Portugal está a pagar 4 vezes mais pela eletricidade do que Espanha devido ao apagão

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Com a suspensão temporária das importações de energia a Espanha, o preço da eletricidade em Portugal quadriplicou em comparação com os nossos vizinhos.

Uma semana após o maior apagão da Península Ibérica em décadas, as causas concretas do incidente que deixou Portugal e Espanha às escuras no dia 28 de abril continuam por esclarecer.

Desde então, Portugal mantém suspensas as importações de eletricidade de Espanha, uma medida que deverá prolongar-se, pelo menos, até esta terça-feira. Esta limitação está a gerar fortes impactos económicos, uma vez que os consumidores portugueses não conseguem beneficiar dos preços baixos praticados atualmente no mercado espanhol.

Segundo dados da plataforma Omie, esta segunda-feira, o preço médio da eletricidade em Espanha situar-se-á nos 10,89 euros por megawatt hora (MWh), enquanto em Portugal o valor médio ascende aos 43,94 euros por MWh — mais do quádruplo. A diferença de mais de 33 euros por MWh representa uma das maiores disparidades de sempre entre os dois países desde a criação do Mercado Ibérico de Eletricidade (Mibel) em 2007, aponta o Expresso.

A razão para esta disparidade prende-se com o chamado market splitting, fenómeno que ocorre quando as interligações entre os dois mercados atingem o seu limite e deixam de permitir trocas comerciais. A ausência de vento em Portugal na passada segunda-feira agrava a situação, reduzindo drasticamente a produção eólica e forçando maior dependência de fontes mais caras, como gás natural e hidroeletricidade.

A estimativa do sobrecusto para os consumidores portugueses apenas nesta segunda-feira é de 4,2 milhões de euros, considerando o diferencial de preço e o volume de eletricidade transacionado (128 GWh). Se o cenário se prolongar, uma família média poderá pagar até mais 6,6 euros por mês (antes de impostos), apenas em função do aumento dos preços grossistas.

Entretanto, tanto os governos de Portugal e Espanha como as autoridades europeias (ENTSOE e ACER) anunciaram investigações para apurar as causas exatas do apagão e avaliar a atuação das operadoras na recuperação do sistema. A expectativa é que, com a estabilização da rede, as interligações elétricas entre os dois países sejam retomadas nos próximos dias.

ZAP //

9 Comments

  1. Em Portugal tudo é caro. Carros, impostos, bilhas de gás e tudo mais. Menos o carne de porco. Já foi assim há 51 anos. Qual a novidade?
    Para saber o porquê disto?
    Corrupção e amigos

  2. Agradeçam às energias alternativas/renováveis/”limpas” que para além de serem extremamente poluentes e prejudiciais à Natureza, Meio-Ambiente, e dependentes dos combustíveis fósseis, são como ficou demonstrado ineficazes.
    Agora a questão importante, quando é que os responsáveis por isto serão levados a Tribunal e condenados a pena de prisão efectiva?
    Recomenda-se esta importante entrevista do Sr.º Eng.º Luís Mira Amaral, formado em Engenharia Electrotécnica durante o Estado Novo, sobre a falha de energia ocorrida a 28 de Abril de 2025: «…Eu lembro-me que nos meus tempos de Engenheiro Electrotécnico da EDP havia um conjunto de colegas meus, técnicos muito competentes nesta matéria, eu acho que eles se reformaram e receio bem que hoje em dia não haja a competência técnica que é necessária para tratar desse assunto muito seriamente, isto deve ser um aviso para todos nós…» (https://expresso.pt/sociedade/apagao/2025-04-29-apagao-uma-vergonha-so-me-admiro-que-so-tenha-acontecido-agora.-temos-tido-gente-que-vai-para-o-governo-sem-competencia-diz-ex-ministro-4016a2cd#Echobox=1745914999).

  3. Acabem com os leilões de eletricidade, são só um esquema para cobrar todas as fontes de energia pelo preço da mais cara. Nem que fosse 99% da energia verde gratuita em Portugal íamos pagar como se fosse gás natural ou mais. É uma aldrabice, como tudo o que são grandes negócios neste país. Energia cara é um peso que dá cabo de toda a economia, famílias e empresas, só beneficia os chineses que compraram tudo por aqui.

  4. Então os investidores só assumem os lucros, arrecadando milhões e milhões de dividendos!? Quando há prejuízos sobram para o lado do consumidor!! Quem investe sujeita-se a ganhar e a perder, ou não?? Investimentos não fazem já que, segundo se diz, só temos duas barragens a beneficiarem do sistema black start que, se houvesse mais teria permitido uma mais rápida reposição da energia. Pelo que tudo indica terão que ser os consumidores a resolver este problema também! Que óptimo negócio fez o governo de Passos Coelho quando privatizou a EDP, a REN, os CTT e a ANA!

    • não escreva disparates, o processo de privatização da EDP demorou quase 2 décadas a ser concluído, quanto à REN, Directiva Comunitária 96/92/CE, que estabeleceu o Mercado Interno da Electricidade e a liberalização do sector. A UE não gosta que os estados detenham empresas… porque será? A UE podia ao menos legislar para empresas estratégicas não fossem adquiridas por estrangeiros… o dinheiro deve fluir para algum lado, veja-se a UE não condena Israel… mas condena a Rússia pelo mesmo…

  5. De facto, Mira Amaral queixou-se de que os responsáveis não ouviam a opinião dos mais velhos, as pessoas mais experientes e que, por isso, mais sabem da matéria. É confrangedora a arrogância, a falta de humildade e a falta de confiança na opinião dos mais abalizados por uma geração de yuppies que se consideram sumidades! É por isso que os problemas levam tanto tempo a resolver-se.

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