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“O Governo vai recuar no aumento idiota do IUC”

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Fernando Veludo / LUSA

Condutores durante a Manifestação Nacional STOP IUC

Enquanto milhares protestaram neste fim de semana, outros foram criticados pelo silêncio sobre este assunto.

Os protestos contra o anunciado aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para veículos anteriores a Julho 2007 intensificaram-se ao longo deste fim de semana.

No sábado houve buzinão em Lisboa, convocado pelo Chega – partido que tem repetido que o Governo “dá com uma mão e tira com a outra”.

“O IUC acaba por ser simbólico neste orçamento [de Estado para 2024], porque é tudo aquilo o contrário do que o Governo disse que ia fazer. Prometeu proteger aqueles que têm menos, que têm sido sacrificados nos últimos anos, e vai sacrificar aqueles que têm carros mais antigos, que é precisamente os que têm tido mais dificuldades”, comentou o presidente do Chega, André Ventura, durante o protesto.

Manifestantes buzinavam em carros estacionados no interior da rotunda do Marquês do Pombal, enquanto algumas centenas protestavam, empunhando bandeiras do Chega e gritando “Está na hora, está na hora, de o Costa ir embora”.

Num palco, via-se um cartaz com a cara do ministro das Finanças, Fernando Medina, rodeado de notas de cem euros, e a mensagem “IUC a aumentar e o povo a pagar”.

“Quando olhamos para este orçamento, percebemos que na verdade o Governo quis dizer que baixava um bocadinho o IRS para depois aumentar todos os impostos transversais“, disse o líder do Chega, acusando o executivo socialista de “roubo e vigarice”.

Com o PS com maioria absoluta no parlamento, afirmou, o partido tem de se fazer ouvir “na rua”.

“Estas ações vão repetir-se em vários pontos do país enquanto o Governo não compreender que não pode dar com uma mão e tirar com a outra. Espero que [o primeiro-ministro] António Costa perceba isso”, prometeu André Ventura.

Também aumenta nas motos

Também em Lisboa, mas no domingo, houve dois protestos que juntaram milhares de pessoas, acima de tudo motociclistas.

Milhares de motociclistas de vários pontos do país encheram várias estradas da capital, classificando o aumento do IUC como “um roubo” para encher os cofres do Estado.

Em causa está um aumento do IUC para as motos, previsto no Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024), que vai começar a ser aplicado a partir de janeiro.

Os motociclistas dirigiram-se para Belém, para entregar um documento ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a alertar para o que dizem ser uma medida discriminatória do Governo.

“Temos que manifestar o nosso desagrado face a este abuso. Não é, de forma alguma, justo. É uma medida que nos apanhou de surpresa“, afirmou à Lusa Jorge Gameiro, que faz parte da organização do protesto.

Conforme defendeu, as motas são, hoje em dia, veículos de mobilidade para muitas pessoas e um acréscimo de até 25 euros a um IUC de 120 ou 130 euros é insuportável.

Cada vez mais, a mota é um veículo alternativo. As pessoas, nas grandes cidades, podem deslocar-se de mota facilmente. É um veículo económico e adequado”, sublinhou.

PS vai pagar nas eleições

Poucas horas depois, várias centenas de automobilistas e motociclistas juntaram-se em Lisboa, contra o aumento do IUC, medida que dizem ser “vergonhosa e injusta”, e avisam o PS que decisões como esta vão influenciar o resultado das próximas eleições.

Os automobilistas circularam, em marcha lenta, ao som de buzinas, exibindo nos vidros dos carros alguns cartazes, onde era possível ler frases de ordem como “IUC — Inaceitável Usurpação ao Contribuinte” ou “Imoral, Ultrajante e Criminoso”.

A fotografia do ministro das Finanças, Fernando Medina, também aparecia em vários cartazes, seguida da frase “Papa IUC”.

André Santos, um dos automobilistas presentes no protesto, classificou o aumento do IUC como “uma medida injusta, exceto para dois ou três senhores, que são os que mandam”.

O manifestante sublinhou que o Governo tem que “pensar seriamente no que está a fazer”, uma vez que esta decisão vai afetar uma grande parte do seu eleitorado.

“Esta medida vai afetar as pessoas que mais precisam. Normalmente, quem tem um carro com 20 ou 25 anos não é porque quer, mas porque precisa […]. Este é um aumento absurdo, que, em alguns casos, vai ser de 400% ou 600%. Vamos fazer tudo para que esta medida não seja aprovada”, afirmou à Lusa Fernando Sá, que faz parte do movimento Stop IUC, enquanto responsável pelos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.

O protesto, organizado pelo STOP IUC, um movimento de cidadãos apartidário, decorreu também em Leiria, Beja, Aveiro, Faro, Braga, Porto, Viseu, Bragança, Vila Real e Castelo Branco.

Criticadas pelo silêncio

Meia centena de pessoas, entre os concentrados junto à Câmara do Porto e os que, de carro, seguiam em marcha lenta no perímetro do edifício, cortando parcialmente o trânsito na Avenida dos Aliados, protestaram neste domingo contra o aumento do IUC.

Os manifestantes queixam-se de falta de apoio das associações do sector automóvel e querem garantias de que, nos casos comerciais, o aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) aos veículos anteriores a 2007 será imputado aos clientes.

O porta-voz do movimento que gerou a nível nacional a manifestação STOP IUC, Fernando Charais, disse à Lusa que o “corte parcial da Avenida dos Aliados aconteceu porque não tiveram autorização formal do comando da PSP para fazer uma marcha lenta”.

“Há 3,5 milhões de automóveis em Portugal anteriores a 2007 e, infelizmente, constatamos que não há ninguém que represente esta fatia porque as associações do sector estão caladas, se calhar interessa-lhes vender mais meia dúzia de carros novos”, criticou Fernando Charais.

E prosseguiu: “As associações podiam e deviam pressionar o ministro da tutela para cancelar esta intenção, pois todos os motivos que invocam caem pela base, até as associações ambientalista são contra, o que é uma coisa quase surreal.”

Recuo?

Perante estes e outros protestos, o Governo vai recuar nessa proposta, acredita José Manuel Portugal.

O comentador disse na RTP que esta medida não daria muito dinheiro aos cofres do Estado.

“Parece-me até que esta situação é um pouco idiota, embora também tenha sido aproveitada e extrapolada por parte da oposição”, analisou.

“Mas, na realidade, parece-me que é uma medida que o Governo pode perfeitamente recuar e deixar cair“, completou o comentador.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. Chamam-lhe imposto único de circulacao, mas temos de pagar mesmo que o carro não circule! Ao menos voltem ao antigo selo do carro que as pessoas compravam quando precisavam.

  2. Este aumento vai sobrecarregar, entre outros, os automobilistas do Interior, das aldeias onde os transportes públicos estão ausentes, vai sobrecarregar os pequenos agricultores que fazem uma agricultura de subsistência e vendem nas feiras e vai sobrecarregar os pensionistas que usam o carro para se deslocarem aos Centros de Saúde e Hospitais.

  3. Pneus – ecotaxa por causa do ambiente
    Óleo – ecotaxa por causa do ambiente
    gasóleo/ gasolina – taxa CO2 por causa do ambiente
    IUC + taxa CO2 por causa do ambiente
    É verdade que quando o carro circula ele polui com os seus pneus, óleo e combustível, Qual a lógica do IUC e a taxa CO2 ???
    O ambiente é a galinha dos ovos de ouro do sr Costa e Medina para assim camuflarem a incompetência na redução de despesa do Estado e melhoramento da sua eficiência,

  4. Votam PS dá nisto, então com maioria é sempre a aviar.
    Concordo com o comentário acima, o ambiente é desculpa para todos os impostos. Ainda se ao pagar essas taxas “ambientais” houvesse uma diminuição da poluição seria justo. Agora assim não. E irem atrás de quem realmente polui. Isso não porque são futuros tachos para quando saírem do governo.

  5. Os miúdos ambientalistas desta medida do governo não criticam até batem palmas. Assim não há circo não se vão amarar a uma ponte pedonal . E temos o chega aproveitar-se da situação.
    Os carros novos também pagam IUC com exceção dos elétricos.

  6. Se esta ladroeira fosse àvante como o modina queria a babar-se e a esfregar as mãos de contentamento e risos à mistura lá iriam sacar mais uns cobres aos pobres tolos , mas que para eles era o paraíso da fiscalidade, como se lhes estivesse a cair das nuvens.
    Se esta ladroeira fosse àvante como o modina queria o PS dava um estoiro e acabava por ter tantos votos como o comunista ou o BE.
    Temos agora o super Santos que enquanto lá esteve nada fez e até acabou por fazer as malas e ir-se embora.
    O Casta escorregou diante dos portugueses e agora anda a tentar apagar o incêndio com baldes de água mas já não vai a tempo. Educação, saúde, habitação ferrovia etc. lá ficaram à espera.
    Já não acredito em políticos.

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