Pelo menos 269 pessoas morreram desde o início de outubro no Iraque em protestos severamente reprimidos pelas forças de segurança e durante os quais outros grupos armados cometeram assassínios deliberados, alertou esta sexta-feira a ONU.
Na manhã desta sexta-feira, o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra foi informado da morte de cinco manifestantes na noite de quinta-feira em frente ao prédio do governo de Bassorá. Além dos mortos, pelo menos 8.000 feridos, incluindo militares e agentes de segurança, foram registados entre 1 de outubro e 7 de novembro.
“O número exato de vítimas pode ser muito maior. A maioria destas foi atingida por munição real disparada por forças de segurança e elementos armados, que muitos descreveram como milícias privadas”, disse o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville.
Outros sofreram o “uso desnecessário, desproporcional e impróprio de armas menos letais, como gás lacrimogéneo“, acrescentou o responsável.
A agência da ONU também está a acompanhar várias queixas sobre detenções, não apenas de manifestantes e ativistas, mas também de pessoas ligadas às redes sociais, embora tenha dito que está a enfrentar uma “falta de transparência” que dificulta o avanço nestas investigações.
Além dessas prisões, surgiram relatórios que revelam casos de sequestro de manifestantes e voluntários, que vão aos protestos para ajudá-los. “Todas essas reclamações devem ser investigadas rapidamente, precisamos esclarecer o paradeiro dos desaparecidos e saber quem são os responsáveis”, afirmou Colville.
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas desde o início de outubro em Bagdad e no sul do país para exigir mudanças políticas amplas. Os manifestantes reclamam da corrupção generalizada, da falta de oportunidades de emprego e os péssimos serviços básicos, incluindo cortes regulares de energia, apesar das vastas reservas de petróleo do Iraque.
Os protestos espalharam-se para diferentes cidades do Iraque, apesar da repressão e da ameaça de que a lei antiterrorismo será aplicada a todos os que usarem a violência que sabotam propriedades públicas ou que atacam agentes de segurança com armas de fogo.
A pena de morte pode ser aplicada, temendo-se que possa ser usada para intensificar a repressão de pessoas que não são realmente responsáveis por nenhum desses atos.
ZAP // Lusa