PP consegue maioria absoluta histórica na Andaluzia. PSOE com pior resultado de sempre

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Jose Manuel Vidal / EPA

As eleições estão a ser encaradas por muitos como uma sondagem na antecipação das legislativas, que serão daqui a um ano e meio. Alberto Núñez Feijóo passou a sua primeira prova de fogo na liderança do PP.

Numa região espanhola com um grande passado socialista, o Partido Popular (PP) conseguiu fazer história. A candidatura liderada por Juanma Manuel Moreno venceu as eleições na região autónoma da Andaluzia, conseguindo 43,1% dos votos e elegendo 58 deputados — mais 25 do que no sufrágio de 2018.

O PP foi até além das previsões das sondagens e conseguiu a primeira maioria absoluta de sempre para o centro-direita no parlamento regional da Andaluzia, tendo vencido em todas as oito províncias e saído vitorioso também em Sevilha, um bastião histórico do PSOE.

O partido pode assim chutar para canto os apoios do VOX e do Ciudadanos, que foram essenciais para que pudesse governar a região desde 2018, não precisando de sacar da calculadora para conseguir formar o Governo regional.

A vitória do PP traduziu-se numa derrota igualmente pesada para o PSOE. Os socialistas ficaram-se pelos 24%, tendo elegido 31 deputados e perdido dois mandatos em relação a 2018, sendo que há quatro anos já tinham tido o seu pior resultado de sempre. Foi também há quatro anos que perderam o Governo regional pela primeira vez desde a instauração da autonomia em 1982.

Em terceiro lugar ficou o partido de extrema-direita VOX, que conseguiu 13,46% dos votos e elegeu 14 deputados, uma subida de cinco em relação à eleição de há quatro anos. Apesar da subida, o partido não cumpriu o objectivo de integrar o governo regional, algo que estava a exigir em troca do apoio ao PP e que já conseguiu em Leão e em Castela.

Seguiu-se depois a coligação de esquerda Por Andalucia, que inclui o Podemos, que conseguiu eleger sete deputados ao obter 7,68% dos votos. Outra força de esquerda, Adelante Andalucia — que nasceu de uma cisão do Podemos —, elegeu dois deputados, após conseguir 4,57% dos votos. No total, esta força perde 15 mandatos em relação a 2018.

Já os liberais do Ciudadanos não conseguiram eleger qualquer deputado, tendo apenas 3,29% dos votos, isto depois de em 2018 terem formado uma bancada de 21 parlamentares. Esta pesada derrota desencadeou a demissão do candidato Juan Marín às posições que tinha no partido.

No seu discurso de vitória, Juanma Manuel Moreno, disse estar “orgulhoso dos andaluzes” e prometeu que a região viverá “quatro anos de prosperidade”. Sobre as tentações do poder absoluto, deixou garantias de que a maioria “não vai significar soberba, mas eficácia” e que vai governar “para todos”.

Já Juan Espadas, o candidato socialista, admitiu que o resultado ficou aquém das metas do partido. “O nosso objectivo era a mobilização e não o conseguimos”, lamentou.

PP de olho nas legislativas de 2023

Esta foi já a terceira derrota consecutiva do partido do Governo em eleições regionais, num confronto que muitos estão a encarar como uma sondagem para o que se pode esperar das legislativas marcadas para o próximo ano.

A um ano e meio do sufrágio, o primeiro teste da nova liderança de Alberto Núñez Feijóo foi ultrapassado com sucesso e o partido tem razões para acreditar na possibilidade de voltar ao poder no plano nacional.

“O que se votou hoje [este domingo] tem leitura nacional. Os andaluzes disseram que necessitam de governos estáveis e não governos débeis. O pior resultado do PSOE na sua história na Andaluzia é o fracasso do sanchismo”, declarou Cuca Gamarra, secretária-geral do PP.

Estas foram as segundas eleições regionais realizadas em Espanha este ano, tendo as duas sido ganhas pelo PP. Em fevereiro, o PP venceu em Castela e Leão, tendo posto fim ao cordão sanitário em torno do VOX ao se aliar ao partido de extrema-direita e permitido a sua entrada num governo regional.

Para além disto, os socialistas também saíram derrotados no confronto contra o PP em Madrid, em Maio de 2021, com a vitória de Isabel Díaz Ayuso. Antes das legislativas, estão ainda marcadas mais eleições regionais em toda a Espanha que ajudarão a traçar um cenário mais concreto na antecipação das legislativas.

Do lado do PSOE, estes resultados podem servir como um aviso a Pedro Sánchez. No entanto, os socialistas rejeitam que as eleições andaluzas sejam um reflexo das tendências nacionais e justificam o mau resultado com a falta de tempo que a nova direcção regional do partido teve para se afirmar como uma alternativa viável.

Uma fonte do governo revelou ao El Mundo que “estas eleições não alterarão nem mudarão a estratégia do governo de Espanha”.

A vice-secretária geral nacional dos socialistas, Adriana Lastra, revela também que  “estas eleições são a última paragem de um caminho desenhado pela anterior direcção do PP com três eleições autónomas em três regiões que lhes são favoráveis [Madrid, Castela e Leão e Andaluzia], mas o resultado fracassou, porque o PSOE mantém a liderança nas sondagens a nível nacional”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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