Uma pintura de Vincent van Gogh vai ser leiloada no próximo mês, depois de mais de um século sem ser vista em público. Estima-se que o preço de venda chegue aos 25 milhões de euros.
O quadro foi pintado em 1888, numa altura em que a saúde do pintor se deteriorou. Na época, Van Gogh mudou-se para Arles, no interior de França, onde ficou encantado com o estilo de vida rural que o rodeava e, como tal, pintou vários quadros relacionados com o campo e com as colheitas.
“Meules de blé” (“Fardos de Trigo”), mostra grandes pilhas de trigo acabadas de colher pelas trabalhadoras, também elas representadas na pintura, num cenário bucólico e colorido , escreve a CNN.
A história da pintura que nasceu em Arles, em contraste com a tranquilidade que transparece, veio a tornar-se longa e atribulada, refere a casa de leilões Christie’s.
Primeiro, “Meules de blé” pertenceu ao irmão de Vincent, Theo van Gogh, e posteriormente à descendente Johanna van Gogh-Bonger. A pintura deixou de ser vista em público desde que esteve exposta no museu Stedelijk, em Amesterdão, em 1905.
Posteriormente, foi comprada por Max Meirowsky, um industrialista judeu, em 1913. Durante o regime Nazi, Meirowsky foi forçado a fugir da Alemanha, nos finais de 1938, devido à perseguição antissemita, deixando a pintura nas mãos de um comerciante de arte alemão em Paris.
Assim, Miriam Alexandrine de Rothschild, uma estudante de medicina, teve o quadro em sua posse depois de o herdar da coleção do pai, Edmond.
Contudo, também de Rothschild foi forçada a fugir, devido à eclosão da Segunda Guerra Mundial. De França, mudou-se para a Suíça, mas sem o quadro na bagagem.
De regresso a Paris, depois da guerra, conseguiu recuperar algumas das suas peças, mas “Meules de blé” tinha desaparecido.
A pintura tinha sido confiscada pelos nazi durante a ocupação. Em 1941, foi transferida para o museu Jeu de Paume, usado pelo regime para guardar obras de arte consideradas “degeneradas”.
De acordo com a casa de leilões, a pintura também foi levada para o castelo Schloss Kogl, na Áustria, onde entrou numa outra coleção privada não identificada.
Mais tarde, foi para “as mãos” da galeria Wildenstein & Co., em Nova Iorque, e posteriormente comprada por Edward Lochridge Cox, texano, colecionador, magnata do petróleo.
A Christie’s refere ainda que houve um “acordo de resolução” entre as partes, que permite que o quadro esteja agora para licitação.