Muitas empresas de panificação do país admitem aumentar o preço do pão devido à subida dos preços das matérias-primas e da energia. A subsistência das empresas está em risco.
A subida dos preços das matérias-primas e da energia podem ameaçar a sobrevivência de muitas empresas de panificação do país. “A indústria vai ter que reagir face aos custos que estamos a assistir no mercado”, avisou António Fontes, presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN).
“A margem do negócio está muito comprimida, a subsistência das empresas está em risco, basta vir um vento mais forte e abanamos todos”, alerta ainda o presidente da AIPAN, em declarações ao Diário de Notícias.
Por enquanto, o preço do pão permanece geralmente inalterado, embora as panificadoras estejam a preparar esse aumento. “Na minha empresa, estou a ponderar mais dois cêntimos por pão, porque é preciso garantir os postos de trabalho”, disse António Fontes.
“Se não refletirmos no preço de venda os aumentos dos custos de produção cria-se uma situação muito delicada nas empresas”, alerta o presidente do conselho fiscal da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), Hélder Pires.
O aumento do preço do pão pode levar à perda de clientes, numa indústria praticamente constituída por micro e pequenas empresas.
O impacto na tesouraria das panificadoras é incontornável, escreve o DN. António Fontes recebeu em setembro uma fatura de eletricidade de 8.000 euros, enquanto há um ano pagava cerca de 3.800 euros. Por sua vez, Hélder Pires sublinha que “a eletricidade está neste momento quase ao dobro do preço do período homólogo”. Além disso, o gás também tem registado aumentos.
Não só a energia mais cara, como também as próprias matérias-primas da confeção do pão. As farinhas apresentam um aumento de 26%, com as previsões a apontarem para novos acréscimos. O fornecedores de caixas de cartão de António Fontes também já avisou que a próxima encomenda ficará 40% mais cara.
José Palha, presidente da Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC), alerta que todos os indicadores apontam para o despoletar de “uma tempestade perfeita”.
“Os preços do trigo mole e de trigo duro estão historicamente altos, não há memória destes preços”, disse o presidente da ANPOC. Há um ano, a tonelada de trigo mole valia 220 euros e agora está nos 320, um aumento de 45%.
Eu paguei doze euros e dois cêntimos por sete pães de água.
E agora?