REN cautelosa na retoma das importações de eletricidade: só fora das horas de sol é que se compra aos espanhóis na semana de 12 a 19 de maio. Ministra da Energia pressiona França para apostar nas interconexões.
A REN – Redes Energéticas Nacionais decidiu aumentar o limite das importações de eletricidade de Espanha a partir desta segunda-feira, mas só fora das horas de sol, após o bloqueio total que se deu no apagão de 28 de abril.
De acordo com a mais recente decisão da REN, que após o apagão de 28 de abril optou por cortar as compras de energia a partir do país vizinho, a capacidade de interligação entre Portugal e Espanha, no sentido importador, vai continuar a estar limitada a 1.000 MW entre as 09:00 e as 19:00.
Porém, este limite é alargado até aos “2.200 MW nas restantes horas, durante o período de 12 a 19 de maio”, lê-se na nota publicada pela gestora da rede elétrica no seu site.
Esta medida faz parte do processo de estabilização em curso do mercado ibérico de eletricidade (Mibel), após o corte generalizado no abastecimento elétrico em 28 de abril que deixou Portugal e Espanha praticamente sem eletricidade, bem como uma parte do território de França.
Só a 8 de maio é que a REN reabriu o fluxo importador, com limite de 1000 MW.
Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.
A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês) anunciou a criação de um comité para investigar as causas deste apagão, que classificou como “excecional e grave”, e que deixou Portugal e Espanha às escuras.
Este painel de peritos terá de elaborar um relatório factual que constituirá a base do relatório final até o prazo máximo de 28 de outubro deste ano. Já o relatório final sobre a investigação do incidente deverá ser publicado, o mais tardar, até 30 de setembro de 2026.
A ministra da Energia defendeu a necessidade de pressionar França a apostar no aumento de interligações, em entrevista ao El País. Mas acredita que “França não está muito interessada, porque tem muita energia nuclear”.
“Estamos a enfrentar barreiras ao mercado interno, que é o pilar da construção europeia, e a França, ao não apoiar a velocidade com que pretendíamos construir estas interligações, está a colocar barreiras ao mercado interno”, admitiu Maria da Graça Carvalho ao diário espanhol.
ZAP // Lusa
Apagão na Europa
-
12 Maio, 2025 Portugal já pode importar mais energia de Espanha (entre as 19h e as 09h)