“Foi por poucochinho”. AD inspira-se em Costa e tenta ver o copo meio cheio

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Tiago Petinga / Lusa

Sebastião Bugalho a discursar após as europeias

Apesar de o segundo lugar, a AD tentou ver sempre o lado positivo e salientou que a vitória do PS foi por “poucochinho”.

“Quero assumir que nós não cumprimos o objectivo”. Foi como esta declaração incisiva que Luís Montenegro começou por reagir à derrita nas eleições europeias — mas foi deixando pelo caminho alguns sinais de optimismo.

Nos seus dois anos como líder do PSD, Montenegro recorda que teve “ocasião de vencer quatro eleições”, mas não conseguiu cumprir a meta de ganhar a quinta. Ainda assim, “o resultado de hoje dá-nos muito, muito alento para cumprirmos a caminhada que nos trouxe até aqui”.

E esse alento ficou à vista nos discursos de Montenegro, Nuno Melo e Sebastião Bugalho, que tentaram ver o lado positivo da derrota. Entre os aspectos referidos nos vários discursos da noite, há o facto de a AD — que obteve 31,1% dos votos — ter conseguido ficar acima dos 29% apontados por Sebastião Bugalho, que queria mais um ponto do que a sua idade (28 anos).

A aliança entre PS e CDS também ficou acima de um milhão de votos numa noite em que a abstenção voltou a ser a vencedora, com 63% dos eleitores a escolher não ir às urnas. Em comparação com os últimos dois sufrágios europeus, conseguiram mais votos e uma maior percentagem, além de terem também mantido os sete eurodeputados (seis do PSD e um do CDS).

Já o PS, como Bugalho rapidamente apontou, perdeu um assento, caindo de nove para oito eurodeputados. O cabeça de lista da AD também se inspirou em António Costa para desvalorizar uma vitória do PS que “foi mesmo por poucochinho”, lembrando a frase fatídica que Costa usou para descrever a vitória de António José Seguro nas europeias de há 10 anos. “Este não é um dia de derrota para a AD, é importante que fique claro”, enfatizou o candidato.

Montenegro também fez questão de frisar que as eleições de 2019 não tinham uma concorrência tão aguerrida à direita, com o Chega e a Iniciativa Liberal a serem ainda partidos de pequena expressão. Mesmo assim, PSD e CDS juntos — que na altura concorreram separados — não foram além dos 900 mil votos em 2019, no que foi mesmo o pior resultado de sempre do partido nestas eleições.

Mão estendida ao PS e apoio a Costa

Numa noite europeia, os reinaram as questões nacionais nos discursos. O líder do PSD aproveitou a ocasião para deixar recados ao país enquanto primeiro-ministro, prometendo que prometia que o Governo irá “cumprir todos os seus compromissos todas as semanas”.

O chefe do Governo confessa-se disposto a “dialogar, negociar, e encontrar consensos com todas as forças políticas”, mas deixou um recado a um partido em particular — “dentro delas, a que temos muitas vezes necessidade de aprofundar o diálogo e a negociação é o PS”.

Numa altura em que o PS já conseguiu aprovar mais medidas no Parlamento do que o próprio Governo — tendo até um aliado inesperado no Chega, que ajudou a aprovar o fim das portagens nas ex-SCUT e a proposta socialista para o IRS à revelia da AD — Montenegro garante que o Governo tem criado “canais de diálogo diretos com o PS”, mas que não se pode “obrigar quem não quer consensualizar a fazê-lo”.

“Se o Parlamento não rejeita o nosso programa é porque assume a responsabilidade de o executar”, atirou ainda ao PS, que se absteve nas moções de rejeição de BE e PCP, permitindo indirectamente a viabilização do Governo da AD.

O primeiro-ministro apontou ainda a hipocrisia dos que “invocam e acenam” o argumento de que o Governo tem apresentado demasiadas propostas serem “os mesmos que, 30 dias depois de tomarmos posse, diziam que éramos um Governo de inação”.

Em jeito de ramo de oliveira, Montenegro confirmou que vai apoiar António Costa para a liderança do Conselho Europeu. “É possível que a presidência do Conselho Europeu seja destinada a um candidato socialista. Se o Dr. António Costa for candidato a esse lugar, a AD e o Governo de Portugal não só apoiarão como farão tudo para que essa candidatura possa ter sucesso”, assegura.

Montenegro segura Bugalho

Perante a derrota da AD, será que a escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista — que apanhou muitos de surpresa, especialmente no seguimento de meses de especulação de que o escolhido seria Rui Moreira — provou ser um tiro ao lado?

Um detalhe caricato que não passou despercebido é o facto de Montenegro ter falado primeiro, o que levou a que a intervenção de Sebastião Bugalho acabasse por não ser transmitida em directo pelas televisões porque João Cotrim de Figueiredo da Iniciativa Liberal começou a falar pela mesma altura.

Montenegro sacudiu as culpas do capote de Bugalho e elogiou a sua “campanha extraordinária no conteúdo, na alegria, na defesa dos nossos valores de sempre” e insinuou que a sua carreira política não deve ficar por aqui. “Nós estamos orgulhosos, agradecidos e reconhecidos pela campanha que foste capaz de fazer”, elogiou.

Para Luís Marques Mendes, Bugalho também não ficou com a reputação manchada permanentemente, tendo ainda um “grande futuro pela frente” e podendo até chegar à liderança do partido.

O cabeça de lista da AD considera que em democracia, “ganha-se e perde-se por um voto” e lembrou que lhe faltaram cerca de 0,8% de votos para ficar à frente da adversária socialista Marta Temido.

“Foram cerca de 0,8% mais do que a AD. Alguém até poderia dizer que foi mesmo por poucochinho”, apontou. Bugalho disse que, no mesmo espírito de cultura democrática que considera ter definido a candidatura da AD, felicitou Marta Temido “de viva voz”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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5 Comments

  1. Dois comentários miseráveis. Se possuíssem alguma cultura, nem sequer teriam vindo aqui comentar.
    Essa lontra, ex-ministra da saúde, é um zero à esquerda, uma nulidade política, nada trouxe a Portugal, ou aos portugueses, e, se não se recordam, já tem menos um deputado eleito na Europa.
    Parece que os galos já não cantar mais numa manhã de vermelhidão… 😉

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