A preparação do ano lectivo está a fazer-se com reuniões presenciais de professores nalgumas escolas, o que vai contra as recomendações da Direcção Geral de Saúde. Há quem tema que o arranque do ano possa estar “em causa”, enquanto a Associação Nacional de Professores assume que “vamos ter escolas com algumas falhas”.
Há professores que não voltaram aos estabelecimentos de ensino onde leccionam desde 13 de Março, quando encerraram as escolas por causa da pandemia, realizando o seu trabalho à distância, através de vias digitais.
Mas em diversos estabelecimentos de ensino, estão a decorrer reuniões presenciais de professores “com 20, 30 ou mais pessoas no mesmo espaço”, como se denuncia no blogue VozProf que se dedica às temáticas da Educação.
Uma realidade que é confirmada ao ZAP pela presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), Paula Figueiras Carqueja, que nota que muitos professores têm contactado esta entidade para saber “o que podem fazer, considerando-se, muitos deles, de risco”, e para saber “quais são os direitos e deveres” que se aplicam nesta situação.
Paula Carqueja destaca que a ANP comunicou à Secretária de Estado da Educação, Susana Amador, a recomendação de que “todas as reuniões de professores fossem sempre através de uma plataforma digital e online“.
No documento “Orientações Ano Lectivo 2020/2021“, a própria Direcção Geral de Educação (DGE), em consonância com as regras da Direcção Geral de Saúde (DGS), nota que as direcções de cada agrupamento de escolas devem “privilegiar a via digital para todos os procedimentos administrativos, sempre que possível”, bem como “suspender eventos e reuniões com um número alargado de pessoas“.
“Vai contra as normas” e “é perigoso”
Numa altura em que as regras de “limitação de ajuntamentos” da DGS continuam a vigorar, determinando que não haja encontros com mais de 20 pessoas, ou no máximo 10 no caso da Área Metropolitana de Lisboa que está em Estado de Contingência, estas reuniões podem ter “resultados nefastos no bom funcionamento dos agrupamentos”, alerta o blogue VozProf.
Esta publicação refere que pode haver professores “empurrados” para “baixas médicas” e para a “obrigatoriedade de isolamento”, colocando “em causa o início do ano lectivo“.
Também no blogue Eduprofs se salienta essa ideia, com a ressalva de que pode estar em causa “a saúde de docentes, não docentes e de toda a comunidade educativa“, instando, assim, as direcções dos agrupamentos a cumprirem as orientações da DGS.
“Como vamos entender que possa haver gente infectada em reuniões que depois não possa cumprir o objectivo mais importante de dar aulas? Como se pode aceitar que possa haver alunos que fiquem sem aulas para se fazerem, dias antes, reuniões em cascata?”, questiona, por seu turno, o professor Luís Sottomaior Braga do Agrupamento de Escolas da Abelheira, em Viana do Castelo, através do seu perfil do Facebook
Este ex-director de um Agrupamento de Escolas critica o que chama de “carnaval carioca de reunite presencial nas escolas“, considerando que “vai contra as normas, é perigoso, põe em risco o objectivo de começar as aulas e até é pouco eficiente”. “As reuniões à distância foram mais eficazes”, conclui.
Também a presidente da ANP considera que em reuniões virtuais haveria menos “ruído”, o que as tornaria “mais céleres”.
Mas se há tanta preocupação quanto às reuniões presenciais que envolvem apenas adultos, a abertura do ano lectivo com o regresso das crianças não será muito mais preocupante?
Confrontada com esta pergunta, Paula Carqueja refere ao ZAP que o problema é que “neste momento, temos todos os professores“, incluindo “professores de risco“, que estão ao serviço desde 1 de Setembro.
Quando abrir o ano lectivo, “de certeza que não vai haver encontros de sala de professores” e “como cada turma vai ter a sua sala”, não haverá o “aglomerado” de pessoas que a DGS não recomenda, analisa Paula Carqueja.
“Vamos ter escolas com algumas falhas”
Sobre a reabertura do ano lectivo, a presidente da ANP considera que “as escolas estão preparadíssimas“, embora reconheça que nalguns estabelecimentos haverá “algumas falhas”.
“Umas escolas estão mais bem preparadas do que outras”, admite Paula Carqueja ao ZAP, salientando que isso pode dever-se a factores como o “número menor de alunos” que frequentam algumas delas, até à “própria arquitectura” dos estabelecimentos.
A ANP tem “trocado impressões com directores de agrupamentos e com professores” e “todas as escolas estão a cumprir, dentro daquilo que é o razoável“, as medidas da DGS, vinca ainda Paula Carqueja.
Quando não é possível cumprir o distanciamento social de 1,5 ou 2 metros, está a ser utilizada “a regra do bom-senso” e a “minimizar todos os riscos que possam advir daí”, acrescenta esta responsável.
Em declarações ao ZAP, Paula Carqueja destaca que é complicado cumprir medidas como “o desdobramento de turmas”, a “redução do número de alunos por turma” e ter “um número mais alargado de professores”.
Mas sustenta que “Portugal está a trabalhar igual a outros países”, nomeadamente Espanha, Itália e França, adoptando os “mesmos procedimentos” e enfrentando as “mesmas dificuldades”.
Professores “preparados” para a crise do medo
A mensagem que Paula Carqueja quer deixar aos pais e encarregados de educação é de que tenham “confiança plena na instituição”, “confiança nos professores e nas escolas”.
A presidente da ANP frisa ainda ao ZAP que os “professores estão preparados” para lidar com a crise do medo que assola tanto crianças como adultos, nestes tempos conturbados.
Mas para ajudar os professores com as “angústias e medos” e “como trabalhar isto com as crianças”, a ANP vai promover um webinar para docentes, com a participação de psicólogos, no próximo dia 14 de Setembro.
“Os professores também têm medo”, aponta Paula Carqueja, considerando, contudo, que acredita “piamente” que não vão deixar transparecer esse receio para os alunos fruto da sua “experiência pedagógica e humana”.
A presidente da ANP realça a sua “capacidade de se organizarem como professores”, colocando de parte o lado mais pessoal, para “criarem o bem-estar, dissiparem os medos [das crianças] e fazê-las acreditar que vamos todos conseguir” ultrapassar estes tempos de pandemia.
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Professores reunirem-se presencialmente para preparar o início das aulas é um escândalo, mas milhares de pessoas reunirem-se para assistir a um festival de música comunista é aceitável. O cúmulo da hipocrisia.
Tudo é um “escândalo”; haja tempo livre e vontade de disparatar!…
Até o “festival de música comunista” foi um escândalo quando em Fátima há cerimónias TODOS os dias, desde 30 de Maio!…
Os professores, esses eternos sacrificados, que ganham muito mal (NÃO). Não têm praticamente férias durante o ano (literalmente MESES de férias) e fartam-se de trabalhar. Coitados
Me ! Candidata-te a professor….é um bom emprego. Pela forma como o descreves deve ser o melhor emprego do mundo. Só não percebo é como o melhor emprego do mundo, tem uma elevada taxa de trabalhadores envelhecidos comparado com outras profissões. Será que tantas férias faz mal à saúde?
Porque não és professor? Eu optei por não ser. Ganho mais ou menos o mesmo. Posso fazer férias sem ser obrigatoriamente em Agosto. Saio do trabalho e deixo-o para trás, não trago testes, exercícios, composições para corrigir, não tenho que preparar o trabalho em casa, faço isso na empresa. Tenho fins de semana só para mim e, principalmente, não tenho que aturar os malcriados dos filhos dos outros. Ui, muito me queixo! Ah, e ao contrário de muitos, sou agradecido a quem me preparou para ter hoje um bom emprego e uma vida confortável.
Sabe qual é o seu problema e de muita gente? Acha que sabe tudo. É professor, treinador de futebol, psicólogo, etc. São todos burros, exceto o senhor. Se fosse assim tão inteligente ganhava mais que um professor “malandro” e não precisava de escrever comentários parvos e ilógicos. Quando acordar vá para o seu emprego “maravilhoso”, enquanto outros fazem aquilo que gostam. Ganhe vergonha se não fossem eles, você nem este mail saberia escrever. Estudasse…
Reuniões presenciais com 20 a 30 professores é muito grave, mas as aulas presenciais com 28 alunos por sala já não é grave!
É facil tecer comentários sobre noticias que dizem apenas 1/2 verdades. Reuniões com 20 ou 30 professores! mas nada é dito sobre as condições dessas reuniões… Ao fazer-se tais afirmações deveriam dizer qual a área das salas, qual o afastamento entre cada um dos participantes, etc… Se as reuniões forem por exemplo no pavilhão desportivo ou na cantina qual é o problema?
Sou da opinião que uma vez mais estamos presente uma classe social que históricamente reclama de tudo porque trabalha muito (5 horas dia), recebe mal (no minimo 1250€ em inicio de carreira), não pode trabalhar à porta de casa e, por vezes tem que se deslocalizar para trabalhar, não podem fazer outro tipo de trabalhos porque tem um canudo de docente e fazer outro trabalho é desprestigiante, entendem que com o canudo o estado tem a obrigação de lhes garantir emprego, etc…
A titulo de exemplo um trabalhador do privado que more no porto se tiver uma oferta de trabalho para lisboa também tem que se deslocalizar e se não agrada não se aceita… os professores que façam o mesmo e dão as oportunidades a outros que estejam disponiveis…
Agora coitados não querem dar aulas presenciais porque podem ter que contactar com 20 ou 30 alunos…
e os trabalhadores de uma pastelaria que podem lidar com dezenas ou centenas de clientes dia, os trabalhadores de um restaurante, de uma loja de roupa não teriam mais argumentos dado que na maioria das vezes nem sequer conhecem quem atendem?
Pois mas estes tem que trabalhar até porque alguns dos clientes são professores que não podem contactar com 20 ou 30 alunos mas depois podem contactar com o empregado do café, do talho, da mercearia, podem caminhar livremente na praia ou no centro comercial…
Ganhem vergonha na cara de façam o V/ trabalho tal como todos nós… mas sim é bem melhor ficar em casa a coçar a micose e a ganhar o mesmo que estar a dar aulas…
Sabe qual é o seu problema e de muita gente? Acha que sabe tudo. É professor, treinador de futebol, psicólogo, etc. São todos burros, exceto o senhor. Se fosse assim tão inteligente ganhava mais que um professor “malandro” e não precisava de escrever comentários parvos e ilógicos. Quando acordar vá para o seu emprego “maravilhoso”, enquanto outros fazem aquilo que gostam. Ganhe vergonha se não fossem eles, você nem este mail saberia escrever. Estudasse…
Não sou burro, estudei e continuo a estudar muito para me manter atualizado sobre as funções que desempenho…
Enquanto a senhora estava em casa a “coçar a …” eu estava a trabalhar e continuo a trabalhar num setor que nunca parou durante a pandemia…
E para que conste em lado nenhum digo que os professores são burros mas se a senhora, que depreendo seja professora, acha que é burra quem sou eu para nega-lo…
Ir dar aulas presenciais é estar na primeira linha do campo de batalha. Não sei se é uma pessoa que geralmente só pensa em si, que não tem mais nada que fazer senão andar a criticar. Deveria tentar informar- se e talvez descobri- se que há lutas mais importantes que essa que está a fazer. A escola é tão importante que, quando começar a haver surtos, serão os alunos, os professores, os encarregados de educação, os avós, os tios, os primos, os vizinhos, os donos de lojas e pode ter a certeza que chegará a si, mesmo estando sentado numa cadeira a espezinhar os professores (certamente também precisa ir às compras, à farmácia)gente burra que não pensa nas consequências de dar aulas presenciais. Ainda não reparou, tão entretido que está com os professores que essa treta toda das mascaras, da máxima segurança não passa de engano? Pense no futuro do país. Sr. Armindo, espero que encha o seu coração de amor e que deixe de falar de uma classe que não conhece, como pude verificar ao ler os seus comentários. Está muito longe de saber como um professor trabalha não 35 horas por semana, mas muito mais, como trabalha ao fim de semana para os filhos dos outros, deixando os seus próprios filhos sem a atenção que também merecem. Sou professora e o que me faz chorar é não ter dedicado tempo às minhas filhas, ter sempre pensado, é só agora, para a semana já vou ter tempo, e o tempo passou e já não posso voltar atrás. Não pude dedicar tempo e amor às minhas filhas porque sou professora. Escola, trabalho para a escola, trabalho para os alunos, vem o fim de semana e aproveito para continuar a fazer o que não tive tempo de fazer durante a semana. 5 horas por dia, quem me dera.
E continua o “dois pesoas, duas medidas”: 10 ou 20 pessoas é calamidade, ainda que a DGS tenha dado luz verde para o evento/ajuntamento de milhares de pessoas.
Onde está a lógica? Qual a razão da permissão de tal ajuntamento/evento de milhares de pessoas?
Seria interessante a DGS vir a público explicar qual o raciocinio, ou existe algo que desconheçamos? Sim, todos nós, Portugueses.
Reuniões de 20 pessoas ou mais e, para cúmulo, as janelas não abrem. Imaginem isso com 30 aluno lá dentro.
Ainda não consigo entender porque é que existe, hoje em dia, pessoas tão mal informadas em relação às funções de trabalho de um professor… 5 horas de trabalho??? Só mesmo a ignorância a opinar.
– 5 horas lectivas por dia (quando não é mais),
– preparação das aulas adequada a cada turma, sim porque os 28 alunos de cada turma não têm a mesma capacidade de apreender a matéria ( chega a ser 10 turmas)
– correção de trabalhos (some 10 turmas x 28 alunos = 280 trabalhos),
– reuniões de departamento onde são discutidas pedagogias de ensino, métodos de avaliação e correção, discussão de temáticas a desenvolver na escola durante o ano lectivo (por ex: dia do livro, dia das línguas, dia do sustentabilidade) etc ect ect…
– reunião com pais
– assistência a alunos geralmente com grupos de trabalho para alunos com problemas de aprendizagens.
Ainda acredita que trabalhamos 5 horas por dia???
Delfina Silvestre e acrescente ainda o facto de chegar a casa, continuar com o que se estava a fazer na escola e ainda cuidar da casa e dos filhos…
Acho uma Piada falarem que têm medo destes aglomerados de pessoas nestas reuniões antecipadas. E que tal falarem dos miúdos que vão estar todos juntos sem regras algumas no 1.ciclo. Classes com mais de 20 alunos que dormem em casa com os Pais e Irmãos. Esses devem ser imunes ou não devem contagiar outros pelo que parece. Mas será que só sou eu que vejo que o número de infectados está a aumentar como os outros Países que esta notícia em cima refere que estamos a copiar as ideias?