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Francisco Ramos diz que Portugal pode vacinar 75 mil pessoas por dia (e atingir imunidade de grupo no verão)

André Kosters / Lusa

Francisco Ramos, coordenador da task force criada pelo Governo para gerir o plano de vacinação contra a covid-19, disse, em entrevista ao jornal Público, que Portugal deverá comprar mais do que as 22,8 milhões de doses já acordadas e deverá vacinar 75 mil pessoas por dia.

Numa entrevista ao jornal Público, divulgada esta segunda-feira, o coordenador da task force criada pelo Governo para gerir o plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal, o ex-secretário de Estado da Saúde Francisco Ramos, disse que “o plano estima uma capacidade máxima de vacinação de 150 mil inoculações por dia”, o que significa a vacinação de 75 mil pessoas por dia, uma vez que a toma é feita em duas doses.

No início de dezembro, Francisco Ramos explicou que Portugal teria capacidade para vacinar 50 mil pessoas por dia. Agora, o responsável do plano de vacinação explicou que se tratava da previsão “para uma velocidade cruzeiro”.

“Se tivermos nalgum mês três milhões de doses para administrar, precisamos de ser capazes de o fazer a um ritmo de 150 mil doses por dia”, admitiu.

Apesar de defender a “extrema prudência” – uma vez que a vacina “é apenas uma parte da solução, não é um milagre, não é o golpe de mágica que tudo vai resolver” – Francisco Ramos acredita ser possível atingir a imunidade de grupo no próximo verão, “porque o que os especialistas dizem é que a imunidade será conseguida com 60% a 70% da população”.

Francisco Ramos disse ainda que o “início da vacinação não deve implicar qualquer alteração nas exigências que teremos de manter pelo menos por seis meses”.

O responsável adiantou ainda que vai recomendar ao Governo o pedido de um parecer ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida sobre o consentimento esclarecido das pessoas com demência.

Questionado sobre se quem já esteve infetado vai receber a vacina, Francisco Ramos disse quepodem tomar “porque, nos ensaios clínicos, a vacina foi administrada a pessoas que já tinham contraído a doença e, portanto, continuou a ser segura“.

Sobre se esse comportamento é ou não um desperdício, uma vez que essas pessoas já terão desenvolvido anticorpos, Francisco Ramos explicou que “não há consenso nem uma decisão científica que talvez venha a haver quando a Agência Europeia do Medicamento produzir o seu parecer final no sentido de dizer que, apesar de já terem alguns anticorpos, vale a pena tomarem a vacina, porque isso reforça a proteção ou não”.

Em relação aos lares de terceira idade, Francisco Ramos rejeitou a ideia de haver “lares mais prioritários do que outros. “Queremos ir a todos os lares em janeiro e fevereiro. A expectativa é que, só em janeiro, se consiga atingir 75% das pessoas residentes em lares”, assegurou.

Sobre o facto de as pessoas serem convocadas para a vacinação através de mensagens de texto, o responsável assegurou que existem alternativas para quem não tem telemóvel.

“No caso das pessoas que não têm telemóvel, os serviços de saúde procurarão soluções alternativas. Numa grande cidade será provavelmente uma carta, numa pequena localidade um recado que alguém fará chegar à própria pessoa“.

ZAP //

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