“Hoje estavas deslumbrante”: professor assedia aluna na Universidade Nova

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Clonny / Flickr

Mais um relato de assédio sexual, desta vez num curso da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

O assédio sexual no ensino superior estava algo “escondido” mas, nos últimos tempos, sucedem-se as denúncias que chegam à comunicação social.

O foco tem sido a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que, após a divulgação de uma denúncia, recebeu dezenas de denúncias em poucos dias. 31 professores entraram na lista.

O novo relato, divulgado pela RTP nesta sexta-feira, surge também em Lisboa, mas na Universidade Nova da capital.

O caso ocorreu em 2017 e envolveu uma aluna do curso de História. Na altura, a jovem tinha 19 anos.

No seu segundo ano, escolheu uma disciplina opcional do curso de Antropologia e foi aí que se cruzou com um professor que se começou a aproximar mais do que seria suposto.

O primeiro episódio foi o envio de um e-mail, por parte da aluna, a justificar uma falta. O professor respondeu, escreveu que não havia qualquer problema e fechou o e-mail com “beijinhos”.

Mais tarde, o professor escreveu por sua iniciativa à aluna, perguntando-lhe se ela estava melhor. “Tomara que sim!”, acrescentou. “Achei aquilo um bocadinho estranho”, conta agora a aluna, na RTP.

Já noutro contexto, quando se apercebeu de que precisava de um livro, a aluna perguntou ao professor se ele lhe podia emprestar o tal livro. O professor acedeu e perguntou logo “onde e quando” se poderiam encontrar. A aluna disse que poderia ser na aula seguinte.

A aluna foi a essa aula “muito, muito de pé atrás”. Aí o professor informou todos os alunos que iria encerrar a aula 15 ou 30 minutos antes do suposto – a aluna apercebeu-se então de que o docente queria ficar sozinho com ela na sala.

A aluna saiu “a correr” da sala, sem ir buscar o livro. Minutos depois recebeu um e-mail do professor: “Tenho o livro para te entregar. Mas saíste tão rapidamente da sala…”.

10 minutos depois, novo e-mail do professor: “Diz-me então como queres fazer. Como posso passar-te o livro”.

Dois minutos depois, e sempre sem resposta da aluna, o professor escreveu-lhe: “E já agora deixa-me dizer-te que hoje estavas deslumbrante”, com um sorriso no final.

A aluna quase chorou nesse momento. Achou tudo suspeito e entrou “em pânico”.

Este caso verificou-se há cinco anos mas a Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa recebeu queixas recentes e está pronta para receber novas denúncias sobre a postura de professores.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

11 Comments

    • Podes crer!.. Ele devia se calhar ter sido sincero e ter dito: “a tua prestação foi uma nódoa e nem o umbigo à mostra te safou… Esse truque está muito batido.”

  1. Pois é, quando um dia lhes bater à porta uma situação destas, que coloque em risco o emprego, a família e por fim a estabilidade emocional , vão saber o que é o sabor amargo do presente, sem ter à vista o dia do amanhã. Só quem passa e as marcas profundas que deixa, é necessário um arcaboiço deste e do outro Mundo.

  2. Há casos, casos e muitos deles não têm apenas uma das partes como culpada, se observarmos bem o que se passa á nossa volta dá para pensar!

  3. Comportamento errado que deve ser reprovado, mas… de parte a parte. Tanto alunos como professores. Ponto. Porque não devem faltar também por parte de alunos, propostas de subida de nota de formas, digamos, pouco ortodoxas…

    Isto resolve-se com comunicação escrita a quem de direito e chamando-se à atenção do prevaricador, que aquele tipo de comportamento não é aceitável e que, a manter-se, terá repercussões graves: Queixa às autoridades competentes e afastamento imediato do estabelecimento de ensino enquanto o inquérito decorrer.

    É assim que se faz. Não há mistério nenhum. Basta copiar.

    PS. Espero que não se transforme algo sério e que deve ser abordado com mão firme, num caso de caça às bruxas em que aparece uma virgem ofendida de cada vez que se levanta uma pedra.

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