O presidente cessante da câmara do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, foi esta terça-feira detido pela polícia em casa, por suspeitas de ligação a um alegado esquema de subornos, segundo fontes policiais e judiciais.
O pastor evangélico irá deixar o cargo no dia 1 de janeiro depois de ter perdido a reeleição para o seu antecessor, Eduardo Paes. Investigações no início deste ano mostraram que Crivella tinha laços estreitos com Rafael Alves, um homem de negócios que também foi preso nesta terça-feira. Alves teria prometido contratos governamentais em troca de pagamentos, disseram a polícia e os procuradores.
Alves nunca ocupou um cargo oficial, mas o seu irmão era o chefe do gabinete do Turismo da cidade e mantinha reuniões frequentes com Crivella. Os investigadores alegaram que Alves foi a pessoa que decidiu a que empresas iriam ser adjudicados contratos.
Jorge Felippe, presidente do conselho municipal, assumirá o cargo enquanto Crivella estiver detido. Crivella, um aliado do Presidente Jair Bolsonaro, disse aos repórteres, aquando da sua chegada à sede da polícia do Rio, que a sua prisão é injusta, associando-a à sua alegada vontade de combater os interesses corporativos e os lobistas.
“Sou o presidente da câmara que mais combateu a corrupção”, disse Crivella, ao entrar na sede da polícia do Rio de Janeiro. Crivella disse repetidamente durante a sua campanha que Paes, que era presidente da câmara quando o Rio acolheu os Jogos Olímpicos de 2016, seria preso por causa de outras investigações.
O governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi suspenso do cargo desde agosto, quando um dos principais tribunais do Brasil o ligou a irregularidades no setor da saúde, no meio da luta contra a covid-19.
Witzel está também a lutar contra processos de ‘impeachment’ que poderiam dar o seu cargo a outra pessoa sob investigação, o vice-governador Claudio Castro.
Cinco ex-governadores do Estado do Rio foram presos nos últimos anos, sob acusações de corrupção. Crivella, de 63 anos, é um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, cujos líderes são os principais apoiantes de Bolsonaro.
// Lusa