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“Waze dos oceanos”: satélite português lançado por Musk quer gerar 100 milhões de euros por ano

Cristobal Herrera-Ulashkevich / EPA

Foguetão SpaceX Falcon Heavy, descola do Complexo de Lançamento 39A, no Centro Espacial Kennedy da agência, em Cabo Canaveral, Florida, EUA.

Primeiro satélite comercial português é lançado para o Espaço esta terça-feira, à boleia da SpaceX. Vai transmitir informações em tempo real para navios. “Waze dos oceanos” será “o primeiro satélite português a gerar receita”.

O primeiro satélite comercial português, PoSAT-2, será lançado esta terça-feira pela SpaceX do bilionário Elon Musk com o objetivo de criar um “Waze dos oceanos” — um serviço que permitirá transmitir informações em tempo real para navios, incluindo “informações meteorológicas, de marés, do fundo do mar, avistamento de piratas, emergências, derramamento de petróleo e icebergues”.

Desenvolvido pela portuguesa LusoSpace, o satélite pretende revolucionar a navegação marítimae estima gerar receitas anuais de 100 milhões de euros a partir de 2029, revela o CEO Ivo Yves Vieira ao Jornal Económico esta segunda-feira.

“Este será o primeiro satélite português a gerar receita”, diz o engenheiro físico: “é o Waze dos oceanos“.

Com a tecnologia VDES (VHF Data Exchange System) , o PoSAT-2 — assim apelidado em homenagem ao PoSAT-1, o primeiro satélite português, lançado em 1993 — será o primeiro passo na criação de uma constelação de 12 satélites que cobrirão os oceanos globalmente até 2029. Atualmente, a empresa já opera o sistema AIS, e prevê receitas de 10 milhões de euros anuais a partir de 2027.

“O VDS é o sistema que vai permitir enviar mais informação e que vai criar o serviço de Waze dos oceanos, explica o empresário.

O lançamento do PoSAT-2 terá lugar na Base Espacial de Vandenberg, na Califórnia, com o foguetão Falcon 9 da SpaceX. O satélite será colocado numa órbita inicial a 500 km de altitude, subindo posteriormente para 550 km, o que prolongará a sua vida útil.

“Através desse sistema, vamos criar um novo tipo de serviço inovador a nível mundial“, disse Yves Vieira em dezembro, altura em que também apresentou o “Twitter dos oceanos”.

O investimento no PoSAT-2 totalizou 15 milhões de euros, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A missão inclui outro satélite português, o Prometheus-1, desenvolvido pela Universidade do Minho. Este projeto pedagógico visa formar futuros especialistas na área espacial e contou com um orçamento de 100 mil euros, apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e o Instituto Superior Técnico.

Em março, Portugal voltou ao Espaço 30 anos depois com outro satélite nacional, o MH-1 do projeto Aeros, também ele à boleia da SpaceX.

O primeiro satélite português a entrar em órbita foi o PoSat-1, a 26 de setembro de 1993. Está hoje à deriva, depois de em 2006 ter deixado de comunicar.

Em maio de 2024, o Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa viu aprovada uma licença de operações espaciais de lançamento e de comando e controlo de um satélite para o Espaço.

Em causa, o satélite ISTSAT-1 (Cubesat 1U), cujo lançamento aconteceu em julho. O foguetão vai garantir à Agência Espacial Europeia (ESA) o seu acesso autónomo ao Espaço de uma forma mais sustentável: vai eliminar a fase superior do lançador à medida que sobe, para evitar que se transforme em lixo espacial.

ZAP //

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