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Os primeiros resultados dos Censos: Portugal perdeu população pela primeira vez desde 1970

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, esta quarta-feira, os primeiros resultados dos Censos 2021, cujas respostas por via digital ultrapassaram os 99%.

Portugal tem hoje 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021. Em termos censitários, a única década em que se verificou um decréscimo populacional foi entre 1960 e 1970, indicou o INE.

Os dados preliminares mostram que há em Portugal 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).

De acordo com o INE, cerca de 50% da população residente em Portugal concentra-se em 31 dos 308 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.

“Nos últimos 10 anos, dos 308 municípios portugueses, 257 registaram decréscimos populacionais e apenas 51 registaram um aumento. Na década anterior tinham assistido a quebras populacionais 198 municípios”, indicou.

Segundo os dados preliminares, o padrão de litoralização e o movimento de concentração da população junto da capital portuguesa foram acentuados e reforçados durante a última década.

Da análise por município conclui-se que “os territórios localizados no interior do país perdem população” e os municípios que assistiram a um crescimento populacional se situam predominantemente no litoral, “com uma clara concentração em torno da capital do país e na região do Algarve”.

Área Metropolitana de Lisboa ganhou 49 mil habitantes

A Área Metropolitana de Lisboa tem mais 49.257 habitantes do que há dez anos e apenas quatro dos 18 municípios da região perderam população (Amadora, Lisboa, Barreiro e Oeiras).

A população residente na AML) passou de 2.821.876 pessoas em 2011, ano dos censos anteriores, para 2.871.133 em 2021, um aumento de 1,7%, revelam os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A população cresceu em 14 dos 18 municípios que integram a AML nestes dez anos, com os maiores aumentos a registarem-se em Mafra (+12,8%), Palmela (+9,6%), Alcochete (+9%) e Montijo (+8,8%).

Seguem-se os municípios de Sesimbra (+6%), Seixal (+5,3%), Cascais (+3,7%) e Sintra, Odivelas e Setúbal, todos com um aumento de 2,1%. A população aumentou ainda em Almada (+1,9%), Loures (+1,1%), Vila Franca de Xira (+0,6%) e Moita (+0,4%).

Perderam habitantes entre 2011 e 2021, na AML, os municípios da Amadora (-2%), Lisboa (-1,4%), Barreiro (-0,5%) e Oeiras (-0,2%).

O concelho mais populoso da AML continua a ser Lisboa (544.851 pessoas), seguido por Sintra (385.954) e Cascais (214.134). Os municípios com menos habitantes são, como também já acontecia em 2011, Alcochete (19.148), Sesimbra (52.465) e Montijo (55.732).

A AML e o Algarve foram as únicas regiões NUTS II (Unidades Territoriais para Fins Estatísticos de nível II) que registaram um crescimento da população desde 2011.

Área Metropolitana do Porto perdeu 22.129 residentes

Por sua vez, a Área Metropolitana do Porto (AMP), composta por 17 municípios, perdeu 22.129 habitantes na última década, sobretudo em Vale de Cambra, Arouca e Santo Tirso.

Os 17 municípios têm 1.737.395 residentes, face aos 1.759.524 (menos 1,3%), registados em 2011, com 12 dos concelhos a perderem residentes.

Em Vale de Cambra residem 21.279 pessoas, quando em 2011 tinha 22.864 habitantes, sendo o município da AMP que, em proporção, mais população perdeu (-6,9%) na última década, seguido de Arouca que passou de 22.359 habitantes em 2011 para 21.154 (-5,4%) este ano, e de Santo Tirso que tem menos 5,2% de população: 67.785 residentes em 2021 face aos 71.530 em 2011.

Porto, Maia, Espinho, Gondomar, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Paredes, Santa Maria da Feira, Trofa são os outros nove municípios da AMP que observaram uma diminuição na população na última década, que varia entre os -0,3% registados na Maia e os -3,5% verificados em Oliveira de Azeméis.

O Porto perdeu 2,4% da população: passou de 237.591 residentes em 2011 para 231.962 em 2021, o que representa uma diminuição de 5629 habitantes.

Em sentido contrário, São João da Madeira (+2,1% de residentes), Vila do Conde (+1,7%), Póvoa do Varzim (+1,4%), Valongo (+1%) e Vila Nova de Gaia (+0,6%) são os cinco municípios da AMP que registaram aumento da população.

Resultados definitivos só devem ser conhecidos em 2022

A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 5 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.

Numa informação à comunicação social enviada no passado dia 22, o INE sublinhou que estes dados “têm ainda um caráter preliminar, na medida em que são baseados em contagens resultantes do processo de recolha e divulgados antes do final de todo o processo de tratamento e validação da informação recolhida”.

O instituto assinalou ainda que “a resposta expressiva pela Internet contribuiu decisivamente” para que a operação do XVI Recenseamento Geral da População e VI Recenseamento Geral da Habitação – Censos 2021 “decorresse com toda a qualidade, tranquilidade e segurança exigidas face ao contexto de saúde pública do país, ditado pela pandemia da covid-19”.

Sublinhando o “elevadíssimo nível de adesão por parte dos cidadãos”, o INE referiu que “99,3% das respostas da população” chegaram “através de canais digitais”.

Os resultados definitivos dos Censos 2021 só devem ser conhecidos no quarto trimestre de 2022, apontou ainda o instituto, adiantando que haverá uma sessão intermédia de apresentação de mais resultados provisórios em fevereiro.

ZAP // Lusa

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