Previsão dos próximos dias é “péssima” para os incêndios. Fumo e cheiro chegam a Espanha

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SDIS 33/EPA

As temperaturas máximas vão subir em Portugal Continental, podendo chegar aos 40 graus no interior. O calor virá acompanhado da tradicional Nortada no litoral.

Há poucos sinais de esperança para o combate aos incêndios, devido às condições meteorológicas registadas esta terça-feira.

Prevê-se alguma nebulosidade e registos de chuva no litoral norte e centro, até ao Cabo da Roca, e no interior norte e centro, acima das Serra de Montejunto e Estrela, bem como chuva muito fraca na faixa costeira da Costa Vicentina, de acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Quarta-feira deixa de chover e ficará assim durante um bom tempo. A partir de quinta-feira vamos ter céu pouco nublado ou limpo e vamos ter mais correntes de leste, ou seja, o ar mais seco, céu limpo e calor. Temos ainda uma previsão de subida da temperatura máxima a partir de quinta-feira, em especial no litoral oeste, onde se vai sentir mais, mas em todo o país a temperatura vai aumentar”, explica Alessandro Marraccini, meteorologista do IPMA, ao Diário de Notícias.

A previsão para hoje indica a existência de períodos de céu muito nublado no litoral Norte e Centro até ao fim da manhã, tornando-se gradualmente pouco nublado ou limpo a partir da manhã na região Sul.

Os ventos vão de fraco a moderado (até 30 km/h) de norte/noroeste, soprando moderado a forte (30 a 40 km/h), com rajadas até 65 km/h, no litoral oeste e nas terras altas, principalmente durante a tarde.

No final da semana, esta tendência de tempo quente vai acentuar-se ainda mais, com o céu limpo ou pouco nublado. O vento a corrente será mais de leste, enquanto que na faixa costeira continuam os ventos típicos de verão — a tradicional Nortada — que, segundo Alessandro Marraccini, vai prolongar-se durante vários dias.

“Na sexta-feira, já estamos com o tempo quente a sério, com temperaturas máximas a rondar os 40 graus centígrados no interior, em especial no centro e sul de Portugal Continental, e provavelmente vamos emitir um aviso de calor”, acrescenta.

“Estamos a falar de previsões meteorológicas péssimas para o combate aos incêndios”, alerta o meteorologista. “E até ao final da semana não há, de certeza, previsões de mudanças. Depois ainda temos algumas incertezas. Mas, neste momento, não temos recursos para dar boas notícias, parece que vai continuar mau para os incêndios e bom para a praia”, realça.

Francisco Castro Rego, professor do Instituto Superior de Agronomia, admitiu há menos de um mês que “a meteorologia decide praticamente 80% do sucesso ou insucesso de cada um” dos verões, e que Portugal “está muito vulnerável às meteorologias complexas e essa complexidade vem ao de cima periodicamente”.

Falhas na rede SIRESP

De acordo com a CNN Portugal, o tenente-coronel Vítor Custódio não conseguiu estabelecer ligação através do SIRESP durante sete minutos.

Vítor Custódio tentava comunicar numa cave, através do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), diante da comunicação social, que tinha sido convidada para uma demonstração sobre o funcionamento da rede. No entanto, do outro lado, dez pisos acima, não havia resposta.

“A comunicação dentro dos edifícios, a propagação é muito difícil, obviamente estamos a dez pisos de distância, isto normalmente existe um rádio junto à entrada, no piso intermédio, e depois pode haver repetidores em todos os pisos e isso é a maneira de propagar”, justificou o tenente-coronel.

“Está a posicionar-se melhor”, afirmou ainda Vítor Custódio, relativamente à pessoa do outro lado da linha. Mas apenas sete minutos depois é que o tenente-coronel conseguiu estabelecer contacto. “À medida que posicionamos os meios é uma questão de conduta operacional”, explicou, segundo o Observador.

Este teste aconteceu no dia em que Paulo Viegas Nunes, o presidente do SIRESP, garantiu que a rede não falhou nos incêndios deste ano.

Ainda assim, admitiu que há “falta, muitas vezes, de entendimento do funcionamento da rede”. Para colmatar essa falha, haverá uma aposta na formação.

GNR já deteve 68 pessoas

A GNR já deteve 68 pessoas por crime de incêndio florestal desde o início de 2022, o dobro das detenções registadas no mesmo período do ano passado.

“Durante o último fim de semana, a Guarda Nacional Republicana (GNR) registou mais dois detidos pelo crime de incêndio florestal”, lê-se num comunicado.

De acordo com o texto divulgado pela GNR, foram realizadas 35.415 patrulhas e detidas 68 pessoas por crime de incêndio florestal, em comparação com as 34 no mesmo período de 2021.

“De referir ainda que, até ao dia 16 de agosto de 2022, foram registados 4.382 crimes de incêndio florestal, tendo sido identificados 809 suspeitos, números largamente superiores ao período homólogo de 2021, em que foram registados 3.040 crimes de incêndio florestal e 599 suspeitos identificados por crime de incêndio florestal, destacando-se aqui o papel proativo da Guarda”, lê-se ainda.

A GNR referiu ainda que vai “manter e reforçar a vigilância” ao incêndio que deflagra da Serra da Estrela, “nomeadamente nos locais de reacendimento e considerados mais críticos”.

Esta terça-feira o incêndio na Serra da Estrela continuava a ser a maior ocorrência do país, com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a indicar no seu balanço das 17:00 que este fogo localizado na zona de Garrocho e Orjais, concelho da Covilhã, estava a ser combatido por 1.288 operacionais, ajudados por 414 meios terrestres e 15 meios aéreos.

De acordo com o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, pelo menos 35 pessoas já tinham sido obrigadas a sair das suas habitações, tendo sido deslocadas para a Escola C/S de Teixoso, sendo que o autarca não descartava que este número viesse a aumentar, dependendo da evolução do incêndio.

“Atendendo ao incêndio que deflagra na Serra da Estrela, a Guarda Nacional Republicana tem empenhado vários meios de reforço nos locais mais críticos, de modo a salvaguardar, por um lado a segurança e a proteção das pessoas, a sua eventual evacuação, mas por outro a avaliação sumária das causas de incêndio”, lê-se também no comunicado.

No domingo, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse que este ano foram detidos 119 suspeitos do crime de incêndio florestal, salientando o trabalho de fiscalização e inspeção.

“Tínhamos 119 detidos, quer pela Guarda Nacional Republicana, quer pela Polícia Judiciária”, declarou José Luís Carneiro, na Batalha (Leiria), após a sessão solene do Dia do Município, citando dados que se reportam a sexta-feira.

Fogo “leva” fumo e cheiro até Espanha

O cheiro a queimado e o fumo resultantes do incêndio que lavra há vários dias na serra da Estrela chegaram às regiões espanholas de Madrid e Castela e Leão, indicam a imprensa e os serviços de emergência esta terça-feira.

Os serviços de emergência que cobrem a Comunidade de Madrid escrevem na sua conta na rede social Twitter que receberam 380 chamadas, sobretudo entre as 09h00 e as 15h00, a alertarem para cheiro a queimado e fumo. Os mesmos serviços esclarecem que “se trata de um incêndio em Portugal”.

Citado pelo jornal El País, o porta-voz da Emergência 112 da Comunidade de Madrid, Javier Chivite, disse que “circunstâncias atmosféricas e meteorológicas” ajudaram à propagação do fumo e do cheiro a queimado além-fronteiras.

De acordo com o diário espanhol, o fumo chegou à província de Ávila, na Comunidade de Madrid, mas, esta segunda-feira, também se sentiu na província de Salamanca, na Comunidade de Castela e Leão.

O incêndio na serra da Estrela deflagrou a 6 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, e foi dado como dominado no sábado, mas teve reativação na segunda-feira.

Até hoje registaram-se 19 feridos ligeiros e três feridos graves, nenhum dos quais em risco de vida, e danos em duas casas de primeira e segunda habitação.

Além de atingir o concelho da Covilhã, o fogo chegou a Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, no vizinho distrito da Guarda, queimando um total superior a 14 mil hectares, segundo dados provisórios.

Os dados mais recentes do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas relativos aos incêndios rurais dão conta de 81.834 hectares de área ardida em Portugal este ano até às 18:00 desta terça-feira, representando 8517 ocorrências.

Alice Carqueja, ZAP //

3 Comments

  1. É vergonhoso.
    O nosso Estado fez o quê para prevenir um grande incêndio na zona da Serra da Estrela. Aos particulares exigem tudo e mais alguma coisa. Mas o Estado nada (ou quase nada) faz para proteger o que é seu (ou de todos nós).
    É vergonhoso.

    • Vergonhoso é haver acéfalos que votam no PS, campeão nacional na promoção de incêndios. Verdade seja dita que há muito amigalhaço a lucrar com as vendas de material de combate aos incêndios.
      Vivemos em cleptocracia! Como tal, há quem goze de impunidade, caso de pedófilos ou quem ande com excesso de velocidade e mate.

  2. O que se aprendeu com o desastre de 2017? nada… não se aprendeu nada e o pior é o estado que criou legislação mas depois ele próprio não cumpre com nada.
    Passados 5 anos e o Pinhal de Leiria continua praticamente igual. Muitas das coisas que foram feitas foi por iniciativa de particulares e algumas empresas que fizerem plantações. O estado e os seus organismos praticamente abstem-se das suas funções.
    Muito se falou da rede Siresp e atribuiram-se culpas a uns e a outros. Fez-se concursos e tomaram-se medidas mas depois parece que tudo está igual. Quem está no terreno reporta falhas e quem está nos gabinetes com AC diz que está tudo impecável… nota-se…

    A culpa só não é de terceiros (PSD ou CDS) porque o governo de 2017 é o mesmo de agora senão era um mar de acusaões por parte do PS a atribuir responsabilidades.

    Enfim… e pior que tudo as coisas estão a acontecer mas parece que ninguém é responsável… com sorte a culpa vai ser os bombeiros “rasos” que estão no terreno sem meios, sem ajudas, sem vencimento…

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