/

Portugal em seca severa, água racionada e cardeal reza pela chuva

14

Se não houver um “milagre de Novembro”, com a chuva a manter-se ao longo do mês, a situação de seca severa que se vive em Portugal pode atingir níveis deveras preocupantes. O Governo apela à poupança de água e o Cardeal Patriarca de Lisboa pede que se faça uma oração da chuva.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê que a chuva vai regressar ao território do Continente a partir de quarta-feira, com uma descida gradual das temperaturas.

Prevê-se “alguma precipitação fraca, que deverá aumentar de intensidade”, antecipa à agência Lusa a meteorologista Joana Sanches, notando que, “ao que tudo indica, a chuva vai manter-se até dia 4 de novembro“.

Todavia, perante a situação de seca severa que atinge 81% do território nacional, esta chuva ainda não compensará a falta de água existente, conforme destaca o presidente do IPMA, Miguel Miranda, na SIC Notícias.

Miguel Miranda reforça que “chover de mansinho, durante muito tempo, é o milagre de Novembro de que estamos a precisar”. Todavia, o responsável do IPMA alerta que “o sinal climático que existe, na previsão a médio prazo, é de uma anomalia negativa na precipitação”.

E é para garantir este “milagre” que o cardeal-patriarca de Lisboa apela a que se faça uma oração pela chuva, conforme comunicado do Patriarcado de Lisboa. “Com a oração insistente, mais coincidiremos com a vontade de Deus”, nota D. Manuel Clemente, apelando aos padres que orem pela “chuva necessária” nas missas.

Sinais preocupantes

No último boletim climatológico do IPMA, relativo a Setembro passado, notava-se que “cerca de 81% do território estava em seca severa” e “7,4% em seca extrema“, depois de um mês que foi o “mais seco dos últimos 87 anos”.

O presidente do IPMA destaca que estes sinais preocupantes vão manter-se no boletim relativo a Outubro, que será divulgado ainda nesta terça-feira.

“Mesmo nos anos em que houve uma seca, até, nalguns casos, mais intensa do que temos observado em 2017, Outubro foi o mês em que a seca foi recuperada. Não conheço nenhum caso em que a seca tenha agravado em Outubro. E nós estamos num caso em que a seca se agravou em Outubro“, alerta Miguel Miranda, reforçando, assim, a gravidade da situação.

O responsável do IPMA acrescenta que a chuva que caiu, neste mês que está no fim, “não representou nem metade do que é habitual chover em Outubro e, nalgumas zonas do país, nem 20%”. E por culpa disso, “muitas plantas já estão a perder mais água por desidratação do que aquela que conseguem retirar do solo”, o que é um sinal altamente preocupante para a agricultura.

Governo apela à poupança de água

Os portugueses têm que fazer “uso parcimonioso” da água e as autarquias devem limitar o uso da água em lavagens de ruas e regas a situações inadiáveis, avisa o Governo.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, em conferência de imprensa com o seu colega da Agricultura, Capoulas Santos, alertou “que ninguém se iluda” quanto à gravidade da seca que afecta o país.

“Não é por chover dois ou três dias que a situação se vai inverter”, salientou, indicando que vai arrancar, nos meios de comunicação social, uma campanha para promover o uso cuidadoso da água por toda a população.

Como bom exemplo, João Matos Fernandes aponta o caso do município de Nelas que encerrou as suas piscinas, como seguidor de “uma orientação que é para todo o país” e que está a ser “assumida pelas autarquias”.

“Quanto mais se agravar [a seca] mais essas medidas terão de ser assumidas”, admitiu o ministro do Ambiente.

A primeira prioridade na poupança de água é reservá-la para o consumo humano, indica Matos Fernandes, afirmando que, nos últimos lugares de prioridade, estão a rega de jardins, o enchimento de piscinas e o funcionamento de fontes ornamentais.

Quer Portugal quer Espanha estão a cumprir os valores mínimos de caudais exigidos a ambos os países na gestão de rios internacionais, como o Tejo.

Em vários municípios do distrito de Viseu, prossegue a campanha de abastecimento com camiões cisternas. Estão previstos 110 abastecimentos diários com 27 camiões para levar a água em falta às populações.

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, destacou a alimentação e a água para o gado como as principais prioridades no sector agrícola, nesta altura, e anunciou a abertura de uma linha de crédito para tesouraria dos agricultores, no valor de cinco milhões de euros.

“O uso sustentável da água tem que ser uma preocupação dos portugueses”, não só na situação de urgência que se vive hoje, mas também para o futuro, “num tempo mais lato”, sublinha também Capoulas Santos.

SV, ZAP // Lusa

14 Comments

  1. Há muito que se sabe que a península ibérica vai ser uma das zonas do planeta que irá ser mais afetada pela seca. Pelo menos assim tenho lido e ouvido cientistas o dizerem. Que a chave para o problema esteja em rezas é que me parece um conceito mais da idade média do que do século XXI.
    Que nas missas em vez de rezar pela chuva, os padres dêem um sermão para que as pessoas sejam mais conscientes do mundo em que vivem, que tratem a natureza com respeito, que poluam menos e reciclem mais, pois o planeta está a ficar doente devido à ação do homem e não por qualquer força demoníaca.
    Que os padres em vez de rezarem para que chuva venha, exijam, com a sua força ainda hoje presente junto dos governos, que estes ganhem juízo e aprovem e façam cumprir leis para defender o planeta, em vez de só estarem preocupados com a economia. Isso sim, era uma boa iniciativa, isso sim era de valor e todos nós e os nossos descendentes agradeceriam no futuro.

  2. Esse tal de iluminado cardeal patriarca de Lisboa, que não tem falta de água, vem pedir que se faça uma oração pela chuva que é necessária.
    Este, como tantos outros, ainda acreditam em milagres(?).
    Fez-me lembrar os antigos índios norte americanos que praticavam a dança da chuva.
    Mas, por mais danças ou orações que se façam, a chuva só vem quando ela quer.

      • Ele, tal como eu, não se está a “meter na vida dos outros”!
        Quem, para pedir chuva, quiser rezar, quiser assobiar, fazer o pino, etc, tem toda a liberdade para isso – assim como eu também tenho toda a liberdade de comentar/opinar, principalmente quando, estando em 2017, vejo um tontinho (o tal cardeal que vive “à grande e francesa”) pedir orações para chover!!
        Isto até daria para rir, não se desse o caso de haver alguém que talvez seja capaz de levar esta palermice mesmo a sério!…

  3. Acho perfeitamente natural que os crentes acreditem que as rezas tragam chuva. Que um cardeal mande rezar para chover também acho natural. Se as pessoas acreditam que o Deus as protege se rezarem e foram à missa, porque não mandar chuva quando é pedida. Se as pessoas vão a Fátima pedir muitas coisas e acreditam que os seus pedidos serão concretizados, também é natural que acreditem na chuva que vem com rezas. Por isso quando os padres apelam às procissões para que venha chuva, os crentes aderem. As várias procissões que se fazem por todo o lado são para quê? Para pedir ajuda e apoio nas várias necessidades dos Homens. Não vejo nada de anormal nem que isto tenha a ver com obscurantismo de há muitos séculos. Quanto aos não crentes já é outra coisa…!

  4. Independentemente de tudo aquilo que os cientistas apontam é fundamental que o homem “Todos os Países do planeta”, façam um pacto com a mãe natureza e, quanto mais tarde fizerem esse pacto, mais difícil se torna a recuperação.
    Esta é uma questão, outra é o facto de Portugal estar rodeado de água por todos os lados, menos por um, logo devia ser dos últimos a nível da Europa Ocidental,a ter falta de água.
    Ontem ouvi os Prós e Contras da Dr.ª Fátima Ferreira, e o que foi dito corresponde à triste verdade, os sucessivos Governos implementaram “em parceria com os ambientalistas” Leis e procedimentos, que impedem as populações de aproveitarem a água nas épocas das chuvas, para fazer face às alturas em que não chove.As aberrantes medidas, levaram a que se tivessem desperdiçado um bem precioso que é a água.
    Não foi dito no programa, mas eu lembro a construção da barragem de Foz Côa, que já estava em andamento o o então 1.º ministro, Eng.º António Guterres” mandou cancelar, para proteger uns riscos nas pedras, que poucos entendem e, por isso poucos visitam esta localidade, com a agravante de ter pago indemnizações principescas com o dinheiro do erário público, que provem dos impostos pagos pelos Portugueses.
    No que respeita à Barragem do Alqueva, porque razão não foi utilizada a quota máxima de enchimento? O gastos estavam feitos, e podíamos ter mais uns bons milhões de litros de água.
    Também podia falar de outros casos, ma por aqui me fico, apenas lembrar que os responsáveis pela tomada de todas estas medidas impeditivas de armazenamento de água, fossem os 1.ºs o sofrer as consequenciais da falta de água.
    Que apareça um político que dê um murro na mesa e determine “ICN rua, DGF, tudo que é boy, rua, e com os Técnicos de profissão proceda à reestruturação de toda a temática da água e do meio ambiente.
    Acrescente mais uma coisa que entendo como muito importante, e que se aplica a qualquer área produtiva, devemos premiar quem trabalha e produz quantidade e qualidade e nunca o que foi feito, e penso que ainda o é, dar subsídios para que os proprietários das terras não as cultivem as deixem ao abandono, isto passou-se nos tempos do Governo do Dr. Cavaco Silva.
    Somando todas as asneiras feitas aí temos os resultados “secas, incêndios, perda de patrimónios e vidas, enfim “pobreza”.

  5. Cuidado com as rezas… da última vez que os alentejanos foram a Fátima, fazer o pedido para chover…. a Nª Srª de Fátima, enganou-se e mandou chover no Brasil. Os desgraçados tiveram tão grandes inundações no sul do País como nunca visto….e muitas mortes!!! Não arrisquem…. Se fosse cá neste bocadinho de terra, a serra da estrela ficava inundada completamente…..

  6. Eu fui uma vez ver os riscos nas pedras e jurei nunca mais lá ir!!! Quanto à boysada e incompetentes que têm desgovernado este país nas últimas décadas, nem falar…

  7. O Milagre seria o Cardeal abrir a bolsa da sua opulenta Igreja e fazer donativos para reflorestação é que sem floresta não há rezas que nos valham.

  8. Isto não vai lá com sacrifícios humanos? Eu por mim sacrificava já todo o atual elenco desgovernativo.
    Era o dois em um. Resolvia a chuva os problemas do país.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.