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Mensagem de Natal: Portugal está melhor, mas tem ainda grandes desafios pela frente

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António Cotrim / Lusa

Na tradicional mensagem de Natal do primeiro-ministro, António Costa afirmou que Portugal virou a página dos anos mais difíceis e está agora melhor, mas tem ainda muito trabalho pela frente, tendo de vencer “grandes desafios” como a demografia e a valorização do território.

Na sua habitual mensagem de Natal, António Costa colocou “duas questões essenciais”: por um lado, como conseguirá o país dar “continuidade” a um percurso de “melhoria sem riscos de retrocesso”; e, por outro, como se conseguirá garantir que “cada vez mais pessoas beneficiem na sua vida das melhorias” que entende terem sido alcançadas.

“Os desafios são grandes, aliciantes e mobilizadores. Portugal está melhor porque os portugueses vivem melhor, mas temos muito trabalho pela frente. Não desvalorizo o muito que em conjunto já conseguimos, nem ignoro o que temos e podemos continuar a fazer para termos um país mais justo, com mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade”, frisou o primeiro-ministro.

Na sua mensagem de Natal, António Costa procurou salientar a ideia de que não se ilude pessoalmente nem os portugueses se podem iludir com os números.

“Temos mais 341 mil empregos criados, mas há ainda muitas pessoas a procurar emprego; os rendimentos têm melhorado, mas persistem níveis elevados de pobreza; já conseguimos assegurar médico de família a 93% dos cidadãos, mas há ainda 680 mil portugueses que aguardam pelo seu médico de família. Ou seja, estamos melhor, mas ainda temos muito para continuar a melhorar”, sublinhou Costa.

Para o primeiro-ministro, em relação ao futuro, “a primeira condição é dar continuidade às boas políticas que têm permitido ao país alcançar bons resultados”.

Temos de continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho, aumentar o investimento na educação, na formação ao longo da vida, na criação cultural e científica, na inovação. Temos de continuar a criar condições para termos empresas mais sólidas que investem na sua modernização tecnológica, exportam cada vez mais e para mais mercados, criando mais postos de trabalho, mais estáveis e melhor remunerados.”

Também segundo o líder do executivo, Portugal tem de “continuar a investir na qualidade dos serviços públicos, como o SNS ou os transportes, na modernização das infraestruturas, na melhoria da vida dos pensionistas e das condições de trabalho na administração pública, aumentar a justiça fiscal e as prestações sociais”.

Mas, salientou António Costa, estes objetivos têm de ser alcançados “sem deixar de se eliminar o défice e de continuar a reduzir a dívida – condições da credibilidade internacional reconquistada e que é fundamental para reduzir os juros que Estado, empresas e famílias pagam”.

“Há, pois, que prosseguir com ambição e determinação esta política de responsabilidade e equilíbrio para continuar a melhorar a vida de todos em Portugal. Mas temos de querer fazer mais e melhor”, completou.

Além disso, o primeiro-ministro identificou “dois grandes desafios” que o país tem de vencer, sendo o primeiro “o pleno aproveitamento do território, valorizando os recursos desaproveitados”, designadamente “o imenso mar que os Açores e a Madeira prolongam até meio do Atlântico, ou, no interior do continente, onde se impõe “aproveitar o seu potencial e a proximidade a um grande mercado ibérico de 60 milhões de consumidores”.

“O segundo grande desafio é o demográfico, que não podemos resolver só com a imigração. É absolutamente essencial que os jovens sintam que têm em Portugal a oportunidade de se realizarem plenamente do ponto de vista pessoal e profissional, e assegurar uma nova dinâmica à natalidade”, alertou.

Na perspetiva de António Costa, “a nova geração de políticas de habitação, as novas políticas de família com aumento do abono para as crianças, o alargamento da rede de creches, a universalização do pré-escolar ou a diminuição do custo dos transportes públicos procuram criar melhores condições para a autonomização dos jovens”.

“Mas acima de tudo é essencial uma clara melhoria das suas perspetivas de realização profissional. Menos precariedade, salário justo, expectativa de carreira, possibilidade de conciliação com a vida pessoal e familiar. O país não se pode dar ao luxo de perder a sua geração mais qualificada de sempre e, por isso, não desistimos de criar as melhores condições de incentivar o regresso de quem no passado partiu”, apontou logo a seguir.

O primeiro-ministro deixou ainda uma mensagem dirigida às empresas, avisando que “têm de compreender que na economia global, se querem ser competitivas a exportar, têm de ser competitivas a recrutar e a valorizar a carreira dos seus quadros”.

O líder do executivo deixou votos de feliz Natal e bom ano novo “não apenas aos que vivem no país, mas também às comunidades portuguesas residentes no estrangeiro”.

“Também quero, neste dia de Natal, enviar uma palavra de reconhecimento aos militares das Forças Armadas e aos elementos das forças de segurança que estão longe das suas famílias. E ainda uma atenção especial para aqueles que, esta noite, estão a trabalhar em empresas ou serviços públicos de laboração contínua, como os hospitais”, acrescentou.

Mensagem “serena, realista e inconformada”

Para o PS, a mensagem de Natal do primeiro-ministro foi “serena, realista e inconformada”, defendendo que “ainda é preciso caminhar” apesar do “muito já foi feito” para melhorar a qualidade de vida dos portugueses.

“A mensagem do primeiro-ministro foi uma mensagem serena, realista e inconformada”, sintetizou, em declarações à Lusa, o deputado do PS Hugo Pires. Segundo o socialista, é uma mensagem na qual “o PS se revê na íntegra, com muita humildade“, uma vez “que não está tudo feito, ainda é preciso caminhar muito, mas que muito já foi feito”.

“Com muita humildade é preciso continuar a dar passos certos e seguros no caminho de uma melhor qualidade de vida dos portugueses”, sublinhou.

Para o PCP, há uma “contradição inequívoca”

Num comentário à Lusa o dirigente comunista Jorge Pires disse que o PCP registou no discurso a questão do respeito pelos direitos, a melhoria das condições de vida e dos rendimentos, um caminho “associado ao papel e influência do PCP” e que desmente os que defendiam que poria em causa o crescimento económico e aumentaria o desemprego.

No entanto, nas palavras de Jorge Pires, há uma contradição entre o que o primeiro-ministro diz e pensa ser o caminho a continuar no próximo ano e o que o Governo faz, “que vai no sentido oposto do que ele acha que deve ser o caminho para melhorar as condições de vida, aumentar o crescimento económico” ou repor direitos e rendimentos.

Tal é visível, disse, em relação aos direitos dos trabalhadores, com o Governo a associar-se “ao grande patronato e fazer aprovar legislação laboral que vai exatamente ao contrário daquilo que é a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores”.

Pela sua parte, o PCP, garantiu o dirigente comunista, vai continuar a intervir para responder aos problemas do país e vai “aproveitar todas as oportunidades para continuar a recuperar rendimentos e direitos”.

“Não é bom repetir em 2018 uma frase da direita de 2014”

O Bloco de Esquerda entende “que se devem retirar consequências de uma análise correta de dizer que há muitas coisas que precisam de ser melhoradas”. “Nós estamos de acordo em relação a essas questões que têm que ser melhoradas, mas as consequências têm que vir daí”, defendeu a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias.

Marisa Matias destacou que o primeiro-ministro “falou de risco de retrocesso” e deixou um aviso: “Não é bom repetir em 2018 uma frase da direita de 2014”.

“O risco de retrocesso que nós enfrentamos é o não crescimento e descorar as políticas públicas. Isso é o verdadeiro risco de retrocesso e por isso, nesse sentido, creio que não podemos, de maneira nenhuma, voltar a soluções que se provaram erradas e que justificaram na altura os cortes permanentes”, alertou.

Sobre os “enormes problemas” que Portugal ainda tem pela frente, apontados pelo primeiro-ministro, a eurodeputada do BE lembrou que o partido tem “falado várias vezes em relação” aos mesmos, lamentando que António Costa não retire consequências “na sua totalidade”.

Por outro lado, segundo Marisa Matias, há “também a questão da obsessão com as metas do défice de Bruxelas”.

“Eu creio que é positivo ter o défice baixo, toda a gente se preocupa com a consolidação das contas públicas, mas a verdade é que esta obsessão para ir para além das metas que são estabelecidas é aquela que nos deixa com um défice muito mais preocupante e que nos retira muito mais ao desenvolvimento da nossa sociedade que é o défice social”, apontou.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. vergonhoso! Conversa eleitoralista!
    poderia ter resumido o discurso e ter dito que iriam continuar a governar-se e os governados que se aguentem!
    viva um ordenado mínimo para os amigos de 635 e ordenado mínimo para os outros todos de 600! Viva Pedrogão grande que não tem solução! viva Beja! viva tancos! entre muitos outros

  2. Onde é que eu já ouvi isto? Parece-me que foi para aí em 2010 ou 2011 à Merkel e ainda o 44 era 1º. ministro. Este que está agora no poleiro era ministro da (in)Justiça e já tinha sido da AI. Tem tido bons mestres da aldrabice!

  3. Nos ultimos 3 anos a unica coisa nova foram taxas. Reduzimos o défice à conta do turismo e do crescimento da Europa, mais 4 anos de socialismo sem essas condições excepcionais e voltamos ao tempo do Sócrates

  4. Pelos comentários poucos mas indecentes são, seguramente, os privilegiados pela “ditadura” da coligação de interesses que, “roubou” a maioria dos portugueses, nos seus recursos, direitos entre 2011/15 para proteger os exploradores/corruptos/parasitas, os verdadeiros culpados da “banca rota” por isso, 2019 vai haver a resposta adquada porque as pessoas sacrificafas têm memória.

  5. Blá, blá, blá…vira o disco e toca o mesmo. Discurso que é uma pura aldrabice face à realidade que temos. Há sujeitos que têm um jeito mágico para iludir o zé povo. Cuidado com estes profetas.

  6. Aconselhava ao sr. Pinóquio, julgo que se segundo que já tivemos em Portugal, que afinal o Presidente dos selfies, dos beijos e abraços, afirmou que 1/5 dos Portugueses vivem no limiar de pobreza.
    Portugal está melhor? caro sr. primeiro qualquer coisa, vá dar banholas aos doges lá para os lados de S. Bento…

  7. Sr. 1.º Ministro, com o respeito que lhe devo enquanto nessa posição pergunto, porque não acaba com a s mordomias de V.Ex-as? Porque não cobra o dinheiro feito desaparecer pelos trafulhas mafiosos deste País? Porque não se lembra que ser político não é profissão? Vamos meter essa seita de pessoas que coçam para dentro como o macaco e usam o nome de “deputados” como fossem donos do dinheiro dos contribuintes e do País. Como estamos em época natalícia, fico-me por aqui.

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