Porta aberta para Costa? Vem aí uma nova disputa por um cargo de topo da UE

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Stephanie Lecocq / POOL / EPA

António Costa (esq) com o presidente do Conselho da Europa, Charles Michel

É provável que Charles Michel saia da presidência do Conselho Europeu antes do previsto, o que pode deixar o caminho aberto para António Costa.

O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que será candidato a eurodeputado nas próximas eleições europeias, marcadas para em Junho.

Numa entrevista a três meios de comunicação social belgas, Michel confirmou no sábado que será cabeça de lista do seu partido liberal Movimento Reformista na corrida para o Parlamento Europeu.

“Quero servir onde for útil e penso que posso ser útil a nível europeu”, afirmou ao Le Soir, De Standaard e La Libre. Esta decisão marca a primeira vez que um Presidente do Conselho em exercício se candidata a uma eleição parlamentar europeia.

Embora Michel não tenha revelado quaisquer aspirações específicas para outros cargos de alto escalão na UE, a sua candidatura gerou especulação sobre o seu possível interesse em funções como o candidato principal para os liberais europeus ou suceder a Didier Reynders como comissário da UE da Bélgica.

A entrada de Michel na corrida parlamentar pode levar a grandes mudanças na dinâmica de poder da União Europeia. Se eleito, o antigo primeiro-ministro belga pretende ocupar o seu lugar no Parlamento Europeu até meados de julho, o que exige uma saída antecipada do Conselho, já que o seu mandato só termina em Novembro.

A sua saída antes do previsto também obriga a um consenso rápido entre os líderes da UE sobre a escolha de um sucessor. A urgência em encontrar um substituto é ainda assombrada pela iminente presidência húngara do Conselho, que terá início em Julho, numa altura em que Viktor Orbán fez da UE sua refém nas negociações sobre um novo pacote de ajuda para a Ucrânia.

 

Este potencial vácuo de liderança tem por isso suscitado preocupações e aumentado a pressão sobre os responsáveis europeus, que normalmente se envolvem em negociações prolongadas sobre as nomeações para posições de topo da UE.

Caminho livre para António Costa?

O anúncio da saída antecipada de Charles Michel do cargo volta a abrir a discussão sobre a eventual ida de António Costa para Bruxelas. Já há vários anos que se especula sobre um interesse do primeiro-ministro demissionário em suceder a Michel no Conselho Europeu — tanto que o tema até marcou a campanha eleitoral das legislativas de Janeiro de 2022.

O risco de Costa desertar a chefia do Governo para ir para Bruxelas, seguindo o exemplo de Durão Barroso, foi até subtilmente abordado por Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso durante a cerimónia de tomada de posse do Governo: “A cara vencedora não deve ser substituída a meio do caminho”.

Depois de um ano de maioria absoluta abalado com vários escândalos e demissões, o Governo tremido acabou mesmo por cair, com o fatídico parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República a ditar a demissão de Costa e com Marcelo a dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições.

Costa afirmou recentemente que não pretende ocupar cargos públicos enquanto não estiver concluída a investigação em curso no Supremo Tribunal de Justiça a propósito do seu envolvimento na Operação Influencer.

No entanto, o Expresso avançou que o procurador do Ministério Público pediu aos colegas do Departamento Central de Investigação e Ação Penal indí­cios da alegada interferência do primeiro-ministro no processo que levou ao licenciamento e construção de um centro de dados em Sines. O objectivo é acelerar a investigação em torno de António Costa.

Enquanto a investigação procede, Costa vai somando apoios na corrida ao Conselho Europeu, incluindo de Marcelo, que “desejaria que o primeiro-ministro estivesse em condições de ter um lugar na Europa, como presidente do Conselho Europeu”, para “realmente fazer o que faz bem e que lhe permitiu ter um prestígio grande em termos europeus ao longo destes oito anos”.

Durante o congresso do PS este fim de semana, António Vitorino também afirmou que Costa “tem um papel importante a desempenhar para o país e para a Europa”. O ex-comissário europeu acredita que o primeiro-ministro “granjeou respeito e consideração dos seus colegas primeiros-ministros, independentemente da sua orientação partidária”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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3 Comments

  1. É uma vergonha! É uma vergonha que este tipo de situações passe na cabeça desta gente! O costa em processo de investigação de casos de corrupção e ainda nem começou os julgamentos e já estão a preparar o tacho para o homem? Tenho vergonha desta europa de tachos que andam a criar!

  2. É mesmo uma europa medíocre, com lideres medíocres que fazem carreira longas e cheias de corrupção e lobby.
    É por isso que a europa definha.

  3. Desde há muito , que Eu pessoalmente , já me tinha percebido do objetivo que este malabarista tinha en mente . Fez tudo o que de pior se podia fazer de pior para ser ejetado do Governo , vitimizando-se . Nem foi preciso consultar a Maya ou ter uma bola de cristal par saber o que hoje se anuncia !

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