PSD pondera fazer queixa de Centeno ao Ministério Público

d.r. partidosocialista / Flickr

O ministro das Finanças, Mário Centeno

Sociais-democratas insistem que o ministro das Finanças mentiu à comissão de inquérito do Banif e, por isso, ponderam fazer chegar o caso à justiça.

Depois de Mário Centeno ter voltado à comissão de inquérito do Banif para reafirmar que não intercedeu pelo Santander Totta, o PSD continua a não estar muito convencido.

Segundo o jornal i, o PSD está a ponderar enviar para o Ministério Público os depoimentos do ministro nas audições, bem como o e-mail enviado na altura à líder do conselho do Mecanismo Único de Supervisão, Daniele Nouy.

Em declarações ao jornal, um deputado social-democrata considera que “há uma mentira” e que “prestar falsas declarações é crime”.

Os deputados sociais-democratas registam que, nesta segunda audição, Centeno admitiu ter feito um telefonema a Nouy, algo que o governante justificou que o intuito foi solicitar “os bons ofícios” do Banco Central Europeu para levantar as restrições que estavam a ser colocadas no processo de venda do Banif.

“As diligências aproveitariam a qualquer interessado na compra do Banif”, argumentou ontem o ministro encarregue da pasta das Finanças.

Além disso, à hora desse tal telefonema, Centeno garantiu que a proposta do grupo espanhol era a única que estava em cima da mesa.

A tentativa de encostar o ministro à parede através da justiça ainda não é oficial, uma vez que o assunto tem de ser discutido internamente pelo PSD.

“É um assunto que tem de ser votado na comissão, mas claro que a geringonça pode bloquear a extração de uma certidão para participar o crime ao Ministério Público”, acrescenta um parlamentar ao mesmo jornal.

No seio do partido há, porém, quem defenda que “é dever do Ministério Público agir quando há declarações que são públicas e constituem crime”.

Um outro caso lembrado pelos deputados sociais-democratas é a participação de Ricardo Salgado durante a comissão do BES.

Na altura,o ex-presidente do BES garantiu que não tinha qualquer offshore no Panamá, dados que agora se confirmam com a recente investigação que levou ao escândalo Panama Papers.

“É outro caso em que o Ministério Público devia atuar”, defende a mesma fonte. “Isto não pode ser ‘o da Joana’. Não se pode criar a ideia de que as pessoas podem vir mentir às comissões”.

ZAP