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Nanossatélite português apanha hoje boleia do Ariane 6 para o Espaço

ESA

Ariane 6

A Europa vai regressar ao Espaço esta terça-feira com o terceiro satélite português “no colo”.

O nanossatélite português ISTSat-1, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST), é lançado esta terça-feira para o espaço no voo inaugural do novo foguetão europeu Ariane 6.

O foguetão vai garantir à Agência Espacial Europeia (ESA) o seu acesso autónomo ao Espaço de uma forma mais sustentável: vai eliminar a fase superior do lançador à medida que sobe, para evitar que se transforme em lixo espacial.

O primeiro voo do Ariane 6 terá três fases, cada uma das quais demonstrará várias capacidades do mais recente foguetão da Europa.

A primeira fase do voo lançará o foguetão da Terra para o Espaço. O impulso virá do motor da fase principal, Vulcain 2.1, juntamente com a força de dois potentes impulsionadores P120C.Esta fase incluirá também a separação da fase principal da fase superior e o primeiro impulso do motor Vinci da fase superior, que o insere, e aos seus passageiros, numa órbita elíptica 300 por 700 km acima da Terra, explica a ESA em comunicado.

A segunda fase põe à prova o Ariane 6 com a reativação da fase superior. O motor Vinci será reativado pela primeira vez, mudando a órbita do Ariane 6 de elíptica para uma órbita circular a 580 km da superfície da Terra.

A terceira fase levará o estágio superior criogénico ainda mais longe do seu limite e validará a sua capacidade de funcionar realmente em condições de microgravidade.

Como assistir?

O lançamento, da base espacial europeia, em Kourou, na Guiana Francesa, está previsto para entre as 19h00 e as 23h00 (hora de Lisboa).

Será possível assistir ao lançamento em direto aqui, ou aqui com comentários em inglês, a partir de meia hora antes da descolagem.

O Ariane 6, cujo voo inaugural ocorre com um atraso de quatro anos e teve um custo de 4,5 mil milhões de euros, irá suceder ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023.

O teleporto de Santa Maria, nos Açores, operado pela Thales Edisoft Portugal, vai ser a primeira estação a fornecer dados do foguetão, cujo voo inaugural “marca o regresso da capacidade operacional europeia de acesso ao Espaço”.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e a secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva, participam na cerimónia que assinala o lançamento do Ariane 6 no polo de Oeiras do Instituto Superior Técnico.

ISTSat-1

Instituto Superior Técnico

O satélite Istsat-1

A bordo do foguetão seguirá o ISTSat-1, o primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa e o terceiro satélite português a ser enviado para o espaço, depois do nanossatélite Aeros MH-1, em março, e do microssatélite PoSat-1, em 1993, que envolveram a participação de empresas.

O ISTSat-1 vai servir para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.

O nanossatélite, um “cubo” que custou cerca de 270 mil euros, vai estar posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a “casa” e laboratório dos astronautas, e enviar os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações.

Ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera.

Junto com o ISTSat-1 irão outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras.

A Agência Espacial Europeia (ESA), da qual Portugal é Estado-Membro desde 2000, prevê um segundo lançamento, desta vez comercial, da nova gama de foguetões europeus até ao final do ano. Para os dois anos seguintes estão programados 14 voos.

É com este tipo de foguetão que a ESA pretende enviar em 2026 a sonda espacial Plato, que irá “fotografar” milhares de estrelas e procurar planetas semelhantes à Terra. A missão tem participação científica portuguesa, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

ZAP // Lusa

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