PS não quer síndrome Passos Coelho

José Sena Goulão / Lusa

Pedro Nuno é o líder, mas Costa é o primeiro-ministro. Uma sobreposição que os dois lados esperam que não traga problemas.

O Partido Socialista (PS) está a atravessar uma fase que é rara, em qualquer partido: tem o primeiro-ministro do país mas o seu líder é outra pessoa.

António Costa e Pedro Nuno Santos estiveram juntos no recente congresso, mostraram união – e os dois lados esperam que assim continue.

O novo secretário-geral do PS disse no congresso: “Este capítulo escrito pelos Governos de António Costa encerra-se agora. Agora é a nossa vez”. Mas os dois continuam e continuarão por aí.

O jornal Observador indica que os seguidores de Costa e de Pedro Nuno esperam que esta sobreposição invulgar não origine problemas.

Há dois pontos essenciais para esta fase resultar: os dois trabalharem, juntos, rumo à vitória nas eleições de Março; e ficar bem definido o lugar de cada um.

Nos corredores do PS (e do próprio Governo) afasta-se a ideia de uma liderança bicéfala.

O PS quer fugir do síndrome Pedro Passos Coelho: não é suposto ficar a ideia de que o primeiro-ministro anterior – António Costa, desta vez – ainda tenha coisas por fazer no Governo e, por isso, há sempre a sensação de que pode voltar a qualquer momento.

Este apelo à união também é um caso de necessidade: os dois líderes querem e precisam que o PS ganhe no dia 10 de Março. Costa quer confirmar que trabalhou bem (na perpectiva dos eleitores), Pedro Nuno quer ser o próximo liderar o país.

No geral, Costa e Pedro Nuno precisam um do outro. E o partido precisa dos dois, com socialistas a acreditarem que o PS até fica mais forte neste novo cenário – se o trabalho em comum for bem concretizado.

Mas já houve um momento de falta de coordenação: na semana passada, os dois falaram sobre o caso CTT, no espaço de poucas horas.

Para já, Pedro Nuno Santos foca-se em tentar ser o próximo primeiro-ministro. O futuro ex-primeiro-ministro, António Costa, poderá ficar mais longe dos focos portugueses devido à porta que se abre na União Europeia – mas continua à espera de desenvolvimentos na Justiça.

“Respeitamo-nos e vamos continuar a trabalhar juntos”, assegurou Pedro Nuno, que deverá contar com Costa em alguns momentos mais importantes da campanha eleitoral.

ZAP //

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