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Entre críticas de Kiev e da UE, Putin inaugurou ponte com ligação à Crimeia

Alexander Nemenov / POOL / EPA

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, inaugura a nova ponte com ligação à Crimeia

O Presidente russo inaugurou, esta terça-feira, a ponte que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada pelo país à Ucrânia em 2014, com as autoridades de Kiev a acusarem-no de “desrespeito” ao direito internacional.

Segundo as imagens da televisão russa, que transmitiu a cerimónia em direto, ao volante de um camião pesado cor-de-laranja, Vladimir Putin atravessou, às buzinadelas, os 19 quilómetros da nova “Ponte da Crimeia”, que liga a península de Taman, no sul da Rússia, à homónima ucraniana de Kertch.

Atrás do camião conduzido pelo chefe de Estado, viatura utilizada nos trabalhos de construção da ponte, e acompanhado por vários trabalhadores, seguiu cerca de uma dezena de outros camiões e automóveis ligados às obras, às autoridades e à segurança.

“Em vários momentos da história, mesmo nos tempos do czar, as pessoas sonhavam com a construção desta ponte. Tentaram nos anos 30, 40 e 50 e finalmente, graças ao vosso trabalho e ao vosso talento, este projeto, este milagre aconteceu“, disse Putin aos trabalhadores, citado pelo Diário de Notícias.

“Dez mil pessoas trabalharam nesta construção, 15 mil nos momentos de maior trabalho. Quase 220 empresas estiveram envolvidas. De facto, todo o país trabalhou nisto. O resultado é magnífico. Torna a Crimeia e a lendária Sebastopol mais fortes e aproxima-nos a todos”, referiu ainda o Presidente russo.

Em Kiev, o primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Groisman, reagiu de imediato e acusou a Rússia de “desrespeito ao Direito Internacional” pela construção e inauguração da nova ponte. “O ocupante russo continua a desrespeitar o Direito Internacional. A Rússia vai pagar bem caro”, ameaçou ainda.

Vestido informalmente, Putin chegou a Kertch procedente de Sochi, também nas margens do mar Negro. A construção da ponte começou em fevereiro de 2016 e custou 228 mil milhões de rublos, cerca de três mil milhões de euros.

A ponte inclui quatro faixas para automóveis (duas em cada direção), abertas ao tráfego a partir da meia-noite desta quarta-feira, e duas vias férreas, uma em cada sentido, cujas obras deverão estar concluídas em finais de 2019.

A construção da ponte para ligar a Crimeia à Rússia continental sem passar por território ucraniano foi uma das promessas de Putin após a anexação da península.

A União Europeia classificou esta ponte como “uma nova violação da soberania”. A Rússia construiu aquela infraestrutura “sem o consentimento da Ucrânia”, frisou uma porta-voz do serviço de ação externa da UE. “Isso constitui uma nova violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia”, afirmou.

A anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, ainda hoje não é reconhecida pela comunidade internacional. “A construção de uma ponte visa prosseguir a integração forçada da península anexada ilegalmente na Rússia e o seu isolamento da Ucrânia, de que continua a fazer parte”, disse a porta-voz europeia.

A ponte, sublinhou, limita “a passagem dos navios pelo estreito de Kertch até aos portos ucranianos no Mar de Azov”. A UE “continua a condenar a anexação ilegal da Crimeia e de Sebastopol pela Rússia e não vai reconhecer esta violação do direito internacional”.

Segundo o DN, esta nova infraestrutura de 19 quilómetros retira à ponte Vasco da Gama, em Lisboa, o título de maior ponte da Europa.

ZAP // Lusa

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