O diretor de política de Saúde do Grupo de Ativistas em Tratamentos alerta para a falta de dados sobre a situação das hepatites em Portugal, lembrando que não foram reportados dados nos últimos anos porque o sistema colapsou.
Portugal tem um problema com hepatites? Ninguém sabe, uma vez que não há dados sobre a doença.
“Portugal não reportou as metas para o VIH, e para as hepatites também não (…) porque o sistema, de alguma maneira, colapsou e ainda não foi substituído”, afirmou Luis Mendão.
O diretor de política de Saúde do Grupo de Ativistas em Tratamentos sublinha a importância de conhecer a real situação no país para aplicar as políticas certas.
Luís Mendão disse estar convencido de que o percurso na hepatite C é positivo, mas – sem dados – o país nem isso pode demonstrar.
Falta de rastreio “crónica”
Questionado pela Lusa, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho disse, que a nível internacional, há igualmente um problema relativamente às hepatites agudas (a primeira vez que a pessoa tem hepatite), em que “o número de casos que são notificados às autoridades de saúde é inferior ao que existe na realidade”.
“São doenças que, na maior parte dos casos, a pessoa não sabe que está a ter, portanto, não tem sintomas e algumas delas são casos crónicos, que já vêm de há muitos anos, como hepatite B, hepatite A. A pessoa pode fazer o diagnóstico passado 20 ou 30 anos, e isto não é bem um caso agudo”, justificou, para explicar a dificuldade da recolha de dados.
Luis Mendão, por seu turno, apontou a falta de um sistema de monitorização acordado com a Organização Mundial de Saúde e o Centro Europeu de Controlo de Doenças que permita que “todos os países da região Europeia usem os mesmos indicadores e os recolham” para determinar a situação atual e o que é preciso fazer.
“Não é nada de transcendente, mas o problema é que os sistemas de informação em saúde em Portugal têm atrasos, muitos deles são incompatíveis uns com os outros e, além disso, os médicos queixam-se que têm pouco tempo para fazer o paperwork de notificações”, explicou Luis Mendão, sublinhando a necessidade de encontrar um sistema que funcione.
A Organização Mundial da Saúde quer eliminar as hepatites até 2030, mas há, pelo menos, dois entraves: a falta de rastreio e o silêncio das doenças.
“Um dos problemas das hepatites virais é que, durante muitos anos, a doença é geralmente assintomática. Mas à medida que o tempo passa, podem ser 25 anos as vezes 30, a doença do fígado vai-se começar a agravar e as pessoas correm risco de vida“, explicou Luís Mendão, chamando a atenção para a necessidade de diagnosticar o mais cedo possível e tratar.
ZAP // Lusa
Mais uma heranca deixada pelo Costa e o seu PIB…, tal como o Centeno disse, “subidas do PIB sem investimento Publico, nao nos interessa…”