Promessas de Montenegro não convenceram ninguém

António Pedro Santos / Lusa

O primeiro-ministro, Luís Montenegro

Suplemento para pensionistas? “São pensos rápidos, no mês seguinte voltam os problemas”. Mais médicos formados? “Portugal tem médicos suficientes, só que descontentes”. As promessas do primeiro-ministro nem aos “beneficiados” convenceram.

Esta quarta-feira à noite, na rentrée do PSD, no Pontal (Algavre), o primeiro-ministro Luís Montenegro fez três promessas aos portugueses, para o “novo ano” político.

Uma das promessas foi o suplemento extraordinário para pensões mais baixas.

Luís Montenegro anunciou um “suplemento extraordinário” pago apenas em outubro e que será de 200 euros, para quem tenha pensão até 509,26 euros, de 150 euros para as pensões entre 509,26 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018,52 e 1527,78.

Na reação à nova medida, os pensionistas queixaram-se de que esse suplemento não vai resolver-lhes os problemas.

“Parece-nos que não resolve nada”, destacou Isabel Gomes, presidente da direção da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI), salientando que “são apenas pensos rápidos que vão colocando”.

“Aquilo de que nós precisamos, é, de facto, de um aumento de pensões e o que nós colocávamos no início deste ano, de 7,5% sobre o valor de dezembro, num mínimo de 70 euros, é o fundamental, porque 100, 150 ou 200 euros agora” não se irão “repetir no mês seguinte, quando voltarem os mesmo problemas”, referiu.

Maria do Rosário Gama, presidente da direção da APRE – Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados tem uma opinião semelhante: “É uma situação pontual, não é estrutural, ou seja, começa e acaba no mesmo mês, paga-se em outubro e já não será paga mais vezes e, portanto, não resolve o problema das pessoas com pensões muito baixas”.

Pensão rápidos não curam

Outra das promessas foi de mais vagas nos cursos de Medicina para suprir a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Para isso, Montenegro anunciou a criação dos cursos de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e na de Évora (UE).

Porém, a Ordem dos Médicos (OM) considera a medida “populista e irrealista”, afirmando que essa estratégia não vai resolver os problemas.

“Está mais do que provado que Portugal tem os médicos suficientes, só que não estão no SNS. Em vez de desviarmos as atenções com medidas de algum populismo, mas irrealistas para este momento, devemos concentrar-nos no SNS e na sua capacidade para atrair recursos humanos agora”, disse o bastonário Carlos Cortes.

À Lusa, em comentário aos anúncios de Luís Montenegro, para a área da saúde, o bastonário pediu que não se empurrem os problemas.

“O país, neste momento, não tem um problema em estudantes ou diplomados em Medicina. O país tem um problema no SNS. Não queria que, mais uma vez, caíssemos nesta falácia de fazer uma ligação direta entre o número de estudantes de Medicina e o número de médicos especialistas no SNS”, disse Carlos Cortes.

“Portugal tem médicos suficientes. Portugal é, na análise da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico], dos países que tem mais médicos por 1.000 habitantes (…). Parece sempre muito simpático junto da população dizer que se vai aumentar o número […] mas o que o país precisa mais não é de mais vagas, é de medidas para atrair médicos”, reafirmou.

“Melhores condições de trabalho para os médicos, valorizar a carreira dos médicos, rever as questões remuneratórias com os sindicatos e melhorar a formação e a investigação para atrair mais médicos” – são algumas das medidas verdadeiramente urgentes que Carlos Cortes enumerou.

ZAP // Lusa

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