Precisa de se manter acordado? Eis a dieta ideal

Se vai precisar de se manter acordado a noite inteira, a boa alimentação e a qualidade de sono são fundamentais. E, ao contrário do que possa pensar, uma dieta rica em hidratos de carbono não é assim tão vantajosa para se manter acordado e com energia.

Os níveis elevados de açúcar no sangue aumentam a atividade dos neurónios que promovem o sono, logo comer algo doce induz a sonolência.

Segundo explica o neurocientista Gary Wenk no Psychology Today, um estudo recente mostrou que o tempo necessário para adormecer diminuiu significativamente após o consumo de alimentos de alto índice glicémico quatro horas antes de dormir.

Esta conclusão mostra que o nosso cérebro precisa de açúcar, nomeadamente em funções relacionadas com o sono, e que a glicose contribui para o aumento da absorção de triptofano no cérebro – traduzindo-se num aumento da produção do neurotransmissor de serotonina.

Assim, o aumento da atividade de serotonina leva a que passemos mais rapidamente de um estado ativo para um estado sonolento, conclui Wenk, professor de psicologia na Ohio State University e autor do livroYour Brain on Food: How Chemicals Control Your Thoughts and Feelings“.

O metabolismo dos hidratos de carbono diminui durante a privação do sono, o que coincide com a redução do nosso desempenho cognitivo. O nosso cérebro é bastante vulnerável a alterações no metabolismo da glicose, o que significa que esta é a principal fonte de energia do nosso cérebro.

Porém, existe uma fonte alternativa de substratos energéticos, denominada “corpos cetónicos“, que é produzida pelo fígado. Há três tipos distintos que estão sempre presentes no sangue: acetoacetato, 3-beta-hidroxibutirato e acetona.

Se optar por uma dieta cetogénica – que é muito baixa em hidratos de carbono – os corpos cetónicos no sangue, principalmente o 3-beta-hidroxibutirato, irão aumentar.

Os neurónios, todavia, preferem consumir glicose e precisam do auxílio de outras moléculas para utilizarem corpos cetónicos. Mas a boa notícia é que, apesar das desvantagens dos corpos cetónicos relativamente à glicose, a dieta pobre em hidratos de carbono não prejudica a nossa função cognitiva.

Num outro estudo, cientistas da Massey University, na Nova Zelândia, investigaram durante duas semanas os efeitos de uma dieta pobre em hidratos de carbono comparativamente com uma dieta padrão de hidratos de carbono.

A equipa apresentou os resultados da sua pesquisa num artigo publicado em fevereiro no Journal of Sleep Research.

O objetivo do estudo foi verificar as consequências de 36 horas de privação de sono no desempenho cognitivo, humor e sonolência.

A conclusão foi a esperada. A dieta pobre em hidratos de carbono reduziu a concentração de glicose no sangue, bem como aumentou os níveis de corpos cetónicos.

Por sua vez, o metabolismo dos corpos cetónicos aumentou cerca de cinco vezes, de modo a compensar a perda de energia fornecida, por norma, pela glicose.

Os resultados mostraram que o aumento de corpos cetónicos no sangue pode ser benéfico para o cérebro durante a privação do sono e a dieta rica em hidratos de carbono traduziu-se num maior grau de sonolência durante o mesmo período.

Por isso, se precisa de se manter acordado ou passar uma noite em branco, opte por uma dieta pobre em hidratos de carbono e rica em gordura durante o dia.

Teresa Campos, ZAP //

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