Quanto tempo sobrevive o esperma humano?

A ideia de que o esperma morre quando está em contacto com o oxigénio é mito. Os espermatozoides são muito mais resistentes do que aquilo que se pensa.

Os espermatozoides têm uma tarefa monumental na reprodução. Contudo, é sabido que têm os dias contados…

Afinal, quanto tempo é que os espermatozoides humanos sobrevivem, desde o momento em que são produzidos nos testículos até ao tempo que passam a percorrer o labirinto do trato reprodutor feminino?

A resposta depende do local onde o esperma se encontra e de condições como a temperatura, a humidade e os níveis de energia.

A partir dos testículos, os espermatozoides migram por um canal estreito e enrolado chamado epidídimo durante 10 dias, até chegarem a um reservatório no final, onde aguardam a ejaculação. Fora dos confins acolhedores dos testículos, os espermatozoides enfrentam um mundo imprevisível.

Embora se diga frequentemente que os espermatozoides morrem quando entram em contacto com o oxigénio, isso é um mito. A explicação foi dada ao Live Science por especialistas na matéria.

Afinal, quando e onde sobrevive o esperma humano?

A humidade, por exemplo, é crítica para a sobrevivência do esperma.

Numa superfície seca, fora do corpo, sem um meio líquido para nadar, os espermatozoides murcham e morrem em poucos minutos a uma hora.

Em condições laboratoriais ideais, onde os espermatozoides podem ser incubados num ambiente controlado – por exemplo, em processos de reprodução assistida como a fertilização in vitro – as células podem sobreviver até 72 horas.

No entanto, o seu tempo de vida aumenta significativamente com a ajuda de outros avanços tecnológicos.

Se forem congelados de forma adequada, os espermatozoides podem sobreviver durante décadas“, explicou Brett Nixon, da Vida da Universidade de Newcastle, na Austrália, à Live Science.

E dentro do corpo?

Segundo os especialistas ouvidos pela Live Science, os espermatozoides podem viver naturalmente dentro do corpo, depois de deixarem os testículos.

O mais comum é sobreviverem até 7 dias; mas, em casos mais extremos, por durar até um período de 28 dias.

“Há um ou dois relatos de espermatozoides que sobrevivem no trato feminino para o próximo ciclo menstrual, ou seja, até 28 dias, mas são poucos e distantes entre si”, disse Christopher Barratt, professor de biologia reprodutiva da Universidade de Dundee, no Reino Unido, à mesma revista.

A maioria dos especialistas afirma que o esperma sobrevive até 7 dias. Sabemos isto porque uma pessoa tem cerca de 5% de hipóteses de engravidar mesmo que tenha relações sexuais até sete dias antes da ovulação (…) Portanto, presume-se que os espermatozoides possam sobreviver durante esse período de tempo”, explicou Barratt.

Como é que duram tanto tempo?

Os espermatozóides que vivem mais tempo proporcionam uma vantagem reprodutiva nos seres humanos. Permanecendo mais dias no corpo, têm mais hipóteses de se sobreporem à ovulação, a breve janela de tempo em que o ovário liberta um óvulo para ser fertilizado.

Mas a longevidade dos espermatozoides depende de vários fatores, muitos dos quais os investigadores ainda estão a tentar compreender.

O plasma seminal que os transporta para o corpo desempenha um papel importante, uma vez que este fluido contém ingredientes que apoiam e nutrem os espermatozoides, incluindo moléculas de proteínas e nutrientes como o zinco.

O trato reprodutivo feminino também desempenha um papel crítico na sobrevivência dos espermatozoides, fornecendo-lhes energia na forma de glicose enquanto viajam em direção ao óvulo.

“Os espermatozoides têm os seus próprios recursos energéticos, mas não duram por si cinco ou sete dias. Precisam de a obter do trato feminino”, observou Barratt.

Além disso, as células do trato parecem fornecer paragens de descanso cruciais para os espermatozoides ao longo do caminho – por exemplo, na parte inferior da trompa de Falópio, ou oviduto.

Em vez de “correrem” logo para o óvulo, os espermatozóides abrandam e atracam nestes reservatórios. Aqui, fixam-se às células superficiais e parecem refugiar-se, até se libertarem para uma corrida final até ao óvulo.

É possível que as células do oviduto forneçam ingredientes e desencadeiem alterações celulares que ajudam a manter os espermatozóides e aumentam o seu poder de permanência no trato reprodutivo.

A capacidade dos espermatozóides de esperar nos reservatórios oviductais garante essencialmente que centenas de espermatozóides estejam preparados e prontos para partir quando o óvulo chega.

“Há mais hipóteses de engravidar mais perto da ovulação e no dia da ovulação. Mas o facto de os espermatozóides poderem estar lá à espera é uma grande vantagem. Sobreviver durante um período de tempo mais longo dá essa flexibilidade”, disse Barret.

ZAP //

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