Preços das casas continuam a subir. Centeno alerta para riscos de bolha imobiliária

Miguel A. Lopes / Lusa

Mário Centeno, governandor do Banco de Portugal

Os preços das casas voltaram a registar um aumento em relação ao mês passado e não subiam tanto há mais de dois anos. Uma situação que leva o Banco de Portugal a alertar para os riscos de uma eventual bolha imobiliária com a correcção e a queda dos preços.

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, avisa que a actual situação de crise requer acompanhamento ao sector imobiliário. Uma posição que surge depois de a instituição ter alertado para o risco de correcção dos preços das casas, que continuaram a aumentar em pandemia.

“A situação actual requer todos os cuidados que, normalmente, em momentos de crise, a este sector [imobiliário] tem de se lhe dar, porque ele tem, de facto, uma enorme interpenetração no sistema financeiro“, aponta Centeno em conferência de imprensa depois da divulgação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) de Junho de 2021.

O relatório indica que “a relevância” do mercado imobiliário para a economia “recomenda o acompanhamento dos sinais de uma eventual sobrevalorização dos preços” que, no segmento residencial, continuaram a aumentar, apesar de uma desaceleração da sua evolução, em contexto de pandemia.

O documento alerta para o risco de uma “correcção dos preços no mercado imobiliário residencial em Portugal, que pode decorrer, inter alia [entre outras coisas], da potencial retracção da procura de imóveis por não residentes, que surja associada a uma deterioração das condições de financiamento internacionais“.

No caso do mercado imobiliário comercial, pode “ocorrer uma queda adicional dos preços na sequência da ocorrida em 2020 para alguns segmentos (retalho e hotéis)”, destaca ainda o BdP no referido relatório.

Mário Centeno explica que “a situação em Portugal é de uma desaceleração na evolução dos preços”, com segmentos em que essa desaceleração foi mais nítida, como é o caso do segmento comercial.

“Há algumas vertentes da procura que permanecem bastante activas, em particular procura por não nacionais, não residentes, porque a dinâmica do sector nos últimos meses não está tão sustentada em crédito bancário como já esteve no passado”, esclarece o governador do BdP.

O relatório do BdP sublinha, no entanto, que uma eventual correcção dos preços das casas não será demasiado significativa, uma vez que, como explicou o governador, nos últimos anos, registou-se uma redução do rácio do endividamento das famílias, bem como a melhoria do perfil de risco dos mutuários.

ZAP // Lusa

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