“Príncipe da Pontinha” detido pela GNR na Madeira

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Renato Barros, o Príncipe do Ilhéu da Pontinha

A Guarda Nacional Republicana deteve, esta segunda-feira, o autointitulado “príncipe do ilhéu da Pontinha” por este se ter oposto a uma ordem de execução judicial de encerramento de instalações, informou o porta-voz do comando territorial.

“A GNR foi dar apoio a uma diligência processual para proceder ao encerramento das instalações no ilhéu e a detenção dá-se no momento em que o senhor Renato Barros se opôs à decisão”, explicou Marco Nunes, sem ter mais dados sobre as instalações em causa.

Segundo o porta-voz da GNR da Madeira, agentes que acompanhavam uma agente de execução tiveram que algemar o autointitulado “príncipe do ilhéu da Pontinha” e conduzi-lo para o comando local.

“Aí, foi identificado e o processo foi remetido para o Ministério Público”, disse, esperando-se agora os trâmites legais do processo, que deverão passar pela audição perante um juiz.

Entretanto, o professor de Educação Visual e “príncipe da Pontinha” Renato Barros, que se tornou conhecido em junho do ano passado depois de ter criado o seu próprio “reino” e anunciado a sua luta pela independência de Portugal, foi libertado. No Facebook, publicou um “post” a dizer que tinha sido detido ilegalmente pela GNR.

A história do peculiar “principado da Pontinha” remonta a agosto de 1903, quando o rei D. Carlos I de Portugal procedeu, mediante Carta Régia, à venda em hasta pública do Forte de São José, localizado num pequeno ilhéu junto ao porto do Funchal.

Quase cem anos depois, em outubro de 2000, o imóvel foi adquirido por Renato Barros, sem este saber inicialmente que a Carta Régia documentava não só a venda da propriedade, como também o domínio do ilhéu. Foi assim que o professor decidiu autodenominar-se “príncipe do ilhéu da Pontinha”.

O “principado” teve já alguns episódios marcantes, como, por exemplo, em fevereiro de 2017, quando José Manuel Coelho, deputado eleito à Assembleia Legislativa Regional, foi pedir “asilo político” ao autoproclamado príncipe, para fugir à prisão de um ano a que tinha sido sentenciado.

“Vim fugido da República Portuguesa porque me querem prender aos fins de semana”, declarou José Manuel Coelho numa chegada encenada àquele rochedo que o proprietário Renato Barros autoproclamou independente”, declarou o deputado madeirense.

“A República Portuguesa pode roubar-me o salário e tudo o que tenho, mas não me pode roubar o sentido de humor e o desejo de liberdade”, acrescentou. Na altura, o deputado regional também exibiu um suposto bilhete de identidade “emitido e assinado pelo príncipe Renato I”.

Entretanto, Renato Barros, afirmou que, na base da sua detenção, esta manhã, está um processo de execução relacionado com um alegado contrato “que envolve 200 mil euros”. “Tudo se resume a um processo em tribunal, onde um casal diz que celebrei um contrato mútuo no valor de 220 mil euros, mas eu nunca cheguei a receber esse dinheiro e o que eles queriam eram ficar com o forte“, explicou à Lusa.

O professor de Educação Visual não se alongou muito nas explicações, afirmando que o processo decorre em tribunal. “O contrato nunca foi celebrado porque me era exigido um seguro de vida e eu tenho uma incapacidade de mais de 60%, o que não me permitia”, disse.

// Lusa

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