Pedro Pichardo foi o protagonista do quinto título em Jogos Olímpicos, para Portugal. Nenhum deles foi alcançado em solo europeu.
É uma coincidência geográfica mas é ao mesmo tempo uma estatística interessante: todas as edições dos Jogos Olímpicos, nas quais Portugal conseguiu uma medalha de ouro, não foram realizadas na Europa.
Milhares de portugueses ficaram acordados no início da madrugada de 13 de agosto de 1984. Já se esperava um bom resultado português na maratona. Cidálio Caetano e Delfim Moreira também começaram (não acabaram) mas o centro das atenções era Carlos Lopes, que venceu a medalha de ouro. A primeira para Portugal nos Jogos Olímpicos. 2:09:21 horas, recorde olímpico; à frente do irlandês John Treacy e do britânico Charlie Spedding – numa época em que a maratona não era claramente dominada por africanos.
Não foi preciso esperar muitos anos para nova medalha de ouro. Novamente início de madrugada, a 23 de setembro de 1988, Rosa Mota venceu com o tempo de 2:25:40 horas. Lisa Martin, da Austrália, e Katrin Dörre, da República Democrática da Alemanha, completaram o pódio.
Madrugada de 2 de agosto de 1996: nos 10 mil metros a vencedora foi Fernanda Ribeiro, com o recorde olímpico de 31:01.63 minutos. A chinesa Wang Junxia e a etíope Gete Wami chegaram depois.
21 de agosto de 2008, desta vez à hora de almoço em Portugal: Nélson Évora foi o melhor na final do triplo salto. Chegou aos 17.67 metros, melhor do que o britânico Phillips Idowu e do que Leevan Sands, das Bahamas.
Madrugada de 5 de agosto de 2021, novamente no triplo salto: Pedro Pichardo campeão olímpico. Recorde nacional de 17.98 metros, superando os outros dois medalhados – Yaming Zhu, da China, e Fabrice Zango, do Burquina Faso.
Este artigo foi destacando a palavra “madrugada” para lembrar que, para vermos um campeão olímpico português, é quase sempre preciso estar acordado a horas invulgares. Porque nenhuma das edições dos Jogos Olímpicos referidas acima foi disputada na Europa.
Por ordem cronológica: Estados Unidos da América, Coreia do Sul, Estados Unidos novamente, China e Japão. Três medalhas de ouro na Ásia, duas na América. Aparentemente, o fuso horário bem distante beneficia a prestação portuguesa nos Jogos Olímpicos.
Na Europa não resulta. Pelo menos para chegar ao ouro. E não foi por escassez de oportunidades: em 32 edições de Jogos Olímpicos de Verão, metade (16) foi realizada num país europeu.
Paris 2024 pode marcar a quebra neste registo curioso. E esperemos que marque.