Tenho de telefonar ao comandante, que lhe vai perguntar e ele diz que tem, o que pode ser verdadeiro ou falso”, acrescenta.

A ANEPC disse bombeiros que o “sistema informático implodiu”. O Governo assegura que é prioritário repor o sistema.

“É preciso arranjar, porventura, um milhão ou dois milhões de euros para fazer um produto novo e fazer a migração dos dados de um lado para o outro”, comenta António Nunes – mas só em 2026 o sistema deve voltar.

A falta de recensamento não está a afectar a luta contra os incêndios, mas poderá afectar, avisa o presidente da LBP.

Em 12 anos, o número de bombeiros em Portugal desceu 21%. E é difícil captar bombeiros voluntários: “Há quinze anos, era-se bombeiro com 45 ou 50 horas de formação, agora são precisas 150. Entrava-se e passado um mês era-se bombeiro, agora é preciso esperar um ano. Portanto, os legisladores, porventura, ao tentar introduzir alguns fatores de qualidade adicional aos nossos bombeiros, criaram também um conjunto de factores burocráticos negativos”. E também há cada vez menos candidatos ao voluntariado.

Mesmo assim, garante o presidente da Liga, não faltam bombeiros no combate aos incêndios. Alguns trabalhos feitos nos quartéis é que deixaram de ser feitos.

“Dispensem trabalhadores”

Entretanto, a Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil já pediu aos patrões para dispensarem os trabalhadores que são bombeiros voluntários.

“Eu deixava o alerta: por favor, dispensem os funcionários que são bombeiros. Muitas corporações precisam de renovar as pessoas”, alerta Jorge Silva, na SIC.

O vice-presidente da associação conta que várias empresas “não estão a dispensar os seus elementos bombeiros voluntários para poderem fazer o reforço dos quartéis”. Os patrões alegam que há “serviços prioritários” e não deixam sair os trabalhadores.

Este entrave está a verificar-se sobretudo na região Centro, de Coimbra a Aveiro.

ZAP //

3 Comments

  1. Tantos meios informáticos, tantas Apps, tantos sites relativamente ao Estado (AT, SS, IMT, etc etc etc), e não conseguem colocar tudo numa base de dados com as 10 milhoes de pessoas de Portugal e fazer Select….

  2. Os voluntários não são salvadores da pátria.
    Dêm mais regalias aos voluntários e eles mostram o que valem.
    No nosso país temos equipas ou tachos a ganhar muito dinheiro e vai o voluntário (que não ganha nada, não tem regalias), estar sujeito a estes fenômenos.
    Pensem, não digam besteiras.
    P.S eu sou bombeiro voluntário

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