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Protestos em Cuba já registam uma morte e mais de uma centena de detenções

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Ernesto Mastrascusa / EPA

Confrontos entre apoiantes e opositores do presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel

Milhares de cubanos têm saído às ruas para protestar contra o regime. Esta segunda-feira, um manifestante morreu durante um confronto com as autoridades. Há vários feridos e muitas pessoas foram detidas.

Um homem de 36 anos morreu, esta segunda-feira, durante um confronto entre manifestantes e forças de segurança, em Havana, tendo várias pessoas ficado feridas e outras sido presas, informou a agência de notícias de Cuba (ACN).

De acordo com a ACN, o protesto de segunda-feira, num dos bairros mais pobres da capital, foi veiculado em vários vídeos nas redes sociais, apesar de o Governo manter o acesso à Internet móvel cortado desde domingo.

Nas imagens, dezenas de pessoas são vistas a avançar pelas ruas a gritar palavras de ordem como “liberdade” ou “o povo unido nunca será vencido”.

Segundo a versão da ACN, citada pela agência EFE, os manifestantes “provocaram desordem e tentaram dirigir-se à sede da Polícia Nacional Revolucionária (PNR), com o objetivo de atacar as forças de segurança e danificar as instalações”.

Os meios de comunicação pró-Governo acusam os manifestantes de atacarem os polícias com pedras e facas, vandalizar casas, atear fogo em contentores e danificar linhas de transmissão.

Garantem ainda, de acordo com a EFE, que a vítima mortal tinha “antecedentes de desacatos, furtos e conduta desordeira” e que as autoridades estão a investigar as circunstâncias do óbito.

Yamil Lage / APF

Manifestante detido durante protestos em Havana contra o presidente Miguel Diaz-Canel e pela Democracia em Cuba

A manifestação ocorreu um dia depois de milhares de pessoas terem saído às ruas para protestar contra o Governo de Miguel Díaz-Canel, a quem culpam pela falta de alimentos e remédios, cortes de energia e o pior surto de covid-19 desde o início da pandemia.

Segundo a organização internacional Human Rights Watch, mais de 150 pessoas terão sido detidas ou estão desaparecidas. O Movimento San Isidro, que defende a expressão artística cubana, publicou uma lista de ativistas que terão sido detidos pelas autoridades.

Entre os detidos está a jornalista Camila Acosta, de acordo com o chanceler espanhol, José Manuel Albares, que pediu a sua libertação. Mas também o artista Luis Manuel Otero Alcántara, o dissidente moderado Manuel Cuesta Morúa e o dramaturgo Yunior García Aguilera.

No domingo, jornalistas da CNN testemunharam várias pessoas a serem detidas à força e atiradas para as traseiras de carrinhas em Havana. Até ao momento, o Governo cubano não disse quantas pessoas foram presas ou feridas nos protestos.

EUA pedem a Cuba que restabeleça o acesso à Internet

Esta terça-feira, os Estados Unidos apelaram a Cuba para restabelecer o acesso à Internet móvel, reafirmando também os pedidos de libertação dos manifestantes detidos.

“Pedimos aos líderes cubanos que mostrem moderação e respeitem a voz do povo, abrindo todos os meios de comunicação online e offline”, disse aos jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price.

Numa conferência de imprensa em Miami, Orlando Gutiérrez-Boronat, cofundador do Diretório Democrático Cubano, dirigiu-se ao Presidente dos EUA, Joe Biden, apelando a que “intervenha e proteja o povo cubano de um banho de sangue”, cita o jornal Público.

“A grande maioria dos cubano-americanos, este grande bloco de eleitores, agradecer-lhe-ia por ajudar a derrubar o regime“, disse ainda.

A União Europeia também já apelou às autoridades cubanas para libertarem “imediatamente” todas as pessoas, manifestantes e jornalistas detidas nos protestos, uma prática que qualificou como “inaceitável”.

“Temos conhecimento de relatos não só da detenção de pessoas de opositores e ativistas, mas também de jornalistas. Isto é absolutamente inaceitável“, disse o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, também exortou ao respeito pelo direito à manifestação em Cuba e voltou a pedir o fim das sanções norte-americanas ao país, para tentar diminuir a crise económica.

“A posição de Portugal é muito simples: nós esperamos que a situação em Cuba evolua de forma positiva e que sejam respeitados os direitos das pessoas, entre os quais, do nosso ponto de vista, se inclui o direito a manifestações e reuniões pacíficas”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa, em declarações à agência Lusa.

Augusto Santos Silva manifestou o desejo de que “os problemas da natureza económica social e política tenham respostas e soluções políticas”, porque “essa é a melhor maneira de resolver os problemas”.

O ministro também abordou as sanções económicas impostas pelos EUA à ilha do Caribe e reafirmou críticas antigas. “Portugal também entende, como muitos outros países no mundo, que o levantamento de sanções por parte dos Estados Unidos ajudaria bastante a superar algumas das dificuldades económicas com que Cuba se confronta”.

As manifestações que começaram no domingo são as maiores naquele país das Caraíbas, desde o “Meleconazo”, ocorrido em agosto de 1994, em Havana.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Finalmente, o povo oprimido pela ditadura, já não aguenta mais. Em pleno século XXI, para que serve aquele regime miserável? Está na altura dos cubanos saberem um pouco do que é viver com o mínimo de decência.

  2. Tudo isto aconteceu no dia em que a RTP transmitiu um programa especial para comemorar os 100 anos da ditadura do PCP, por lá estão fartos de ser escravizados e humilhados, por cá tentam-nos de forma sorrateira impingir aquilo que há muito deu provas de falhanço total.

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