Um dos objetivos das alterações introduzidas pelos novos regulamentos é reduzir a quantidade de ar sujo que sai da parte posterior dos monolugares e que prejudica o desempenho dos carros imediatamente atrás.
Toda a história da Fórmula 1, desde que esta foi criada em 1950, foi marcada por eras correspondentes à tecnologia que estavam presentes nos monolugares – por muito rudimentares que estes fossem nos primórdios.
A atualização mais recente aconteceu em 2014, quando foram implementados os motores híbridos alimentados a turbo, num período da modalidade que foi marcado pela hegemonia em pista da germânica Mercedes.
Agora, a F1 prepara-se para introduzir um novo regulamento, que já deveria ter entrado em vigor na temporada de 2021 — não fosse a pandemia de covid-19 ter-se instalado.
É que apesar dos carros fabricados a partir das alterações introduzidas em 2014 serem os mais rápidos da história, não favorecem o espetáculo — algo que entristece todos os amantes do automobilismo. A culpa, segundo Rob Smedley, diretor de dados da F1, está na maneira como os monolugares fazem uso do ar.
Senão vejamos: os modelos atuais de carros de F1 serve-se do ar para gerar aderência à pista através de uma combinação da asa dianteira e do difusor traseiro, criando uma grande quantidade de downforce — responsável pelos tempos recorde que se registaram nos últimos anos. No entanto, o ar que sai dos difusores é ar sujo, segundo a gíria do automobilismo.
Não do ponto de vista ambiental, mas para efeitos de corrida, uma vez que para os monolugares que seguem imediatamente este ar sujo é altamente prejudicial, sendo muito difícil consumar uma ultrapassagem — ou até tentar. Tal como aponta o Ars Technica, uma corrida feita neste ar não é tão eficiente, já que o desempenho dos carros é altamente afetado.
“À medida que um carro de 2021 avança na pista, o que segue um segundo atrás perde 25% da sua downforce”, apontou Smedley. “Se a distância que separa os dos carros diminuir para meio segundo, quando pode haver um contacto entre rodas, as quebras de desempenho podem descer 40% no que respeita à downforce. É imenso”, diz.
Ao longo da história, os carros de Fórmula 1 — e as velocidades que conseguiam alcançar — eram o resultado de aerodinâmica, aderência de pneus e força da unidade motriz, uma combinação que colocava mais ênfase precisamente na aerodinâmica. Segundo Rob Smedley, o processo descrito anteriormente sempre foi um dado adquirido na F1, pelo que nunca foram implementados esforços para o reverter.
Ao longo dos últimos anos as equipas têm gasto quantias exorbitantes em testes que ocorrem em túneis de vento produzidos pelas próprios mas que excedem o teto orçamental decretado pela pela Federação Internacional de Automobilismo.
No entanto, nada estava a ser feito pelos próprios promotores da modalidade. Até agora. Recentemente, a Fórmula 1 uniu esforços com a Amazon para projetar um novo modelo de monolugares através de simulações de dinâmicas de fluidos computacionais (CFD, na sigla em inglês).
Através do EC2, um programa da Amazon que providência mais espaço na cloud, a equipa de Smedley ganhou mais flexibilidade e acesso a capacidade computacional equivalente a dez equipas de F1 juntas — o que foi sinónimo de problemas resolvidos mais rapidamente.
A título de exemplo, a equipa conseguiu correr simulações de dois carros em seis horas, quando antes eram necessários quatro dias nas infraestruturas de CFD das equipas.
Isto torna possível o desenvolvimento do novo carro de uma “forma ágil, o que representa uma mudança profunda no processo”. “Nós sabíamos qual era efetivamente o conceito de monolugar que queríamos desenvolver, mas através destas novas tecnologias conseguimos prová-lo com evidências científicas“, disse Smedley.
De acordo com o protótipo revelado pela F1, o design dos novos monolugares é muito mais simples do que o dos que competem atualmente. Há menos detalhes aerodinâmicos nos carros — tal como exigem os regulamentos —, uma asa frontal menos complexa, dispositivos que permitem mitigar algum do ar sujo proveniente das rodas frontais e um fundo plano capaz de gerar a maioria da downforce existente no carro através do solo.
Ao contrário do que seria de esperar face à grande quantidade de alterações introduzidas, não será provável que sejam feitas mudanças radicais como o fim das asas frontais e traseiras — o que muitos fãs acreditavam que seria benéfico para o desporto.
“Se prescindíssemos da nossa fórmula aerodinâmica seria difícil recuperar o desempenho que temos atualmente, o que resultaria em tempos de corrida mais altos e estes monolugares deixariam de ser os mais rápidos do mundo. Como tal, acho importante não nos afastarmos da fórmula que temos seguido até aqui e da importância da resistência”, defendeu Smedley.
A Fórmula 1 não foi criada em 1950, outrossim o Campeonato Mundial de Pilotos (que em 52 e 53 foi para carros de Fórmula 2). A Fórmula 1 com o nome de Fórmula A data de 1947. É um erro habitual e provavelmente estava assim escrito no original mas não deixa de ser inexato.
Zap, que tal corrigir o texto, de forma a que não só seja mais facilmente compreendido, como a que não esteja “colado” a traduções directas do texto original?
Por exemplo, que tal trocar o “ar sujo”, que não faz qualquer sentido em Português, por turbulência? É que o “ar sujo” ou “poluído” só vai criar confusão nas cabeças de quem não percebe de aerodinâmica e fluxos de ar.
É apenas uma sugestão.
Caro leitor,
Obrigado pela sugestão.
A expressão “ar sujo” não é uma tradução direta do texto original, é a expressão habitualmente usada na gíria automobilística, nomeadamente nas transmissões televisivas, pelos comentadores da Eleven Sports — que o ZAP reputa de entendidos em Fórmula 1.