Portugueses em França, cuidado com a extrema-direita. O aviso é da presidente da assembleia

Mohammed Badra / EPA

O candidato da União Nacional, Jordan Bardella, e a líder do partido, Marine Le Pen

A presidente da assembleia nacional francesa deixa um alerta à comunidade portuguesa antes das eleições deste domingo: cuidado com a extrema-direita.

A presidente cessante da Assembleia Nacional – a câmara baixa do parlamento – alerta que a comunidade portuguesa residente em França deve temer a extrema-direita.

Yaël-Braun Pivet salienta que a União Nacional (Rassemblement National (RN)) propõe um projeto que discrimina todos os cidadãos com dupla nacionalidade.

“A União Nacional propõe hoje uma política de divisão, xenófoba e que separa as pessoas entre os que detêm a dupla nacionalidade e os que só têm a nacionalidade francesa. É muito grave”, afirmou Yaël-Braun Pivet, em declarações à agência Lusa, à margem de uma ação de campanha no centro de Paris.

A presidente da Assembleia Nacional francesa aludia a uma proposta da União Nacional para impedir que os cidadãos franceses que têm uma segunda nacionalidade acedam a certos empregos da função pública. Segundo o partido, seriam “muitos poucos casos”, reservados a setores “extremamente sensíveis” do Estado, como a diplomacia, a segurança ou a defesa.

Para a presidente cessante da Assembleia Nacional francesa, esta proposta “de certeza que é inconstitucional”, porque viola o princípio, consagrado no primeiro artigo da Constituição francesa, que estabelece “a igualdade, perante a lei, de todos os cidadãos, sem distinguir a origem, raça ou religião”.

É uma proposta “a nível intelectual, ético e filosófico, contrária a toda a história da França e à identidade do nosso país”, acrescentou ainda a quarta figura do Estado francês.

Portugueses devem ter medo?

Questionada pela Lusa se considera que, dado o contexto, a comunidade portuguesa residente em França deve temer um Governo da União Nacional, Braun-Pivet respondeu: “Acredito que sim”.

E o resto da Europa também

Nestas declarações, Braun-Pivet avisou que um eventual Governo extremista seria “muito problemático” a nível europeu, e em particular no apoio à Ucrânia, por implicar uma “tensão entre os dois líderes do executivo: o Presidente da República e o primeiro-ministro, assim como os respetivos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa”.

“Nestes momentos de tensão, é preciso que a França fale a uma só voz e o Presidente Macron tem representado a voz da França a nível internacional de uma forma extremamente brilhante e reconhecida. Seria de evitar que agora um Governo de outra cor política viesse interferir com essa mensagem”, salientou.

Extrema-direita bem lançada

As eleições legislativas antecipadas em França decorrem este domingo, 30 de junho (primeira volta), e a 7 de julho (segunda volta).

Depois de uma vitória esmagadora da extrema-direita francesa nas eleições europeias deste mês — em que a União Nacional de Marine le Pen, venceu com 31,5% dos votos, o dobro do partido do presidente Emmanuel Macron — o chefe de Estado viu-se forçado a convocar eleições legislativas antecipadas, para “devolver a palavra aos cidadãos”.

As sondagens ditam mesmo que o partido de extrema-direita ameaça tornar-se a maior força na Assembleia francesa após as duas voltas de votação que se avizinham.

ZAP // Lusa

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