O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que um dos principais comandantes do grupo de mercenários Wagner assuma o comando das “unidades voluntárias” que lutam na Ucrânia, revelou hoje o gabinete presidencial.
De acordo com o Kremlin, durante uma reunião em Moscovo, na quinta-feira, Putin disse a Andrei Troshev que a sua tarefa é “lidar com a formação de unidades voluntárias que possam realizar várias tarefas de combate, principalmente na zona da operação militar especial”, referindo-se à guerra da Ucrânia.
Troshev sucedeu na liderança do grupo Wagner a Yevgeny Prigozhin, que morreu numa queda de avião no passado mês de agosto.
Os combatentes do grupo Wagner não tiveram nenhum papel significativo no campo de batalha desde que a companhia mercenária se retirou, depois de capturar a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, na batalha mais longa e sangrenta da guerra.
Após o motim abortado do grupo Wagner, semanas depois, aumentaram as especulações sobre o futuro destes mercenários que foram uma das unidades mais eficazes na guerra na Ucrânia, com vários observadores a antecipar que a companhia fosse integrada no Ministério da Defesa.
O vice-ministro da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, também esteve presente na reunião na noite de quinta-feira, um sinal de que os mercenários Wagner provavelmente servirão sob o comando do Ministério da Defesa.
Por seu turno, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que Troshev agora trabalha para o Ministério da Defesa.
A reunião desta semana parece refletir o plano do Kremlin de realocar alguns mercenários Wagner para a linha da frente na Ucrânia, após o seu fracassado motim de junho e a seguir às mortes suspeitas de Prigozhin e de outros líderes num acidente de avião a 23 de agosto.
Troshev é um oficial militar reformado que desempenhou um papel de liderança no grupo Wagner desde a sua criação, em 2014, e enfrentou sanções da União Europeia pelo seu papel na Síria como diretor executivo do grupo.
Hoje, o Ministério da Defesa do Reino Unido informou que centenas de ex-soldados do grupo Wagner provavelmente começaram a ser redistribuídos por várias frentes de batalha na Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa, justificada pelo Presidente russo com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia — que tem cada vez mais armas.
ZAP // Lusa