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Impedida de entrar no Parlamento, primeira-ministra de Samoa tomou posse numa tenda

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Rachel Park / NZDF Photographer / Wikimedia

Fiame Mata’afa, primeira-ministra eleita de Samoa

A primeira mulher eleita primeira-ministra de Samoa prestou juramento, esta segunda-feira, numa cerimónia improvisada numa tenda, nos jardins do Parlamento, após ter sido impedida de entrar no edifício pelo Governo cessante.

A entrada de Fiame Mata’afa na Assembleia Legislativa foi-lhe recusada, quando tentava entrar acompanhada pelos juízes que iriam assistir ao seu juramento como a primeira mulher a chefiar o Governo do país do Pacífico Sul.

Segundo a agência France-Presse, a cerimónia, que já foi contestada pelos seus opositores, realizou-se ao ar livre, numa tenda montada nas imediações do edifício, com todos os eleitos a prestarem juramento.

Mata’afa apelou ao reconhecimento dos resultados das eleições gerais de 9 de abril, perante apoiantes reunidos diante do Parlamento. “Precisamos de samoanos corajosos neste momento (…) para fazer respeitar a nossa eleição”, disse.

O arquipélago de Samoa vive um “braço de ferro” político há seis semanas. Há 22 anos no poder, o primeiro-ministro cessante, Tuilaepa Sailele Malielegaoi, do Partido de Proteção dos Direitos Humanos (HRPP), recusou-se a reconhecer a derrota, apesar de os tribunais terem confirmado que Mata’afa venceu o escrutínio, tendo conquistado mais um assento.

Existe apenas um Governo em Samoa. Permaneceremos neste lugar. O público responde a um primeiro-ministro e ministros, que estão neste Governo”, disse Malielegaoi, numa conferência de imprensa, citado pelo jornal Público.

O Parlamento deveria ter-se reunido, esta segunda-feira, para uma cerimónia presidida pelo Juiz Supremo Satiu Simativa Perese. O secretário da Assembleia Legislativa afirmou que, por ordem do chefe de Estado, Tuimalealiifano Vaaletoa Sualauvi, não podia permitir que tal acontecesse.

“Esta é uma tomada de controlo ilegal do Governo, é isso que são os golpes de Estado”, disse a vencedora das eleições ao jornal neozelandês Newshub, este domingo. “Temos de lutar, porque queremos que esta nação continue a ser um país, queremos manter este país democrático, fundado no Estado de direito”, acrescentou.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse esperar que “a calma” prevaleça, apelando para que “o Estado de direito seja mantido e respeitado”. A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, por sua vez, apelou ao respeito dos resultados.

Samoa tornou-se independente da Nova Zelândia em 1962. O HRPP está no poder desde 1982, exceto por um breve período em 1986-87. Mata’afa, que preside o partido FAST, fez parte do HRPP até sair por divergências políticas.

Filha do primeiro chefe do Governo samoano, falecido em 1975, é considerada uma pioneira da causa das mulheres no arquipélago, muito religioso, de maioria protestante.

ZAP // Lusa

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