“Chocante” e “insultuoso”. Pós-graduação em racismo da Nova sob fogo por só ter formadores brancos

11

Anúncio polémico da “Pós-graduação em Racismo e Xenofobia” já foi retirado. Um dos temas a ser discutido era “O racismo existe mesmo?”

O Observatório do Racismo e Xenofobia organizou uma pós graduação sobre este tema, ministrada apenas por pessoas brancas, o que foi fortemente criticado e levou algumas associações a questionarem o evento, cujo anúncio foi, entretanto, retirado.

Pós-graduação em Racismo e Xenofobia” é o nome da pós-graduação em racismo e xenofobia que o Observatório promoveu e estava — foi entretanto retirado — a ser anunciado no site da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde o Observatório funciona.

O painel de formadores desta pós-graduação era constituído apenas por pessoas brancas, o que conduziu a muitas críticas nas redes sociais, em resposta às várias publicações que foram reproduzindo o anúncio do evento.

Além da constituição dos formandos, o tema de um dos painéis – “O racismo existe mesmo?” também motivou várias críticas, com muitos afrodescendentes a queixarem-se de, mais uma vez, serem invisíveis.

“Chocante” e “insultuoso”

Paula Cardoso, jornalista e criadora da rede Afrolink, foi das primeiras a denunciar o que classifica de “chocante” e “insultuoso”.

A autora disse à Lusa que a composição dos formadores e a abordagem de certos temas a chocaram, mesmo sendo uma criação de um Observatório que considera ter uma estrutura e práticas racistas.

E por isso acredita que agora será ainda maior a contestação à existência do Observatório como ele está, que já acontece porque a sua composição e liderança não respondem ao que foi defendido no Plano de combate ao racismo e discriminação.

Para Paula Cardoso, um Observatório liderado por quem não viveu na pele o problema do racismo acaba por ser o reconhecimento de que é possível uma estrutura destas existir sem uma pessoa não branca.

Não faz sentido nenhum. É como uma organização que combate a discriminação contra as mulheres ser composta apenas por homens”, disse.

A jornalista diz que já transmitiu esta e outras ideias ao Observatório, mas que a resposta – em palavras e atos – vai no sentido de se limitarem a considerar as críticas legítimas. “Nunca nada é reconhecido como problema. Nada acontece”, acrescentou.

Se a composição dos formandos surpreendeu Paula Cardoso, o mesmo se passou com o conteúdo, a começar pelo título: “Pós-graduação em Racismo e Xenofobia. As pessoas vão aprender a ser racistas e xenófobos? É o que me sugere”, disse, lembrando que hoje em dia estes temas são abordados de outra forma e que existem muitas pessoas com conhecimentos, em Portugal e não só.

“É um nome profundamente infeliz”, a par do módulo que questiona se o racismo existe mesmo e que só podia ter sido criado por “alguém que não percebe nada do que está a falar”.

E prosseguiu: “Isto é ignorar o pensamento negro, a nossa opinião, que está sempre a ser invalidada na altura de decidir, de pensar. Os negros e não brancos não são considerados”. Esta pós-graduação, observou, é o resultado de toda esta forma de pensar, de todo um processo, do qual os negros e não brancos são excluídos”.

Sobre a remoção do anúncio da pós-graduação, Paula Cardoso avança que, provavelmente, segue a receita de tentar fingir que nada aconteceu. Mas alerta para os inúmeros comentários e críticas que a situação provocou, recomendando que estes conduzam a alguma aprendizagem por parte de um Observatório que ignora o imenso conhecimento que está disponível.

A este propósito, lamentou que o Observatório, como outras organizações, contem com os contributos dos negros, mas apenas em situações em que não existe qualquer contrapartida financeira.

“Quando chega ao momento de reconhecer a especialização com direito a remuneração, as pessoas negras não são pagas”, criticou: “Isto é Portugal. Isto é o racismo estrutural em Portugal”.

A Lusa tentou ouvir o Observatório do Racismo e Xenofobia sobre esta pós-graduação, mas desde sexta-feira, quando fez o primeiro contacto, que isso ainda não foi possível.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

11 Comments

  1. ” liderado por quem não viveu na pele o problema do racismo”… Qual racismo, e quem foi que viveu o quê…? Mais uma vez, soa a “wokeísmo” importado dos EUA, que é a moda sensivelmente desde 2016 para cá. O racismo existe apenas nos olhos de quem o interpreta dessa forma. O não falar do racismo é agora por definição, racismo…?
    Falam como se tivesse acontecido algum tipo de Holocausto num passado não muito distante…?
    Gostava que elaborassem um pouco mais do que lançar ao ar coisas como “quem viveu o racismo”…

  2. É como a disciplina de Geografia ser ministrada por um terraplanista e conter o tópico: “A Terra é mesmo redonda?”
    Quando aqueles que nada sabem viram professores, é um sinal de que a coisa não vai nada bem.

    4
    4
  3. Se calhar sou só eu que vejo mal a coisa, mas o que me parece mesmo errado e absurdo aqui é existir uma pós-graduação neste tema. Se não existisse, não tínhamos conversa.
    Convenhamos que quando uma universidade se dedica a temas destes, deve haver alguma coisa muito grave a passar-se nos métodos de ensino. E leva-nos a pensar na seriedade com que dão formação em áreas que efectivamente nos afetam a todos.
    Já agora um pós-graduado em racismo, faz o quê exactamente?

    16
  4. O mais ridículo aqui é assumir-se logo à partida que racismo é brancos contra pretos, só esta afirmação absurda, é a prova do racismo existente dos pretos contra o resto do mundo. Essa senhora “Paula Cardoso,” melhor faria se tivesse ficado de boca fechada, pois assumir que “escravatura”, “exploração”, “discriminação” e “racismo” é algo exclusivo destinado a quem tem a pele mais escura é dos comportamentos mais xenófobos e “racisticos” de quem olha apenas para o seu umbigo e se vitimiza a sí proprio acusando o mundo de ser culpado dos seus problemas. Cresçam e apareçam e parem de mimimis, eu sou africano branco e já sofri na pele as piores formas de racismo, exploração e pobreza que se possa imaginar e não ando a culpar o mundo disso…

  5. A jornalista Paula Cardoso criadora da rede Afrolink queria um tacho mas não lho deram e agora está chateada e tenta dar nas vistas para ganhar notoriedade.
    Para ela e outros wokistas o racismo só existe entre pretos e brancos o resto é conversa, para ela tratar as pessoa de “Brancos” é lisonjeio trata-la de “Preta” é racismo.
    A Paula tenta implementar a sua ideologia de extrema esquerda em que tudo de negativo que possa surgir a uma pessoa de cor é racismo, todos os outros adjetivos (buling, assédio, descriminação etc…) só se aplica a brancos.

  6. Se fossem todos estrangeiros, não caucasianos, e de preferencia mulheres ligadas a associações LGBT estava tudo PERFEITO.
    Se falassem português melhor, mas tanto faz…é em Lisbonne

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.