ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O presidente da Liga de Futebol, Pedro Proença, na apresentação da sua candidatura às eleições da Federação Portuguesa de Futebol (FPF)
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou que vai pedir uma audiência ao Governo, depois das declarações do antigo presidente do organismo e atual líder do Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes.
Este sábado, o presidente da FPF, Pedro Proença assegurou ter o apoio de Fernando Gomes a um lugar no Comité Executivo do organismo europeu.
No entanto, numa carta enviada às 55 federações membro da UEFA, o recém-eleito presidente do COP negou esse apoio e, de forma inesperada, acusou Proença de estar a seguir “o caminho da destruição do legado” que tinha deixado na FPF.
“Foi a maior das surpresas tomar conhecimento de uma carta enviada por Pedro Proença, na qual o meu nome é mencionado sem consentimento prévio ou mesmo informação”, pode ler-se na missiva de Fernando Gomes.
“Pedro Proença escolheu o caminho da destruição do legado que eu e a minha equipa construímos ao longo de 13 anos”, refere o documento.
Afrontada com estas declarações, a direção da FPF marcou uma reunião de urgência para a manhã desta segunda-feira, para analisar e avaliar as “consequências das insinuações gravíssimas” de Fernando Gomes.
Dessa reunião resultou um pedido de reunião de urgência com o Governo.
Em comunicado, a direção da FPF afirma que vai “pedir audiência com caráter de urgência ao Governo para avaliação dos impactos face aos compromissos assumidos, nomeadamente, a candidatura à organização do Europeu feminino de 2029 e a organização do Campeonato do Mundo de 2030”.
Além disso, o organismo que tutela o futebol português assegurou ainda que vai “enviar uma exposição ao Conselho de Ética do COP para avaliação da atuação do presidente do Comité Olímpico de Portugal”.
“Fernando Gomes está a prejudicar o futebol português“
Agradecendo o apoio de diversos agentes do futebol português, a direção da FPF considera que “o interesse nacional e a própria eleição do candidato nacional neste processo eleitoral fica seriamente comprometida” pelo impacto que a posição assumida por Fernando Gomes.
A FPF acusa Fernando Gomes de ter atacado a credibilidade das instituições desportivas nacionais – num cenário que, tendo em conta as eleições e os eventos a que Portugal propõe organizar, “dificilmente será reversível em tempo útil”.
“Não obstante ser claro para o país desportivo que a representação nacional no Comité Executivo da UEFA pode estar claramente em causa, a FPF mantém ativos os esforços para conseguir atingir o objetivo inicial”, assume o organismo.
Entretanto, Sporting e FC Porto vieram a público revelar a sua preocupação, por este cenário que nada de bom traz ao futebol português e ao país.
“Num momento importante para o futuro do futebol nacional, em que estão em causa projetos estruturantes como a organização do Campeonato do Mundo de 2030 e a candidatura ao Campeonato da Europa de Futebol Feminino de 2029, o Sporting CP considera fundamental que Portugal mantenha uma voz ativa e influente nos órgãos de decisão do futebol europeu”, escreveu o Sporting, em comunicado.
“Uma eventual perda de representação portuguesa no Comité Executivo da UEFA poderá comprometer a defesa dos interesses do futebol, fragilizando a posição de Portugal nas grandes decisões estratégicas do futebol europeu e mundial”, acrescenta.
O FC Porto, também em comunicado, expressou a sua “séria preocupação”.
“É absolutamente fundamental que Portugal se mantenha representado nas mais altas instâncias reguladoras do futebol internacional (incluindo na UEFA), por forma a assegurar a proteção dos interesses do futebol português a nível europeu e mundial. É por isso imperioso que se esclareçam os factos relativos a este grave incidente para que episódios semelhantes não se repitam no futuro e para que se restabeleça, de forma prioritária, a cordialidade e a normalidade no relacionamento institucional entre as entidades que regem o desporto em Portugal”, pode ler-se.
Na SIC Notícias, o comentador Pedro Fatela alertou que é preciso ter calma e prudência, “porque Pedro Proença não vai apagar o grande legado de Fernando Gomes”.
Por outro lado “Fernando Gomes tem de compreender que com essas ações está a prejudicar o futebol português“, afirmou.
ZAP // Lusa