Protestos refletem “frustração genuína” pelo fracasso nas reformas da Justiça, diz Obama

Patrick Hamilton / G20 Australia

O ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama

O ex-Presidente norte-americano Barack Obama afirmou que os protestos após a morte de George Floyd “representam uma frustração genuína e legítima pelo fracasso de décadas em reformar as práticas policiais e o sistema de justiça criminal nos Estados Unidos”.

Numa publicação divulgada na segunda-feira no Medium, citado pela NPR, Obama disse igualmente que “a pequena minoria de pessoas que recorreu à violência” nos protestos está “a colocar pessoas inocentes em risco, a agravar a destruição de bairros, que muitas vezes já têm poucos serviços e investimentos, e a prejudicar uma causa maior”.

“Vi uma mulher negra, idosa, a ser entrevistada hoje, em prantos, porque o único supermercado do seu bairro havia sido destruído. Essa loja pode levar anos para recuperar. Então, não vamos desculpar a violência, racionalizá-la ou participar dela”, referiu.

O primeiro Presidente afro-americano dos EUA expôs publicamente a sua opinião depois da sexta noite consecutiva de protestos – violentos em algumas cidades – no país, resultado da revolta popular causada pela morte de Floyd.

“Devemos lutar para garantir que temos um Presidente, um congresso, um departamento de justiça e um sistema judicial federal que realmente reconheçam o papel contínuo e corrosivo que o racismo desempenha na nossa sociedade, e fazer algo sobre isso”, frisou.

Contudo, escreveu, os funcionários “que mais importam na reforma dos departamentos da polícia e do sistema de justiça criminal” trabalham a nível estadual e local. São os presidentes das câmaras e os executivos dos diferentes condados que nomeiam os chefes de polícia e negociam com os sindicatos, enquanto os promotores e os advogados do estado “decidem se devem ou não investigar” os agentes com “má conduta policial”.

Todas esses cargos são decididos através de voto, tendo, geralmente, uma afluência “lamentavelmente baixa” de eleitores, “especialmente entre os jovens”. Para o Ex-Presidente, isso “não faz sentido dado o impacto direto que essas funções têm nas questões de justiça social”.

Em 2014, Obama criou uma força-tarefa sobre o “policiamento do século XXI”, após Michael Brown ter sido morto pela polícia, em Ferguson. O jovem afro-americano, de 18 anos, estava desarmado quando foi abatido a tiro, em agosto desse ano, pelo agente da polícia Darren Wilson.

Muitas das reformas na polícia e na justiça criminal criadas pela administração Obama foram abandonadas durante o governo do atual Presidente, Donald Trump. Este último, que classificou a morte de Floyd como uma “grave tragédia”, instou os governos estaduais e locais a tomarem medidas agressivas para conter qualquer agitação violenta.

ZAP //

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