PSP pára em protesto silencioso. Sem poder fazer greve, agentes dão carros como inoperacionais

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Polícias da PSP continuam, nesta terça-feira, o protesto por melhores condições salariais e de trabalho, após centenas de agentes se terem concentrado na segunda-feira frente ao Parlamento e à Câmara do Porto e de comandos terem parado as viaturas.

Às 2 da manhã desta terça-feira, mantinham-se algumas dezenas de elementos concentrados na cidade do Porto, em frente à Câmara Municipal, onde chegaram a estar mais de 300 pessoas, como refere o o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Santos, em declarações à Lusa.

O responsável destaca que “o protesto é espontâneo” e que não foi organizado por qualquer sindicato.

Houve uma mobilização espontânea de dezenas de comandos que levou à paragem de dezenas de viaturas em várias cidades, de acordo com Paulo Santos.

O responsável da ASPP destaca que esta mobilização ocorreu em cidades como Braga, Faro e até nos Açores.

Elementos de locais como Caldas da Rainha, Leiria e Castelo Branco juntaram-se à concentração junto à Assembleia da República, em Lisboa, onde pelas 8:45 horas estavam, pelo menos, mais de uma dezena de agentes.

“Atingimos uns milhares de pessoas no geral. Só Porto e Lisboa concentraram mais de 1.000 pessoas“, assegura Paulo Santos.

O presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SNP), Armando Ferreira, confirma à Lusa que o protesto não está a ser organizado pelos sindicatos e que surgiu de forma espontânea entre os polícias.

Carros parados às portas das esquadras

O protesto envolveu a paragem, desde segunda-feira, de vários carros de patrulha da PSP de diversos comandos, às portas das esquadras, como sublinha Armando Ferreira.

Vários agentes da PSP que estão ao serviço estão a dar os seus veículos como inoperacionais numa forma de “protesto silenciosa”,  nota a CNN Portugal.

De acordo com esta estação, alguns profissionais podem estar a “alegar problemas mecânicos e de segurança” para contornarem a impossibilidade de fazerem greve.

Estes protestos surgem em solidariedade com Pedro Costa, agente da PSP de Lisboa que está, desde domingo, em vigília junto à Assembleia da República, pedindo melhores salários e condições de trabalho.

Perdi o medo, as injustiças fizeram-me ganhar coragem. Se não fizermos nada irá tudo continuar na mesma ou pior”, salienta Pedro Costa em declarações citadas pelo Correio da Manhã (CM).

Pedro Costa faltou ao serviço para realizar este protesto e pode vir a ser alvo de um processo disciplinar.

A contestação dos elementos da PSP teve início após o Governo ter aprovado, em 29 de Novembro de 2023, o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da Polícia Judiciária que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

Os agentes da PSP consideram que estão a ser alvo de um “tratamento desigual e discriminatório”.

A direcção nacional da PSP já se reuniu de emergência para analisar a situação.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. A bem da verdade é necessário dizer quatro ou cinco coisas:

    1 – O que as forças de segurança ganham nas categorias mais baixas poderia ou deveria ser mais, MAS, há que fazer contas ao salário base e a todos os suplementos e subsídios que estão associados, caso em que o panorama muda.
    2- A categoria de oficiais da PSP, que já tem grau de complexidade 3, GANHA MAIS que a PJ. e dever-se-ia perguntar se um agente que ganha de subsídio de risco (tem outros subsídios) de 292€ corre, no terreno, menos risco que um oficial na PSP que pode chegar aos 1143€, e que só lida com papeis? Na PJ, o subsídio de risco é igual dentro de cada categoria e não depende do nível remuneratório de cada um.
    3- Na PJ SÓ EXISTE UM subsídio para tudo, (que é inferior ao conjunto dos subsídios dos oficiais da PSP). Só o Director Nacional da PJ vai receber o tal aumento de 700€. Os Inspectores será muito menos! Na PSP, de acordo com o MAI, só esse subsídio (há muitos outros) vai de 292€ a 1143€ (mil cento e quarenta e três euros). Na PJ não podem exercer qualquer outra actividade. Nas forças de segurança sim! (gratificados, etc.)
    4 – A par dos magistrados, os PSP foram a classe profissional mais aumentada na última década, e nunca reclamaram, nos últimos 20 anos, de cada vez que foram aumentados e a PJ ficou igual (sim, em 20 anos, nada)… e até há pouco tempo, na PJ, recebiam 3 euros à hora quando trabalhavam à noite aos fins de semana, com limite máximo)…
    5 – Criancices, falsidades (desmaios em bloco por fazerem uma actividade voluntária, e andarem a mudar números de telefone e dar viaturas como inoperacionais, etc…) e insurreições , só demonstram baixo nível e falta de mérito para receberem o que pedem!

    Tenho estado atento a ambos os lados… Quem fala deve falar estando informado! Se nas categorias baixas das forças de SEGURANÇA há injustiças que se corrijam, mas não comparem o que é incomparável, nem venham por em causa o mérito de a PJ (que não faz segurança, mas sim, e muito bem, investigação criminal) ter um subsídio actualizado passado quase um quarto de século !!

  2. A minha gratidão pelos esclarecimentos do comentador anterior. (jornalista? )
    É este o jornalismo que nos faz falta.
    O que nos permite uma visão clara e justa sobre os vários assuntos, ao invés dos camuflados mas evidentes “fretes” aos jogos de interesses.

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