Uma equipa de cientistas desenvolveu uma nova técnica de alerta precoce, baseada em dados de satélite, que poderia ser usada para prever erupções vulcânicas com anos de antecedência.
Com a ajuda de dados de satélite, cientistas da NASA e da Universidade do Alasca criaram um novo método que deteta sinais de atividade vulcânica anos antes das erupções. Além disso, os dados orbitais podem ajudar a comunidade científica a descobrir quais vulcões devem ser equipados com equipamentos sensíveis de monitorização terrestre.
“A nova metodologia é baseada num aumento subtil, mas significativo nas emissões de calor em grandes áreas de um vulcão nos anos que antecederam a sua erupção”, disse o autor principal Társilo Girona, ex-membro do Jet Propulsion Laboratory (JPL), em comunicado.
“Isso permite-nos ver que um vulcão voltou a despertar, muitas vezes muito antes de os outros sinais aparecerem”, completou. O artigo científico com os resultados foi publicado em março na Nature Geoscience.
A equipa analisou cerca de 16 anos de dados espectrais de calor radiante de espectrorradiómetros de imagem de resolução moderada (MODIS) a bordo dos satélites Terra e Áqua da NASA, para vários tipos de vulcões que entraram em erupção nas últimas duas décadas.
Apesar das diferenças entre os vulcões, os resultados foram consistentes: nos anos anteriores à erupção, a temperatura radiante da superfície de grande parte do vulcão aumentou cerca de 1 grau Celsius em relação ao seu estado normal. Os cientistas observaram ainda que a temperatura diminuiu após cada erupção.
“Não estamos a falar de pontos quentes, mas sim do aquecimento de grandes áreas de vulcões”, disse o coautor Paul Lundgren, do JPL. “Provavelmente, o calor está relacionado com processos fundamentais que ocorrem em profundidade.”
Os cientistas acreditam que o aumento do calor pode resultar da interação entre os depósitos de magma e os sistemas hidrotérmicos.
O magma contém gases e outros fluidos. Quando sobe através de um vulcão, os gases difundem-se para a superfície e podem emitir calor. Da mesma forma, essa desgaseificação pode facilitar o fluxo ascendente das águas subterrâneas e o aumento do lençol freático, assim como a circulação hidrotérmica, que pode aumentar a temperatura do solo.
Os investigadores salvaguardam que podem também estar em jogo outros processos, uma vez que a compreensão do comportamento dos vulcões ainda permanece limitada.