Portugal vai mandar 440 milhões de euros para a Ucrânia até 2025 (mas também precisa de ajuda)

2

Tiago Petinga / EPA

Marcelo Rebelo de Sousa, Volodymyr Zelenskyy e Luís Montenegro, na visita do presidente Ucraniano a Portugal em maio de 2024

A ajuda portuguesa à Ucrânia vai alcançar, este ano, um valor superior a 220 milhões de euros, sendo repetido em 2025. Mas, para ajudar, Portugal também precisa de ajuda.

Portugal compromete-se com ajuda à Ucrânia de 440 milhões de euros até 2025.

A garantia foi dada pelo primeiro-ministro, esta quarta-feira, em Washington, onde se encontra para participar na cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que decorre até quinta-feira.

A cimeira, que se iniciou na terça-feira, tem entre os temas centrais o apoio à Ucrânia.

A proposta do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, é que a Aliança se comprometa com um valor anual de 40 mil milhões de euros.

2% do PIB para a defesa

Aos jornalistas, o primeiro-ministro português reiterou ainda o compromisso, já assumido no final de junho, de apresentar na cimeira um plano para que Portugal atinja um investimento em segurança e defesa de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2029 e não em 2030 como estava inicialmente previsto.

“Nós temos um compromisso que ontem mesmo formalizei numa carta que enviei ao secretário-geral da NATO de que o atingir dos 2% da nossa despesa orçamental com a área da defesa será atingido um ano antes daquilo que estava previsto, em 2029”, disse.

Dentro do esforço dos aliados da NATO no investimento na segurança e defesa, disse, “está também contemplada uma contribuição financeira de grande monta nesta coligação internacional à volta do apoio militar, humanitário, político e económico à Ucrânia”.

“Só este ano, nós estimamos poder vir a atingir um valor de apoio superior a 220 milhões de euros, que será repetido no próximo ano, tudo indica dentro daquilo que vai ser o acerto final que agora nesta cimeira será estabelecido”, disse.

Esforço financeiro com retorno?

Montenegro defendeu que, se este é um esforço do país por razões securitárias, “é um esforço que tem o retorno da atividade económica que também pode ser gerada” e detalhou alguns dos setores que poderá beneficiar.

“Será centrado na tecnologia, em todo o conhecimento que já temos em vários materiais, em vários equipamentos. Nós temos, por exemplo, ao nível dos ‘drones’, dos veículos não tripulados, uma competitividade muito significativa, e temos depois outros materiais que são conexos, por exemplo, à nossa indústria têxtil, altamente competitiva para muitos dos equipamentos que as forças militares necessitam”, referiu.

Ajuda para ajudar

Em declarações à  Antena 1, Manuel Pôejo Torres, o especialista em ciência política e consultor na NATO, disse que Portugal não é suficientemente rico para priorizar o seu investimento na defesa.

“O grande problema é que quando o investimento vai para a Defesa, deixará de ir para outros setores críticos da nossa sociedade. E Portugal não é ainda um país economicamente sustentável, não é um país rico”, apontou.

Portugal precisa de apoios, especificamente da NATO, para melhorar o seu investimento na Defesa.

“Como Portugal não é um país rico e como são poucos os países ricos na nossa União Europeia e no nosso bloco europeu de aliados, é extraordinariamente complexo fazer um investimento na defesa sem que haja para isso um fundo“, explica o especialista.

Na visão de Manuel Pôejo Torres deve ser criado um grande fundo de investimento NATO para auxiliar os próprios aliados atlântico a investirem mais na defesa.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Esses 440 milhões não dava para investir nos portugueses? Tipo, alívio da carga fiscal, melhoria de infraestruturas (saúde, transportes públicos), apoios A QUEM REALMENTE PRECISA?
    Porque é que há sempre dinheiro para ajudar os outros países, mas nunca há dinheiro para ajudar os Portugueses? Sobretudo, numa guerra que nem é nossa, numa guerra que os senhores dos EUA andaram a cozinhar durante a última década.

  2. Escandaloso! Para nós nunca há dinheiro. Saiam dessa maldita guerra, que nada tem a ver connosco. A História ensina: Portugal sempre se deu mal quando se meteu nas guerras dos outros. Quanto à Ucrânia, nunca deveria ter-se tornado independente da Rússia. Foi uma grandessíssima estupidez, como se está a ver. Tivessem esperado mais uns tempos, até que houvesse uma democracia consolidada por aquelas bandas…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.